quinta-feira, 30 de novembro de 2017

DP, Gerativismo - Linguística geral 2° semestre

                                           Gerativismo

Nos anos 50, Noam Chomsky, linguista americano, discípulo de um distribucionalista também americano conhecido por Z. Harris, começa a propor que a linguagem não seja tão presa à classificação de dados, mas que dê um lugar importante à teoria.
Inspirado no racionalismo e da tradição lógica dos estudos da linguagem, ele apresenta uma teoria a que chama de gramática e seu estudo se dá especificamente na sintaxe que, para ele, constitui um nível autônomo e central para a explicação da linguagem.
A função dessa gramática não é ditar regras, mas envolver todas e apenas as frases gramaticais, ou seja, as que pertencem à língua. É assim que surge a Gramática Gerativa de Noam Chomsky. Gerativa (gerar – criar frases) porque permite, a partir de um número limitado de regras, gerar um número infinito de sequências.
Esse processo é dedutivo: parte do que é abstrato, isto é, um axioma (proposição evidente por si mesma) e um sistema de regras, e chega ao concreto, ou seja, as frases existentes na língua. É com essa proposta que a teoria da linguagem deixa de apenas descritiva para ser também explicativa.
Para Chomsky, é tarefa do lingüista descrever a competência do falante. Ele define competência como capacidade inata que o indivíduo tem de produzir, compreender e de reconhecer a estrutura de todas as frases de sua língua. Ele defende que língua é conjunto de infinito de frases e que se define não só pelas frases existentes, mas também pelas possíveis, aquelas que se podem criar a partir interiorização das regras da língua, tornando os falantes aptos a produzir frases que até mesmo nunca foram ouvidas por ele. Já o desempenho (performance ou uso), é determinado pelo contexto onde o falante está inserido.
O termo gramática é usado de forma dupla: é o sistema de regras possuídos pelo falante e, ao mesmo tempo, é o artefato que o lingüista constrói para caracterizar esse sistema, A gramática é, ao mesmo tempo, um modelo psicológico da atividade do falante e uma “máquina” de produzir frases.
A teoria chomskiana conduz ao universalismo, segundo Orlandi, pois o que está em questão é o “falante ideal”, e não locutores reais do uso concreto da linguagem. A capacidade para desenvolver a linguagem é uma habilidade inata do ser humano: já nascemos com ela. E como a espécie humana é caracterizada pela racionalidade, a questão fundamental para essa linha de estudo é a relação entre linguagem e pensamento. Seus estudos se centralizam no percurso psíquico da linguagem como e, em conseqüência disso, no domínio da razão.
Desta forma, a reflexão de Chomsky acaba por trazer para a Lingüística toda uma contribuição de estudos nas áreas da Lógica e da Matemática e, por outro lado, apresenta uma nova abordagem até então inexplorada: estudos sobre os fundamentos biológicos da linguagem (característica da espécie humana).


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                                  Exercícios

1. Leia as sentenças abaixo. Ponha um asterisco antes daquelas que considerar, segundo a sua intuição, agramaticais e escreva OK depois daquelas que considerar gramaticais. Logo após explique: de onde vem essa intuição sobre as frases da língua?


Outro centro de atenção dos gerativistas sempre foi compreender como é possível que os falantes de uma língua tenham intuições sobre as estruturas sintáticas que produzem e ouvem. Estamos falando de um conhecimento implícito, inconsciente e natural acerca da língua que todos os falantes nativos possuem, e não das regras da gramática normativa que aprendemos na escola. Esse conhecimento linguístico inconsciente que o falante possui sobre a sua língua e que lhe permite essas intuições é o que denominamos competência linguística – o conhecimento interno e tácito das regras que governam a formação das frases da língua.


  1. Parece que os alunos estão cansados. OK
  2. Os alunos, parece que estão cansados.OK
  3. Os alunos parecem estar cansados. OK
  4. Os alunos parecem estarem cansados. *
  5. Parece os alunos estarem cansados. *
  6. Parece os alunos estar cansados. *
  7. Os alunos, parece que eles estão cansados. OK

2. No final da festa do aniversário do seu filho, a dona Maria ia anunciar que estava na hora de cortar o bolo e disse a seguinte frase: “Vamos gente, está na hora de bortar o colo!”. A própria falante riu do que disse e corrigiu a frase logo depois. O erro linguístico que dona Maria cometeu deve ser explicado como um problema na competência ou no desempenho linguístico? Explique.


O conhecimento linguístico inconsciente que o falante possui sobre a sua língua e que lhe permite intuições é denominado competência linguística – o conhecimento interno e tácito das regras que governam a formação das frases da língua. A competência linguística não é a mesma coisa que o comportamento linguístico do indivíduo, aquelas frases que de fato uma pessoa pronuncia quando usa a língua.

Esse uso concreto da língua denomina-se desempenho linguístico (também conhecido por perfomance ou, ainda, atuação) e envolve diversos tipos de habilidades que não são linguísticas, como atenção, memória, emoção, nível de estresse, etc.
O que aconteceu foi apenas um erro de execução, com a preservação do segmento /b/ no início da palavra “cortar”, o que não significa que seu conhecimento sobre o português tenha sido abalado. O que ocorreu não foi um problema deconhecimento, mas de uso, de desempenho, de perfomance da língua.

