quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Sintaxe

A visão da gramática tradicional

Do grego syntaxis (ordem, disposição) o termo sintaxe tradicionalmente remete à parte da gramática dedicada à descrição do modo como as palavras são combinadas para compor senteças, sendo essas descrição organizada sob a forma de regras.
Algumas dessas regras são bem conhecidas. Por exemplo, para um grupo de sentenças como as de (1) a (3):

(1) Diadorim entregou o facão para Riobaldo.
(2) O miguilim eu vi ontem.
(3) Na festa vieram o Manuelzão e o Augusto Matraga.

A gramática tradicional dirá que (1) exemplifica a ordem direta, natural e predominante dos elementos da frase em português e nas outras línguas românticas – sujeito – verbo –  complementos. Quanto a (2) e (3), constituem, nessa pespectiva, casos de ordem inversa, recurso de estilo que visa especialmente enfatizar um ou outro constituinte.

É  preciso ressaltar ainda que nossas grmáticas se mostram, por vezes, distantes da realidade linguística, porque seu objetivo não é, em geral, descrever a língua em toda a sua complexidade. Elas pretendem apresentar as regras que caracterizam uma das modalidades da língua – a norma culta, ou seja, aquela variedade utilizada em contextos de maior formalidade, que é principalmente escrita e que, na visão tradicional, corresponde à manifestação mais “correta” da língua.

A história da disciplica

É preciso, antes de mais nada, dizer que o desejo de estabelecer a Sintaxe como disciplina linguística independente data apenas no final do século XIX.
A Sintaxe se distingue claramente tanto da Fonologia quanto da Morfologia pela unidade linguística que constitui o seu foco de análise – a senteça. Se o objeto de estudo é, em princípio, o mesmo, nem sempre encontramos consenso entre seus estudiosos sobre a natureza dos processos que ali se desenrolam e a maneira mais adequada de explicá-los.
Apesar das inúmeras diferenças de abordagem, é possível cindir as propostas de análise segundo duas grandes tendências, que constituem as duas vias principais elasquais se têm desenvolvido os estudos linguísticos de um modo geral nesse século. São elas os Formalismo e o Funcionalismo.
No momento em que Saussure propõe a clássica distinção entre langue e parole, ou seja, em que define a existência de um sistema de converções, regras e princípios independente do uso linguístico, instaura a possibilidade de se estudar a linguagem ou de um ponto de vista estritamente formal ou do ponto de vista de suas funções.


A visão funcionalista


A abordagem funcionalista vê a linguagem como um sistema não-autônomo, que nasce da necessidade de comunicação entre os membros de uma comunidade, que está sujeito às limitações impostas pela capacidade humana de adquirir e processar o conhecimento e que está continuamente se modificando para cumprir novas necessidades comunicativas.
Por isso, a análise de um fato linguístico deve levar em  conta tanto o falante quanto o ouvinte e, para além do ato verbal, as necessidades da comunidade linguísticas.
Pensar a Sintaxe segundo uma perspectiva funcionalista implica, então, alargar a análise para além dos limites da sentença.
As soluções funcionalistas para a variação estão não apenas no interior do sistema linguístico, como também fora dele, no ambiente social em que a  língua funciona como veículo de comunicação.

A análise da ordem sob a perspectiva funcionalista

No que diz respeito à ordem dos constituintes na sentença, a postura funcionalista assume a existência de alternativas de ordenação, sem, no entanto, atribuir-lhes nenhum tipo de hierarquia. Concebe-se que os elementos constitutivos da sentença podem ser ordenados segundo diversos padrões, gramaticamente equivalentes. Não há uma ordem primeira, básica, da qual todas as demais derivam, mas sim a coexistência de várias construções.
A existência e a manutenção dessa variação se explicam pelo fato de que vários padrões de ordenação  cumpreem funções comunicativas diferentes. Esse papel discursivo não é entendido como valor estilístico, mas sim como característica essencial de cada padrão. Portanto, também constitui objeto de estudo da Gramática.

