O Nascimento de uma linguística do texto
( Conteúdo 2)
Da frase ao texto.
As três fases da construção da linguística textual.
É importante lembrar que o conceito de “Linguística” como a
ciência da linguagem.
O início da linguística estrutural vem do final do Sec. XX
com base nas ideias do letrista suíço Ferdinand Saussire.
Mas partir da década de 60, surgem os novos campos teóricos
da linguística, na maioria deles em franca ruptura com algumas das ideias do
estruturalismo linguístico, por exemplo:
→A sociolinguística;
→A neurolinguística;
→A pragmática;
→A análise do discurso;
→E especialmente a Linguística Textual, entre outros
campos.
Em função de seu crescente avanço, desenvolvimento e
sucesso, a Linguística Estrutural acabou chamando a atenção de outros olhares
teóricos também relacionados à linguagem para além do formalismo estruturalista.
E surge a necessidade de ampliar seus domínios e sanar as
lacunas e dessa ciência, afinal uma ciência nunca está fechada, pronta e
acabada!
O objetivo para a Linguística Textual era o de tentar
resolver:
→A dicotomia Língua x Fala (e desconsideração da Fala);
→A desconsideração dos aspectos Extralinguísticos;
→A autonomia do objeto de estudo (Língua);
→A desconsideração do Sujeito (desconsideração da Fala,
portanto, do Falante):
→A unidade de análise centralizada na Frase:
→A separação do Enunciado de sua Enunciação:
→O pouco caso relegado ao estudo da Significação e do
Sentido
Não houve precisamente uma sucessão cronológica na
transposição de uma fase à outra. O que caracterizou a mudança de uma fase para
a outra foi o aprofundamento gradual dos estudos, marcando cada vez mais
fortemente o seu afastamento em relação à Linguística Estrutural. Cada nova
fase busca superar os limites e insuficiências da fase anterior, estas três
fases da Linguística Textual costumam ser conhecidas como:
1)Fase Transfrástica.
O texto é concebido
como:
É uma sequência pronominal ininterrupta – ênfase no fenômeno
de correferenciação;
É uma sequência coerente de enunciados – encadeamento lógico,
através da conectividade;
É uma forma de organização do material linguístico –
sequenciamento lógico com início, meio e fim;
É uma unidade linguística superior à frase – unidade de
análise mais complexa e completa.
2)Gramáticas Textuais.
Considera a separação
entre Texto X Não-Texto. O texto é concebido como:
É um complexo de proposições sintático-semânticas -
apresenta um conjunto de conteúdos que se organizam na superfície textual em
função da coerência e da coesão;
É uma estrutura pronta e acabada – equivalente a um modelo
formal e ideal definido à priori;
É produto de uma competência linguística idealizada do ponto
de vista de um falante ideal e de um modelo de texto ideal - ênfase no aspecto
formal do texto em sua extensão e seus constituintes;
É a maior unidade linguística com sequenciamento de signos
linguísticos coeso (microestrutura), coerente (macroestrutura) e consistente.
É importante constar que todo falante possui três
capacidades básicas com relação ao texto, que são elas:
1º Formativa: Compreender e reproduzir textos;
2º Transformativa: Reformular, parafrasear e resumir textos;
3º Qualitativa: Reconhecer e tipificar os textos apresentados.
3)Fase da Teoria do Texto.
Desconsidera a separação Texto X Não-Texto. O texto não pode
ser entendido como um produto, uma estrutura pronta e acabada e passa a ser
concebido como:
→É uma atividade verbal, consciente e interacional entre
falante/ouvinte – leitor/leitor;
→É um conjunto de operações linguísticas e cognitivas
reguladoras e controladoras da produção, construção, funcionamento e recepção,
seja de natureza escrita ou oral;
→É um processo com atividades globais de comunicação –
planejamento, verbalização e construção. Sua organização envolve a coesão ao
nível dos constituintes linguísticos, a coerência ao nível semântico e
cognitivo e o sistema de pressuposições e implicações ao nível pragmático da
produção, no plano das ações e intenções dos falantes;
→É um ato de comunicação unificado num complexo universo de
ações humanas, preservando a organização linear que é o tratamento estritamente
linguístico (coesão) e, considerando a organização reticulada ou tentacular,
não linear (coerência – sentidos e intenções), no aspecto semântico e nas
funções pragmáticas.
EXERCÍCIO MODELO:
1. Apesar de ser óbvio entender o texto como unidade de
análise linguística e por mais que se faça evidente a necessidade de estudá-lo
em sua estrutura e construção, desvendando o seu processamento, organização,
modalidades e gêneros, isso nem sempre foi um consenso e tais ideias nem sempre
foram aceitas pela Linguística. A Linguística Textual nasce de um intenso e
extenso esforço teórico que defende que toda a Linguística é necessariamente
Linguística de Texto. Tal visão confronta-se fortemente ao campo teórico
a) da Gramática Gerativo-Transformacional, de Chomsky;
b) da Análise Semiótica do Discurso, de Greimas;
c) Pragmatismo Americano, de W. James;
d) da Linguística Estrutural, de Saussure;
e) da Sociolinguística Variacionista, de Labov.
Resposta: D
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