3. Observe o que diz John Lyons a respeito da propriedade lingüística da produtividade: “O que é impressionante na produtividade das línguas naturais, na medida em que é manifesto na estrutura gramatical, é a extrema complexidade e heterogeneidade dos princípios que a mantêm e constituem. Mas, como insistiu Chomsky, esta complexidade e heterogeneidade não é irrestrita: é regida por regras. Dentro dos limites estabelecidos pelas regras da gramática, que são em parte universais e em parte específicos de determinadas línguas, os falantes nativos de uma língua têm a liberdade de agir criativamente – de uma maneira que Chomsky classificaria de distintivamente humana – construindo um número indefinido de enunciados.” (Lyons, 1987, p. 34). Explique o que é : a) criatividade como qualidade distintivamente humana e b) criatividade regida por regras.


A) Chomsky chamou a atenção para o fato de um indivíduo humano sempre agir criativamente no uso da linguagem, isto é, a todo momento, os seres humanos estão construindo frases novas e inéditas, ou seja, jamais ditas antes pelo próprio falante que as produziu ou por qualquer outro indivíduo. Chomsky chegou a afirmou que a criatividade é o principal aspecto caracterizador do comportamento linguístico humano, aquilo que mais fundamentalmente distingue a linguagem humana dos sistemas de comunicação animal.


B) A primeira elaboração do modelo gerativista ficou conhecida como gramática transformacional e foi desenvolvida e reformulada diversas vezes durante as décadas de 1960 e 1970. Os objetivos dessa fase do gerativismo consistiam em descrever como os constituintes das sentenças eram formados e como tais constituintes transformavam-se em outros por meio da aplicação de regras.
Por exemplo, a sentença “o estudante leu o livro” possui cinco itens lexicais, que estão organizados entre si através de relações estruturais que chamamos de marcadores sintagmáticos, e tais marcadores poderiam sofrer regras de transformação de modo a formar outras sentenças, etc.

Ou seja, os gerativistas perceberam que as infinitas sentenças de uma língua eram formadas a partir da aplicação de um finito sistema de regras (a gramática) que transformava uma estrutura em outra (sentença ativa em sentença passiva, declarativa em interrogativa, afirmativa em negativa, etc.) – e é precisamente esse sistema de regras que, então, se assumia como o conhecimento linguístico existente na mente do falante de uma língua, o qual deveria ser descrito e explicado pelo linguista gerativista.
              
Bibliografia:
https://www.infoescola.com/comunicacao/teoria-gerativa-de-noam-chomsky/
http://letrasunilabilingue.blogspot.com.br/2016/02/exercicios-sobre-gerativismo-do-livro.html

Nome: Juliana Tavares Rocha
Ra: c549312
Semestre: sexto
Disciplina: Linguística Geral

DP , Norma padrão e variação da norma , Teoria do texto 1° semestre


Norma padrão 

A norma culta é indispensável e tão importante quanto as variações linguísticas. A norma culta rege um idioma, aponta caminhos e deve ser estudada na escola para que assim todos tenham acesso às diferentes formas de pensar a língua. Se, ao falarmos, escolhemos um vocabulário coloquial, menos preocupado com as regras gramaticais, ao escrevermos devemos sim optar pela linguagem padrão, pois, um texto repleto de expressões típicas pode não ser acessível para todos os tipos de leitores. Quando dizemos que a norma culta deve ser priorizada nos textos escritos, estamos nos referindo, sobretudo, aos textos não literários, que cobram maior formalidade de quem escreve.

Variação da norma

A linguagem verbal certamente é a forma de expressão mais eficaz, aquela que conecta pessoas e permite que elas se entendam. Claro que existem outras formas de comunicação, mas a verdade é que a palavra, especialmente quando falada, tem muita força. Como é uma ferramenta democrática, afinal de contas, estamos o tempo todo interagindo com diferentes interlocutores ao longo do dia, é normal que ela não seja padronizada. Cada indivíduo possui sua idiossincrasia, e são vários os fenômenos sócio-histórico-culturais que incidem no jeito de cada comunidade linguística falar. Estranho mesmo seria se falássemos todos da mesma maneira, como se fôssemos robôs.

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Exercícios
1-A crônica é um gênero textual que frequentemente usa uma linguagem mais informal e próxima da oralidade, pouco preocupada com a rigidez da chamada norma culta.
Um exemplo claro dessa linguagem informal presente no texto está em:
a) O medo é um evento poderoso que toma o nosso corpo.
b) Me lembrei dessa história por conta de outra completamente diferente.
c) De repente, vejo um menino encostado num muro.
d) ele também não podia imaginar que eu pedisse desculpas.

R: Alternativa “b”. Considera-se linguagem informal aquela que se desvia da chamada norma-padrão ou norma culta, mas estabelece comunicação eficiente em contextos informais, como os de uma conversa pessoal. Segundo a norma culta do português, não se deve começar uma frase por um pronome pessoal átono, como em “Me lembrei dessa história...”. A norma preconiza ou “Lembrei-me dessa história...” ou “ Eu me lembrei dessa história...”. Entretanto, a próclise do pronome é frequente na linguagem informal, valorizada em especial pelo gênero da crônica jornalística.