Exercícios de compreensão


1. No Dicionário de Linguística, organizado por Jean Dubois, aparece a seguinte definição: “No sentido mais corrente, língua é um instrumento de comunicação, um sistema de signos vocais específicos aos membros de uma mesma comunidade. […] A língua é um produto social, é um contrato coletivo, ao qual todos os membros da comunidade devem submeter-se em bloco, se quiserem se comunicar.”. Em que aspectos a proposta de Calvin rompe com a definição acima?

Resposta: Na proposta de Calvin, a língua deixa de ser um instrumento de comunicação; se os novos significados não forem fruto de uma convenção, de um contrato coletivo, a língua perde o seu caráter de produto social. Se você usará em sala de aula, professor, comente que o significado das palavras está associado a uma convenção ou acordo que permite que determinado grupo o reconheça, possibilitando assim a comunicação. Cada grupo pode criar outra convenção, dando assim diferentes significados para uma mesma palavra. Além disso, ressalte o caráter coletivo da convenção. Por último, exemplifique com significados próprios da linguagem típica de determinados grupos (surfistas, futebolistas, economistas, médicos, adolescentes), também chamada de jargão, e com palavras empregadas no Brasil e em Portugal com diferentes significados.

2. Imaginemos que a ideia de Calvin dê certo e tenhamos duas gerações divididas pelo mesmo idioma. Após algumas décadas, o que aconteceria com o idioma falado pela geração mais velha?

Resposta: Esse idioma desapareceria como prática social, ou seja, ninguém mais faria uso dessa língua em suas relações sociais cotidianas (ela permaneceria apenas como registro, enquadrando-se no que se convencionou chamar de “língua morta”, assim como o latim).

3. Que tipos de linguagem são empregados na carta enigmática?

Resposta: Linguagem verbal (-z; +cio; -ura; +a; etc.) e linguagem não verbal (os desenhos).

4. Que tipos de signos são empregados na carta para a representação das ideias?


Resposta: Símbolos (signos linguísticos) e ícones (desenhos).

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Funções de Linguagem

Jakobson
- o poeta dos linguistas e o linguista dos poetas.
As funções da linguagem são recursos usados para que haja uma comunicação eficiente. Os primeiros estudos dessas funções foram propostos por Roman Jakobson em sua obra Linguística e Comunicação, em 1970.
As funções da linguagem são resumidas em seis tipos:
Função apelativa (ou conativa)
É centralizada no receptor (destinatário). O emissor quer convencer o receptor, influenciar o seu comportamento, com a intenção de convencê-lo ou dar-lhe ordens. É comum o uso dos pronomes tu, você ou o nome da pessoa. Também usa-se vocativos e imperativos. Função comum em discursos, sermões, propagandas políticas e religiosas, figuras de linguagem. Exemplos:
«Você viu como ficou a roupa da Júlia?»
«Lúcia, corre e veja isso!»
«Você deveria ler o artigo que a Folha trouxe sobre os senadores.»
Função emotiva (ou expressiva)
É centralizada no emissor: expressa suas emoções, seus sentimentos, sua opinião. Comum haver interjeições, exclamações, reticências e uso da 1ª pessoa do singular. Uso dos pronomes pessoais. Função comum em autobiografias, cartas de amor, memórias, poesias líricas, etc. Exemplos:
«Júlia, eu te amo muito - não faça isso!»
«Muito obrigada, não esperava surpresa tão boa assim!»
«Não,... não estou triste, mas também não quero comentar o assunto.»
Função referencial ou denotativa
É centrada no referente. O texto oferece informações sobre a realidade. Usa uma linguagem denotativa, direta, objetiva, prevalecendo 3ª pessoa do singular. Aborda fatos concretos. Linguagem comum dos jornais e livros científicos. Por exemplo:
«As sementes da acácia ficam dentro de uma vagem, que deve ser colhida quando estiver com aspecto de palha seca.(...)»
Função fática
Função centrada no canal. Objetiva-se prolongar ou interromper o contato com o receptor, isto é, manter ou não a comunicação. O que se pretende privilegiar não é a comunicação, mas sim, o contato em manter o ouvinte ou o leitor, maior aproximação entre remetente e destinatário. Comum em interjeições, linguagem das falas telefônicas, saudações, propagandas, etc. Ou então, elevar o polegar para dizer que 'tudo continua bem'; a foto do primeiro contato entre celebridades, geralmente flagradas no aperto de mãos, marcando o início da comunicação entre eles. Exemplo clássico:
«- Olá, como vai, tudo bem?
- Alô, quem está falando?»
Função poética
É centrada na mensagem. Preocupa-se com o plano de expressão da mensagem, com sua construção. Uso da linguagem figurada, poética, afetiva, sugestiva, denotativa e metafórica, com fuga das formas comuns. Procura atrair pela estética, pela beleza. Valoriza-se a combinação das palavras. Obras literárias, letras de música, propaganda etc.
«“Lá em cima daquela serra,
passa boi, passa boiada,
passa gente ruim e boa,
passa a minha namorada. ”
Guimarães Rosa
Função metalinguística
  • É centrada no código. Uso da linguagem para explicar a linguagem, ou seja, usa o código para explicar o próprio código. Poesia para explicar a poesia. Um texto que comenta outro texto. Comum nos dicionários, propaganda de propaganda, sinais de trânsito etc. Exemplos:
  • «Não entendi o que é metalinguagem, você poderia explicar novamente, por favor?
    - Metalinguagem é usar os recursos da língua para explicar alguma teoria, um conceito, um filme, um relato etc.»
  • Outro exemplo:
  • «EXOFTALMIA (z ou cs) s.f. Saída do globo ocular para fora da órbita»
Recapitulando:
Os elementos da comunicação