2-(ENEM - 2012)
A substituição do haver por ter em construções existenciais, no português do Brasil, corresponde a um dos processos mais característicos da história da língua portuguesa, paralelo ao que já ocorrera em relação à ampliação do domínio de ter na área semântica de “posse”, no final da fase arcaica. Mattos e Silva (2001:136) analisa as vitórias de ter sobre haver e discute a emergência de ter existencial, tomando por base a obra pedagógica de João de Barros. Em textos escritos nos anos quarenta e cinquenta do século XVI, encontram-se evidências, embora raras, tanto de ter “existencial”, não mencionado pelos clássicos estudos de sintaxe histórica, quanto de haver como verbo existencial com concordância, lembrado por Ivo Castro, e anotado como “novidade” no século XVIII por Said Ali. Como se vê, nada é categórico e um purismo estreito só revela um conhecimento deficiente da língua. Há mais perguntas que respostas. Pode-se conceber uma norma única e prescritiva? É válido confundir o bom uso e a norma com a própria língua e dessa forma fazer uma avaliação crítica e hierarquizante de outros usos e, através deles, dos usuários? Substitui-se uma norma por outra?
CALLOU, D. A propósito de norma, correção e preconceito linguístico: do presente para o passado. In: Cadernos de Letras da UFF, n. 36, 2008. Disponível em: www.uff.br. Acesso em: 26 fev. 2012 (adaptado).
Para a autora, a substituição de “haver” por “ter” em diferentes contextos evidencia que
a) o estabelecimento de uma norma prescinde de uma pesquisa histórica.
b) os estudos clássicos de sintaxe histórica enfatizam a variação e a mudança na língua.
c) a avaliação crítica e hierarquizante dos usos da língua fundamenta a definição da norma.
d) a adoção de uma única norma revela uma atitude adequada para os estudos linguísticos.
e) os comportamentos puristas são prejudiciais à compreensão da constituição linguística.

R: Alternativa :“e”, a opção correta, revela o ponto de vista da autora ao afirmar que os comportamentos puristas são prejudiciais à compreensão da constituição linguística, ou seja, segundo ela, defender a pureza da linguagem de maneira limitada só revela um conhecimento deficiente da língua.

3- Leia o poema e responda a questão.
Vício da fala
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados.
Oswald de Andrade

Sobre o poema de Oswald de Andrade, um dos principais representantes da primeira geração do modernismo brasileiro, é correto afirmar:
a) Oswald, como os demais modernistas da primeira fase, defendia o uso da coloquialidade nos textos escritos como maneira de alcançar uma linguagem genuinamente brasileira, linguagem que levasse em consideração os diferentes registros da língua portuguesa.
b) O poema de Oswald tece uma crítica sobre o emprego da coloquialidade nos textos da literatura brasileira. De acordo com o poema, essa coloquialidade subverte a norma culta da língua, único registro capaz de representar adequadamente a linguagem poética.
c) O título “Vício da fala” remete à falha dos brasileiros ao reproduzir erradamente fonemas complexos. Essa simplificação das palavras é prejudicial para o idioma, já que pode vulgarizar a língua portuguesa.
d) Aqueles que subvertem a norma culta ao falar “mio”, em vez de milho, “mió” em vez de melhor, “pió” em vez de pior, “teiado” em vez de telhado estão prejudicando o entendimento da mensagem, anulando a comunicação, sua principal finalidade.

R: Alternativa “a”. Antes mesmo da questão do preconceito linguístico vir à tona com a Sociolinguística, os primeiros modernistas já ponderavam sobre a necessidade de se considerar os diferentes registros da língua portuguesa e respeitar a fala brasileira. Em seu poema, Oswald de Andrade utiliza a escrita para, de certa forma, revelar o conflito social existente entre as variedades de uma mesma língua e, ao mesmo tempo, o conflito social que se estende à relação língua/fala.

4-"Todas as variedades linguísticas são estruturadas, e correspondem a sistemas e subsistemas adequados às necessidades de seus usuários. Mas o fato de estar a língua fortemente ligada à estrutura social e aos sistemas de valores da sociedade conduz a uma avaliação distinta das características das suas diversas modalidades regionais, sociais e estilísticas. A língua padrão, por exemplo, embora seja uma entre as muitas variedades de um idioma, é sempre a mais prestigiosa, porque atua como modelo, como norma, como ideal linguístico de uma comunidade. Do valor normativo decorre a sua função coercitiva sobre as outras variedades, com o que se torna uma ponderável força contrária à variação."
                   Celso Cunha. Nova gramática do português contemporâneo. Adaptado.
A partir da leitura do texto, podemos inferir que uma língua é:
a) o conjunto de variedades linguísticas, dentre as quais uma alcança maior valor social e passa a ser considerada exemplar.
b) sistema que não admite nenhum tipo de variação linguística, sob pena de empobrecimento do léxico.
c) a modalidade oral alcança maior prestígio social, pois é o resultado das adaptações linguísticas produzidas pelos falantes.
d) A língua padrão deve ser preservada na modalidade oral e escrita, pois toda modificação é prejudicial a um sistema linguístico.

R: Alternativa “a”. Embora as variedades linguísticas sejam consideradas importantes do ponto de vista comunicacional, a língua padrão ainda alcança maior prestígio social

Bibliografia: 
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/gramatica/norma-culta-x-variacoes-linguisticas.htm
http://exercicios.mundoeducacao.bol.uol.com.br/exercicios-gramatica/exercicios-sobre-norma-culta-variacoes-linguisticas.htm#resposta-2283


Nome: Juliana Tavares Rocha
Ra: c549312
Semestre: sexto
Disciplina: Teoria do texto

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis.

Realismo — Características.


A proposta do Realismo é aproximar-se da realidade, escritores literários criam obras voltadas para temas sociais, deixando de lado o subjetivismo romântico, e tratando os temas com maior objetividade. O desejo dos realistas era apresentar os fatos como eles realmente eram. Novos textos foram criados tendo como base temas antes proibidos, como:  Corrupção do Estado e do clero, adultério, etc. Existe a descrição do mundo tanto dos pobres, como dos ricos, mostrando então, o que existe de pior. Há um favorecimento da essência e menosprezo das aparências, e uma desmistificação das hipocrisias encontradas na sociedade. No ramo da expressão também ocorreram-se mudanças, a linguagem sublime dos românticos, deu lugar a linguagem objetividade dos realistas, como também ocorreu-se em sua temática. Há uma ausência de herói, de “representação” é o de representar pessoas. Existe uma grande preocupação em realizar um mais amplo aprofundamento do personagem e com isso um desenvolver mais amplo da “psicologia” da personagem. 


                         Machado de Assis — Vida e Obra.

Joaquim Maria Machado de Assis foi um dos mais importantes escritores da literatura brasileira.  Nasceu no Rio de Janeiro, no morro do Livramento em vinte e um de junho de 1839, vindo de uma família muito pobre, seu pai, homem de cor escura, pintor de paredes, entretanto era homem de alguma instrução e sua mãe portuguesa da Ilha de São Miguel.  Machado de Assis perdeu sua mãe ainda na infância (aos 10 anos) e após a morte de seu pai em 1851 Maria Inês, sua madrasta, encarregou-se de criação.
Por ser mulato Machado de Assis foi vítima de preconceito, superou todas as dificuldades da época e tornou-se um grande escritor. Estudou em escola pública durante o primário e aprendeu francês e latim. Sendo sempre um autodidata, começou como aprendiz-tipógrafo na Imprensa Nacional, depois revisor na Livraria de Paula Brito e no Correio Mercantil, e a seguir redator no Diário do Rio de Janeiro. Aos trinta anos casou-se com Carolina Augusta de Novais, moça portuguesa educada e de família de intelectuais. Carolina faleceu em 1904 e não lhe deu filhos.  Ao ingressar no campo do funcionalismo público, trabalhou como aprendiz de tipógrafo, foi revisor e funcionário público, Assis, ocupou sucessivamente todos os postos, desde amanuense até diretor-geral de Contabilidade, em 1902, no Ministério da Viação.

Obra.

Podemos dividir as obras de Machado de Assis em duas fases: Na primeira fase (fase romântica) os personagens de suas obras possuem características românticas, sendo o amor e os relacionamentos amorosos os principais temas de seus livros. Desta fase podemos destacar as seguintes obras: Ressurreição (1872), seu primeiro livro,  A Mão e a Luva (1874),  Helena (1876) e Iaiá Garcia (1878).
Na Segunda Fase (fase realista), Machado de Assis abre espaços para as questões psicológicas dos personagens. É a fase em que o autor retrata muito bem as características do realismo literário. Machado de Assis faz uma análise profunda e realista do ser humano, destacando suas vontades, necessidades, defeitos e qualidades. Nesta fase destacam-se as seguintes obras: Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), Quincas Borba (1892), Dom Casmurro (1900) e Memorial de Aires (1908).
Machado de Assis também escreveu contos, tais como: Missa do GaloO Espelho e O Alienista. Escreveu diversos poemas, crônicas sobre o cotidiano, peças de teatro, críticas literárias e teatrais.
Machado de Assis morreu de câncer, em sua cidade natal, no ano de 1908.


Memórias Póstumas de Brás Cubas
Lançado em 1881, Memórias Póstumas de Brás Cubas foi a Obra que deu inicio a escola literária Realista, sendo uma das mais importantes obras Machadianas, pertencendo assim a sua fase realista, quando o mesmo atinge o ápice de sua carreira como autor. Narrado em primeira pessoa por Brás Cubas protagonista do romance.




Aspectos e análise da obra.


Humor e Ironia.

Encontramos na obra machadiana uma ponta inesperada de riso amar, que tem por finalidade mostrar as qualidades pouco recomendáveis do ser humano. Introduzido na ironia, é possível perceber certo desprezo vindo da parte da personagem central, em relação aos atos de outros indivíduos que ele “descreve para descrever suas memórias para o leitor”. A ironia machadiana é sempre um ato de desvendar, é uma observação, então ao ler Memórias Póstumas de Brás Cubas, o leitor observará os traços do caráter é comportamento humano. 

O pessimismo.

 Nesta narrativa a visão do romancista é de desencanto diante da sordidez das pequenas vaidades, do cinismo, da hipocrisia, da ambição desmedida e das competições contínuas. Além disso, o pessimismo de Brás Cubas entende-se pelos interesses escondidos sob o manto existente nas convenções sociais. Machado de Assis tinha como influência, o filosofo alemão Arthur Schopenhaue. Sua filosofia tinha como ideal a busca pela racionalidade para a solução dos problemas, segundo Schopenhaue, a força fundamental responsável por tudo o que acontece no universo, desde a formação dos planetas até a reprodução das espécies é aquilo que se define como “vontade” (wille: em alemão).  Ao ceder á suas vontades, ou seja o homem corresponder aos seus instintos selvagens, é obedecer á natureza, e contudo, deixar de ser racional. Para que isso não acontece, é preciso buscar á razão para não se deixar controlar pela natureza. Tendo isso em mente, o “pessimismo” provém da ideia de que o homem não te a capacidade de buscar a razão, tornando-se escravo de suas próprias vontades. Vemos este ponto como algo comum entre os protagonistas dos romances machadiano.
                                                       
Digressão.