  • emissor - emite, codifica a mensagem.
  • receptor - quem recebe, quem decodifica a mensagem.
  • canal - meio pelo qual circula a mensagem: jornal, livro, revista, folheto, prova.
  • mensagem - conteúdo da comunicação.
  • código - conjunto de signos usados na transmissão e recepção da mensagem: linguagem verbal escrita.

Fonologia

 O linguista suíço Ferdinand de Saussure foi o primeiro a estabelecer que a linguagem humana compreendia dois aspectos fundamentais: a língua e a fala. Para ele, a língua é um produto social, presente na totalidade dos membros de uma comunidade linguística. A fala, por sua vez, é um fato individual, representa uma realização concreta da língua num momento e lugar determinados. Nesse sentido, segundo o autor, o estudo da linguagem comporta duas partes: “uma, essencial, tem por objetivo a língua, que é social em sua essência e independente do indivíduo; esse estudo é unicamente psíquico; outra, secundária, tem por objetivo a parte individual da linguagem, vale dizer, a fala, inclusive a fonação e é psicofísica.
A língua e a fala não ocorrem separadas, ambas são interdependentes, a língua é ao mesmo tempo o instrumento e o produto da fala. Dessa forma, língua e fala constituem a linguagem humana: a língua representa o código comum de comunicação entre todos os membros de uma comunidade, e a fala é a materialização da língua em situação de uso de cada indivíduo dessa comunidade (Saussure, 1916).

 Na visão saussuriana a língua é um sistema de signos formados pela união do significado e do significante. Quando falamos emitimos uma série de sons, porém esses sons não são realizados de uma mesma maneira por todos os membros de uma comunidade linguística. Do mesmo modo, os sons nunca são produzidos no aparelho fonatório num mesmo ponto articulatório, eles podem estar condicionados por determinados contextos fônicos que os circundam.