Uma das características mais comuns encontrada na obra são os consistentes intervalos repentinos dos fatos narrados, sejam em longos parênteses reflexivos ou em memórias que são associadas aos mesmos. Trata-se de discursos secundários, que se apoiam em um comentário solto, ou em lembranças de Cubas. Em seus relatos encontramos as mais íntimas avaliações sobre as pessoas, ou sobre acontecimentos. É possível encontra-los encontrará ao as descrições dos relatos da personagem, na qual tiveram alguma relação ou foram paralelos a assuntos que coloquei que o mesmo colocou em pauta. Esse ato digressivo sempre está apoiado em comentários que o narrador faz aos leitos, ele é feito de forma inovadora, inesperada, bisbilhoteira e bem-humorada e não é raro encontramos em seu meio uma citação. 

Rompimento com a narrativa linear.

Os fatos descritos pelo narrador fogem de uma ordem cronológica óbvia, ou seja, vêm com a força da lembrança, da consciência.  Para isso é dado o nome de Impressionismo associativo. Contudo, torna-se difícil ordenar os fatos narrados, pois o narrador os compõe como um quebra-cabeça.


Bibliografia:
RAMOS, ROGÉRIO. Ser protagonista. Língua Portuguesa. Edições SM, 2013.
MOISÉS, MASSAUD. A literatura brasileira através dos textos. Editora Cultrix, 200.


Alunos:
Bruna Carolina Santana do Prado
Juliana Tavares Rocha
Eliezer Feliphe Rocha                    




terça-feira, 21 de novembro de 2017

O Guarani - José de Alencar

Romantismo
No Brasil, o romantismo foi marcado pela publicação, em 1836, da obra literária de Gonçalves de Magalhães, perdurando até o fim do sec. XIX e influenciado por movimentos anticolonialista e antilusitano, devido ao autoritarismo de D. Pedro I, o Romantismo opunha-se ao clássico, valorizava o egocentrismo, o subjetivismo, a saudade da infância e buscava explorar os espaços nacionais, desde o campo, a selva, até a cidade, onde surgiram os seguintes romances:
Romance Indianista: Sendo uma das principais tendências do Romantismo brasileiro, encontro no nativo brasileiro a mais autentica expressão de nacionalidade. Escritores como José de Alencar e Gonçalves Dias ganharam destaque por suas obras indianistas;
Romance Regional: Comprometeu-se a retratar os quatro cantos do Brasil. Como não havia modelo europeu no qual pudessem espelhar-se, fui construído um modelo próprio, o que favoreceu nossa autonomia literária. Ganham destaque José de Alencar e Visconde de Taunay;
Romance Urbano: Por colocar em discussão os problemas do povo da cidade, retratar a burguesia e seu cotidiano, alcançou popularidade enorme entre os leitores brasileiros. Destacaram-se José de Alencar e Manuel Antônio de Almeida.

Revista Brasiliense
Foi uma revista publicava em Paris, em 1836 por jovens estudantes brasileiros. Nitheroy, Revista Brasiliense trazia o epígrafo: “Tudo pelo Brasil e para o Brasil”, propunha explorar as letras, artes e ciências brasilienses. No grupo, destacava-se Gonçalves de Magalhães, um dos percursores do movimento no Brasil.

José de Alencar
José de Alencar foi um romancista, dramaturgo, jornalista, advogado e político brasileiro. Foi um dos maiores representantes da corrente literária indianista. Destacou-se na carreira literária com a publicação do romance "O Guarani", em forma de folhetim, no Diário do Rio de Janeiro, onde alcançou enorme sucesso.
Nascido no Ceará, próximo de Fortaleza, foi morar no Rio com 11 anos de idade. O pai, senador, influenciou o jovem com seus ideais políticos, assim como seu irmão, diplomata. Trabalhou no jornal Diário do Rio de Janeiro, o qual primeira edição de “O Guarani” foi publicado, e posteriormente seria publicado em livro.

Obras
§  Cinco Minutos, 1856
§  A viuvinha, 1857
§  O Guarani, 1857
§  Lucíola, 1862
§  Diva, 1864
§  Iracema, 1865
§  As minas de prata – 1º vol., 1865
§  As minas de prata – 2º vol., 1866
§  O gaúcho, 1870
§  O troco do Ipê, 1871
§  Guerra dos Mascates – 1º vol., 1871
§  Til, 1871
§  Sonhos d’ouro, 1872
§  Alfarrábios, 1873
§  Guerra dos Mascates – 2º vol., 1873
§  Ubirajara, 1874
§  O sertanejo, 1875
§  Senhora, 1875
§  Encarnação, 1893

Características

Em suas obras, Alencar demonstra preocupação com a cultura nacional. Retratando o Brasil em todos os aspectos da prosa romântica. Em narrativas urbanas, costumava fazer críticas à sociedade da época, como no livro “Senhora”. Em “Iracema”, “Ubirajara” e “O Guarani”, Alencar torna o índio um heroi e faz o branco ser o vilão. Temas como exploração de ouro e colonização são influentes em suas obras regionalistas, os pampas gaúchos e o sertão do nordeste são retratados, inspirados em memórias de infância.

Herói Romântico
O conceito de herói romântico nasceu do romantismo e retrata o herói como um rebelde e um iconoclasta escuro. Muitas qualidades separar esta raça de herói de qualquer outro. Introspecção
O herói romântico possui uma autoconsciência, uma observação de pensamentos e desejos conscientes. Introspecção envolve o herói contemplar e examinar seu ego e sua alma. Contemplando e tornar-se consciente de pensamentos e sentimentos, o herói começa a compreender a si mesmo, ao mesmo tempo aprender mais sobre a sua finalidade e natureza.

A obra




O livro O Guarani, de José de Alencar, conta a história do índio Peri devoto a Cecília, mulher branca e filha de burguês. A história segue a linearidade dos fatos, e se desenrola no descobrir de um heroi nacional, a cultura nativa dos índios contrastando com a cultura europeia.
Cecília de Mariz, amada pelos pais, desejada pelos homens que a cercam, não se apercebe da situação, inclusive conta com sua prima Isabel que lhe dá conselhos sobre a vida. Por vezes é imprudente e costuma agir inconsequente quando suas vontades não são prontamente atendidas – Mas a jovem não é egoísta e se arrepende. Vê em Peri um servo leal que se sacrificaria para lhe salvar a Vida, e Peri vê sua Senhora como um ser inatingível, digna de devoção, pura e ingênua, a quem deve sua submissão.
O ex-frei Lorendano é um homem ambicioso, sem caráter, e está disposto a cometer atitudes baixas em prol de sua satisfação pessoal. Tem um desejo carnal por Cecília, planeja raptá-la e assassinar seus pais.
Há também presença de Álvaro, apaixonado por Isabel e guerreiro leal de D. Antônio de Mariz – Pai de Cecília, burguês reverente e influente, também participou da fundação da cidade do Rio de Janeiro.
A trama se intensifica quando D. Diogo, irmão de Cecília, mata – por acidente – uma índia aimoré, fazendo com que a tribo busque por vingança contra os brancos. Peri toma um veneno para que os índios antropófagos se envenenem comendo sua carne, se sacrificando, mas é convencido por Álvaro para tomar o antídoto e enfrenta os índios. 
A derrota dos portugueses é inevitável, então D. Antônio pede para que Peri converta-se ao cristianismo e fuja com sua filha Cecília, enquanto destrói em explosão a fortaleza, suicidando-se e matando a todos ali presentes. Peri, derrubando uma palmeira com as próprias mãos para usá-la como canoa, faz-nos acreditar que a lenda de Tamandaré se repete. 

Alunos: 
Ana Carolina Gomes Pereira
Camila Menezes Maia
Marcela dos Santos Almeida
Rodrigo Borges Bento

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Literatura Brasileira: Modernismo

Modernismo

Pode-se entender o Modernismo como um movimento literário e artístico que teve início no século XX com o objetivo de romper com o tradicionalismo. Buscavam a libertação estética, a experimentação constante e, acima de tudo, a independência cultural do país. No Brasil, o Modernismo deu seus primeiros passos com a Semana de Arte Moderna em 1922 na cidade de São Paulo.
O Modernismo Brasileiro teve sua culminância com a Semana de Arte Moderna, entretanto, as ideias modernistas já rondavam o país muito antes da Semana de 1922.  O desejo de mostrar um Brasil de verdade, com suas favelas, seu povo sofrido, marginalizado, sem os idealismos românticos, começou em 1902 com a obra “Os Sertões”, de Euclides da Cunha, que descreveu a Guerra de Canudos. Em 1911, “Triste fim de Policarpo Quaresma” de Lima Barreto, de forma crítica, mas bem-humorada, trouxe a temática do nacionalismo. Já em 1910, Monteiro Lobato apareceu mostrando o Brasil de Jeca Tatu e do Sítio do Pica-pau amarelo.
Na Europa, no início do Século XX, 
as vanguardas traziam um novo conceito de arte. Esse novo conceito começou a chegar ao Brasil através dos intelectuais que viajaram para lá. Em 1912, por exemplo, Oswald de Andrade fez sua primeira viagem pela Europa e impressionou-se com um movimento denominado Futurismo de Marinetti. Retornando ao Brasil, escreveu “Último passeio de um tuberculoso, pela cidade, de bonde. ” O poema não teve boa aceitação por parte do público, o que fez com que seu autor o eliminasse.
O conhecimento das correntes de vanguarda e o desejo de concretizar uma arte moderna brasileira, valorizando o nacional e eliminando as imitações europeias, possibilitaram o início do Modernismo no Brasil.


O Modernismo Brasileiro foi dividido em três fases:

Primeira Fase (1922-1930)

Com a Semana de Arte Moderna em 1922 tem início a Primeira Fase do Modernismo, que também é chamada de Fase Heroica. Pode-se caracterizar tal fase por um maior compromisso dos artistas com a renovação estética inspiradas nas vanguardas europeias como o cubismo, o futurismo, o surrealismo e outros. A linguagem literária tenta romper com o tradicional, sendo algumas dessas mudanças: a liberdade formal, a valorização do cotidiano, reescritura de textos do passado, etc. É também importante ressaltar que foi durante este período que surgiram os grupos de movimento modernista, entre eles o Pau-Brasil, Antropófago e Verde-Amarelismo, por exemplo.

Características

- Rompimento com as estruturas do passado;
- Anarquismo, sentido destruidor;
- Volta às origens;
- Linguagem coloquial;
- Valorização do índio brasileiro;
- Nacionalismo ufanista, exagerado e utópico;
- Caráter revolucionário.

Segunda Fase (1930-1945)

Também chamada de Fase de Consolidação, a Segunda Fase do Modernismo é caracterizada pelo predomínio da prosa de ficção. É nesse período que os ideais difundidos na fase anterior se espalham e normalizam os esforços de antes para redefinir a linguagem artística, que acaba por se unir a um grande interesse pelas temáticas nacionalistas. As novas obras dos autores da Primeira Fase acabam amadurecendo e surgem novos grandes poetas, como Carlos Drummond de Andrade.
Características

- Amadurecimento das ideias de 1922;
- Nova postura artística;
- Versos livres;
- Poesia sintética;
- Nacionalismo, universalismo E regionalismo;
- Literatura construtiva e politizada.