Fonética

 A fonética e a Fonologia são as áreas da Linguística que estudam os sons da fala. Por terem o mesmo objetivo de estudo, são ciências relacionadas. No entanto, esse mesmo objetivo é tomado de pontos de vista diferentes, em cada caso.
A principal preocupação da Fonética é descrever os sons da fala. Por exemplo, são afirmações típicas desta ciência dizer que o som é articulado com uma corrente de ar pulmonar, agressiva, com vibração das cordas vocais, com uma obstrução do fluxo de ar seguida de uma explosão; ou descrever a vogal como aquela que tem os dois primeiros formantes mais afastados um do outro; ou dizer que, embora do ponto de vista acústico e articulatório os três as da palavra batata possam ser considerados como realizações um pouco distintas, os falantes de português  reconhecem esses sons como pertencendo à  mesma categoria (vogal a).
 As afirmações anteriores ilustram o fato de a Fonética poder ser feita de três pontos de vista: a)de maneira como eles são produzidos (ou seja, mostrando que movimentos do aparelho fonador estão envolvidos na produção dos sons da fala) – Fonética Articulatória; b) da maneira como eles transmitidos (isto é, a partir das propriedades físicas – acústicas – dos sons que se propagam através do ar) – Fonética Acústica; c) da maneira coo eles são percebidos pelo ouvinte –Fonética Auditiva.
 Por sua vez,  a Fonologia procura interpretar os resultados obtidos por meio da descrição (fonética) dos sons da fala, em função dos sistemas de sons das línguas e dos modelos teóricos disponíveis. Faz parte do trabalho fonológico explicar o porquê de os falantes de alguns dialetos do português do Brasil consideram como sendo o “mesmo som” as consoantes iniciais das palavras tapa e tia, muito embora elas sejam bastante diferentes, articulatória, acústica e perceptualmente.
Dessa forma, enquanto a Fonética é basicamente descritiva, a Fonologia é uma ciência explicativa, interpretativa; enquanto a análise fonética se baseia na produção, percepção e transmissão dos sons da fala, a análise  fonológica busca o valor  dos sons em uma língua – em outras palavras, sua função linguística.

 Para falar, uma pessoa usa mais da metade do corpo: do abdômen até a cabeça. Os linguistas não sabem ao certo onde fica o centro processador da linguagem, mas, tradicionalmente, atribui-se ao cérebro ou à alma. A verdade é que, antes de abrir a boca para falar, uma pessoa necessita planejar o que vai dizer e enviar comandos neuromusculares para que sua fala se realize. Como a linguagem é um composto de ideias e de sons, é preciso organizar as ideias e os sons que irão carrear essas ideias.

Sociolinguística

Linguagem e sociedade estão ligadas entre si de modo inquestionável. Mais do que isso, podemos afirmar que essa relação é a base da constituição do ser humano. A história da humanidade é a história de seres organizados em sociedade e detentores de um sistema de comunicação oral, ou seja, de uma língua. Efetivamente a relação entre linguagem e sociedade não é posta em dúvida por ninguém, e não deveria estar ausente, portanto das reflexões sobre o fenômeno linguístico. Por que se fala, então, em Sociolinguística? Ou melhor, por que existe uma área, dentro da linguística, para tratar, especificamente, das relações entre linguagem e sociedade – a Sociolinguística? A linguagem não seria, essencialmente, um fenômeno da natureza social? As respostas a questões como essas não são tão obvias. Para responde-las, é preciso considerar razoes de natureza histórica, mais precisamente, o contexto social mais amplo em que se situam aqueles que se dedicam a pensar o fenômeno linguístico. Assim, inicialmente, é necessário levar em conta que os estudiosos do fenômeno linguístico, como homens de seu tempo, assumiram posturas teóricas em consonância com o fazer cientifico da tradição cultural em que estavam inseridos. Nesse sentido, as teorias de linguagem, do passado ou atuais, sempre refletem concepções particulares de fenômeno linguístico e compreensões distintas do papel deste na vida social. Mais concretamente, em cada época, as teorias linguísticas definem, a seu modo, a natureza e as características relevantes do fenômeno linguístico. E, evidentemente, a maneira de escreve-lo e analisa-lo.

Língua e Linguagem - Introdução


A comunicação é uma característica inerente a todos os seres, o que lhes permite viver em sociedade, compartilhar experiências, interagir com as diferentes culturas e manifestar sentimentos diversos.

Em se tratando da linguagem, ela está diretamente ligada à capacidade humana formada por leis combinatórias e signos linguísticos materializados pela mensagem.