Terceira Fase (1945-1960)

Nesta fase a prosa dá sequência às três tendências observadas na Segunda Fase, que são: a prosa urbana, intimista e regionalista, com certa renovação formal. A poesia desse período conta com os poetas que apareceram na fase anterior, afinal eles continuam em constante renovação. Foi criado um grupo de escritores que se autodenominaram de “geração 45”, seus membros procuravam por uma poesia equilibrada e séria, sendo até chamados pelas outras pessoas de neoparnasianos.
Características

- Academicismo;
- Retorno ao passado;
- Oposição à liberdade formal;
- Valorização da métrica e da rima;
- Linguagem mais objetiva;
- Metalinguagem.


Grupos de movimento modernista


Pau-Brasil

O Movimento Pau-Brasil foi um movimento artístico lançado no Brasil em 1924 por Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral que apresentava uma posição primitivista, buscando uma poesia ingênua, de redescoberta do mundo e do Brasil e que foi inspirada nos movimentos de vanguarda europeus, devido às viagens que Oswald fazia à Europa. Como se pode observar nos postulados básicos do manifesto, as preocupações principais do movimento eram: expor ao ridículo as posturas solenes, as formas gastas, a escrita empolada, a sujeição aos modelos europeus (explorar assuntos nacionais), abolir a barreira tradicional entre a poesia e prosa, valorizar a invenção e a surpresa.
O movimento exaltava a inovação na poesia, o primitivismo e a era presente, ao mesmo tempo em que repudiava a linguagem retórica na poesia. Convivem dialeticamente o primitivo e o moderno, o nacional e o cosmopolita, sendo ideologicamente a raiz do Movimento Antropofágico.

Antropófago

Publicado na "Revista Antropofagia" (1928), Manifesto Antropofágico propunha: alimentar-se de tudo o que o estrangeiro traz para o Brasil, sugar-lhe todas as ideias e uni-las às brasileiras, realizando assim uma produção artística e cultural rica, criativa, única e própria. Era preciso desvincular-se de laços passados, como o simbolismo, ainda fortemente presente naquela época. O nome do manifesto recuperava a crença indígena: os índios antropófagos comiam o inimigo, supondo que assim estavam assimilando suas qualidades. A idéia do manifesto surgiu quando Tarsila do Amaral, para presentear o então marido Oswald de Andrade, deu-lhe como presente de aniversário a tela Abaporu (aba = homem; poru = que come).
Escrito com a ajuda de Mário de Andrade e Raul Bopp, é considerado o mais radical de todos os manifestos da primeira fase do Movimento Modernista. Ao resgatar a crença indígena de que os índios antropófagos, ao comerem seus inimigos, estariam assimilando suas qualidades, ele defende uma espécie de projeto de resistência às incorporações feitas sem o devido senso crítico, A proposta era “devorar” a cultura e técnicas estrangeiras e submetê-las a uma digestão crítica em nosso estômago cultural, de forma assimilá-las ou ainda vomitá-las, se fossem consideradas impróprias ou indesejáveis.

Verde-Amarelismo


Em 1926, como uma resposta ao nacionalismo do Pau-Brasil, surge o grupo do Verde-Amarelismo, formado por Plínio Salgado, Menotti del Picchia, Guilherme de Almeida e Cassiano Ricardo. O grupo criticava o "nacionalismo afrancesado" de Oswald de Andrade e apresentava como proposta um nacionalismo primitivista, ufanista e identificado com o fascismo, que evoluiria, no início da década de 30, para o Integralismo de Plínio Salgado. Parte-se para a idolatria do tupi e elege-se a anta como símbolo nacional.
O grupo verde-amarelista também faria publicar um manifesto no jornal Correio Paulistano, edição de 17 de maio de 1929, intitulado "Nhengaçu Verde-Amarelo - Manifesto do Verde-Amarelismo ou da Escola da Anta", que, entre outras coisas, afirmava:
"O grupo 'verdamarelo', cuja regra é a liberdade plena de cada um ser brasileiro como quiser e puder; cuja condição é cada um interpretar o seu país e o seu povo através de si mesmo, da própria determinação instintiva; - o grupo `verdamarelo', à tirania das sistematizações ideológicas, responde com a sua alforria e a amplitude sem obstáculo de sua ação brasileira (...)
Aceitamos todas as instituições conservadoras, pois é dentro delas mesmo que faremos a inevitável renovação do Brasil, como o fez, através de quatro séculos, a alma da nossa gente, através de todas as expressões históricas.
Nosso nacionalismo é `verdamarelo' e tupi. (...)"

Características do Modernismo

Na literatura brasileira, as principais características do Modernismo são:
- Fragmentação;
- Síntese;
- Busca pela linguagem brasileira;
- Nacionalismo;
- Ironia, humor E paródia;
- Relato do cotidiano;
- Revisão crítica do passado histórico e cultural;
- Subjetivismo;
- Versos livres;
- Ousadia e inovação.