Contudo, há também outras formas de manifestarmos a linguagem, ou seja, por meio de gestos, por um olhar, pela música, dança, pelas obras de arte, como a cultura, escultura e pelos símbolos. Quando nos referimos a eles, remetemo-nos à ideia da linguagem não verbal, constituída pelos sinais gráficos, cuja interpretação requer do interlocutor, conhecimentos linguísticos e conhecimentos adquiridos ao longo de sua existência.

Podemos observar nas imagens alguns exemplos:




De modo a tornar efetiva a linguagem verbalizada, esta condiciona-se a dois fatores: à língua e à fala. A língua é fator resultante da organização de palavras, segundo regras específicas e utilizadas por uma coletividade.

Como código social, a língua não pode ser modificada arbitrariamente, em função destas regras preestabelecidas. Tal organização tende a corroborar para que o enunciado seja manifestado de forma clara, objetiva e precisa.

Esta organização básica do pensamento, opiniões e ideias subsistem em uma capacidade proferida por um modo mais individual. Tal afirmativa parte do pressuposto de que cada ser humano é único e que, para ser compreendido, não precisa se expressar igual aos outros. Cada um expõe seus sentimentos e revela sua maneira de ver o mundo de forma subjetiva, caracterizando, desta forma, a fala.

Enfim, todo este processo resulta no ato comunicativo como sendo uma experiência cotidiana, pois estamos a todo o momento remetendo e recebendo mensagens, as quais limitam-se a infinitas finalidades: informar, aconselhar, persuadir, entreter, expor opiniões, dentre outras.

A Linguística é que estuda os campos de língua e linguagem, e nos dias de hoje, conta com uma vasta bibliografia de estudos no campo, desde textos mais introdutórios até textos de grande especificidade e aprofundamento. Os textos introdutórios já existentes são, sem dúvida alguma, bastante esclarecedores. 

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

INTRODUÇÃO


  O presente trabalho, objeto das atividades práticas supervisionadas, apresenta um resumo dos componentes modulares das aulas da disciplina de Linguística Geral.



CONTEÚDO COMPLEMENTAR 1:
LINGUÍSTICA: CONCEPÇÃO E ORIGEM / O FENÔMENO
GERAL DA LINGUAGEM.


     A Linguística é uma ciência que busca estudar os aspectos morfológicos, sintáticos, semânticos, e fonéticos da linguagem verbal, escrita e oral humana, termo este atualmente utilizado, mas que só pode ser considerada uma ciência no início do século XX.
     A Linguística é uma ciência objetiva e descritiva, ao qual busca examinar, analisar e descrever os fatos linguísticos como elas são utilizadas pelos falantes ignorando o padrão de certo ou errado, e explicativa por procurar explicações para os fatos linguísticos, portanto a Linguística tem por objetivo descrever e explicar a linguagem que se manifesta por meio das línguas naturais.
    Segundo o linguista John Lyons, a Linguística possui duas vertentes de estudo, a primeira denominada por ele como ''A Linguística Moderna'', que toma a linguagem humana por objeto de análise dispensando todos os seus preconceitos sociais ou culturais, a segunda vertente nomeada por ''Gramática Tradicional'' esta que sempre esteve ligada a filosofia e à critica literária e, por essa razão, acabou por dar maior primazia a linguagem escrita sobre a linguagem oral.  A Gramática Tradicional, estipulava padrões para a linguagem de ''certo'' ou ''errado'', sendo assim qualquer mudança, por se afastar do padrão estabelecido como correto, implica, necessariamente, corrupção da língua.


CONTEÚDO COMPLEMENTAR 2:
LINGUÍSTICA: DIACRONIA – SINCRONIA DA LÍNGUA


      A Linguística utilizava-se do método histórico comparativo, também denominada por Saussure como estudo diacrônico, para estudar os fenômenos da língua ou linguagem, mas foi Saussure que possibilitou um novo método ao estudo da linguagem ao qual ele denominou diacronia e sincronia.  A distinção entre o estudo diacrônico e sincrônico foi estabelecida por Saussure. Por estudo diacrônico entende-se o estudo e a análise de uma língua em seu processo de transformações históricas, ou seja, o estudo de uma língua através de sua evolução histórica. Assim foram os estudos da Linguística histórica comparativa, do século XIX, como exposto acima.
    Para Saussure, a Linguística deveria dar prioridade aos estudos sincrônicos, ignorando assim as transformações que antecederam e antecederam o es tudo de uma língua.
    O estudo sincrônico é o estudo de uma língua em um determinado período, como se fosse estática, imóvel, ignorando suas transformações.
  Um exemplo de análise sincrônica e diacrônica seria a palavra ''comer'' da língua portuguesa:
     Em uma análise sincrônica, verifica-se que o “com” é um elemento linguístico que se define em relação a outros elementos linguísticos do português brasileiro.  Assim, ao se constatar que esse elemento aparece em outros contextos como “comilança”, “comida”, “comeu” verifica-se que ele se define como um radical, entendendo-se por radical aquele elemento da estrutura das palavras cognatas que expressa um significado comum.

    Em uma análise diacrônica, verifica-se que o verbo “comer” resulta da combinação do verbo comer em latim “edere”, em que ed é o radical, e o prefixo cum que significa companhia. Assim:

             cum + edere > cumedere > comer, na língua portuguesa.




CONTEÚDO COMPLEMENTAR 5:
ESTRUTURALISMO E O MÉTODO DESCRITIVO DE ANÁLISE. ESTRUTURALISMO AMERICANO / BEHAVIORISMO / AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM.


     Os estudos linguísticos anteriores tomaram vários rumos, surgindo assim, outras abordagens de estudo e análise da língua tais como: a Gramática Tradicional e o Estruturalismo Americano.
     A primeira abordagem (Gramática tradicional), termo de significado diferente do utilizado atualmente, possui nomeações como gramática tradicional, prescritiva ou normativa, cujo o foco de estudo sempre foi a tentativa de ordenar em uma ordem lógica ao idioma e de considerar normas determinantes ao uso da mesma. Nessa abordagem eram estabelecidas regras, normas e padrões gramaticais para o uso da língua/ou linguagem, levando-se em consideração somente a forma correta e padronizada da língua, desconsiderando assim, as variedades e diversidades da língua.
    A segunda abordagem (Estruturalismo Americano) que entendia por língua, um sistema articulado em que todos os elementos estão interligados. Para o estruturalismo, a descrição dos fatos da língua é uma explicação de seu funcionamento, já que envolve descrever os elementos do sistema e as relações estabelecidas entre eles. o objeto de estudo dessa abordagem portanto era a linguagem como ela é efetivamente falada, sem apreciação de valor, objeto de estudo diferente da abordagem da gramatica tradicional pois, para esta seria os bons textos escritos.
Leonard Bloomfield é o mais influente linguista estruturalista americano.  Foi influenciado ao longo de sua carreira pelo behaviorismo, uma corrente da psicologia baseada no estudo objetivo do comportamento. Bloomfield adotou os princípios do behaviorismo e, para ele, a língua funcionava como qualquer outro comportamento humano em termos de resposta a um estímulo.
     Os estruturalistas norte-americanos, com base nos estudos da psicologia behaviorista, acreditavam que o estudo de uma língua deveria ser feito a partir de um grande número de dados, ou seja, de um corpus diversificado e com
muitos dados, de tal modo que fosse possível a análise de grande número de frases produzidas por falantes da língua considerada, não importando a classe social desses falantes. O objetivo desse tipo de análise era descrever as regularidades existentes na fala das pessoas.
   Para Bloomfield, a linguagem é essencialmente fala, oralidade. Nesse sentido, a linguística norte-americana segue a tradição saussuriana.  O objeto de estudo da linguística, também para esse autor, consiste na linguagem em todas as suas manifestações.  O que interessa nos estudos da linguística é o conjunto de aspectos que são comuns a todos os falantes.
    A aquisição da linguagem segundo Bloomfield, tem por base a psicologia behaviorista ou comportamentalista de estímulo (E) e resposta (R).
                                            E   R


    Bloomfield exclui alusões à significação ou a semântica, para ele não interessava os significados das palavras.