                                 Oswald de Andrade


Oswald de Andrade (1890-1954) nasceu em São Paulo, no dia 11 de janeiro de 1890. Filho único de José Oswald Nogueira de Andrade e Inês Henriqueta Inglês de Souza Andrade. Estudou Ciências e Letras no Ginásio de São Bento, onde ouviu de um professor que ia ser escritor. Passou a comprar livros e a escrever. Em 1909, O Diário Popular publicou seu primeiro artigo “Penando”, uma reportagem da excursão do presidente Afonso Pena aos Estados do Paraná e Santa Catarina. Em 1911, fundou a revista semanal “O Pirralho”, que ele mesmo dirigiu, junto com Alcântara Machado e Juó Bananère. O semanário contava, entre outros colaboradores, com o pintor Di Cavalcanti.
 Fundou junto com Tarsila o "Movimento Antropófago". Foi uma das personalidades mais polêmicas do Modernismo. Era irônico e gozador, teve uma vida atribulada, foi militante político, foi o idealizador dos principais manifestos modernistas. Ao lado da pintora Anita Malfatti, do escritor Mário de Andrade e de outros intelectuais organizou a Semana de Arte Moderna de 1922.
O autor escreveu a primeira obra modernista, “Pau-Brasil”, um livro de poemas. Escreveu também dois importantes textos para o modernismo, o “Manifesto Antropófago”, publicado na Revista da Antropofagia, que Oswald colaborou na criação, e o “Manifesto da Poesia Pau-Brasil”, publicado em 1924 no “Correio da Manhã”.  
Oswald de Andrade acreditava que a cultura brasileira, assim como o pau-brasil da época do Brasil colônia, poderia ser exportada, tinha qualidade para isso. Para o autor, a arte precisa ser mais autêntica, original. O escritor buscava a cultura que não era tradicional, queria romper com o convencionalismo. Foi ele que, inspirado pela arte que estava sendo feita na Europa, percebeu que era possível unir a cultura mais popular e a erudita.
José Oswald de Sousa Andrade morreu em São Paulo, no dia 22 de outubro de 1954.


Obras de Oswald de Andrade

Os Condenados, romance, 1922
Memórias Sentimentais de João Miramar, romance, 1924
Manifesto Pau-Brasil, 1925
Pau-Brasil, poesias, 1925
Estrela de Absinto, romance, 1927
Primeiro Caderno de Poesia do Aluno Oswald de Andrade, 1927
Manifesto Antropófago, 1928
Serafim Pontes Grande, romance, 1933
O Homem e o Cavalo, teatro, 1934
O Rei da Vela, teatro, 1937
A Morta, teatro, 1937
Marco Zero I - A Revolução Melancólica, romance, 1943
A Arcádia e a Inconfidência, ensaio, 1945
Ponta de Lança, ensaio, 1945
Marco Zero II - Chão, romance, 1946
A Crise da Filosofia Messiânica, 1946
O Rei Floquinhos, teatro, 1953
Um Homem Sem Profissão, memórias, 1954
A Marcha das Utopias, 1966 (edição póstuma)
Poesias Reunidas, (edição póstuma)
Telefonemas, crônicas, (edição póstuma)

Características de seu estilo literário:

Oswald de Andrade pregava a liberdade na construção do texto, deixando de lado as formalidades encontradas nas obras dos períodos anteriores. O autor buscava, principalmente, formar uma identidade nacional, acreditava na relevância da cultura brasileira.
Em seus poemas, Oswald de Andrade afirma uma imagem de Brasil marcada pelo humor, pela ironia e também por uma crítica profunda e um imenso amor pelo país, como atesta o lirismo de muitos de seus versos.
Uma visão crítica da história do Brasil se manifesta na releitura de textos e eventos do período colonial do país.

Principais características:

- Ruptura com a gramática normativa;
- Coloquial e repleta de humor;
-Simplicidade da linguagem;
- Temáticas cotidianas;
- Nacionalismo.



Pronominais- Oswald de Andrade

Dê-me um cigarro Diz a gramática

Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro 


Análise do poema Pronominais: Podemos perceber aqui que o poeta sutilmente faz uma crítica à questão do formalismo linguístico tanto explorado por artistas, principalmente do Parnasianismo, como é o caso de Olavo Bilac. Quando ele se refere à Nação Brasileira, está justamente colocando em prática o nacionalismo e as características que lhes são peculiares.


Brasil- Oswald de Andrade
Para Trolyr

O Zé Pereira chegou de caravela
E perguntou pro guarani da mata virgem
- Sois cristão?
- Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da Morte
Teterê tetê Quizá Quizá Quecê!
Lá longe a onça resmungava Uu! ua! uu!
O negro zonzo saído da fornalha
Tomou a palavra e respondeu
- Sim pela graça de Deus
Canhem Babá Canhem Babá Cum Cum!
E fizeram o Carnaval

Análise do poema Brasil de Oswald de Andrade: O tom coloquial do poema recria o modo irônico  a chegada dos portugueses. O momento, normalmente tratado de modo solene, é apresentado a partir de uma perspectiva irreverente. O diálogo entre o índio Guarani e o Zé Pereira, ou seja, um indivíduo qualquer, ilustra  as muitas influências e vozes que contribuíram para a definição do caráter nacional.


EXERCÍCIOS

1- (UNIFESP – SP)     SENHOR FEUDAL- Oswald de Andrade
Se Pedro Segundo
Vier aqui
Com história
Eu boto ele na cadeia.
O título do poema de Oswald remete o leitor à Idade Média. Nele, assim como nas cantigas de amor, a ideia de poder retoma o conceito de
a) fé religiosa.
b) relação de vassalagem.
c) idealização do amor.
d) saudade de um ente distante.
e) igualdade entre as pessoas.


2- Assinale a alternativa em que se encontram preocupações estéticas da Primeira Geração Modernista:
a). Principal corrente de vanguarda da Literatura Brasileira, rompeu com a estrutura discursiva do verso tradicional, valendo-se de materiais gráficos e visuais que transformaram a estrutura do poema.
b). Busca pelo sentido da existência humana, confronto entre o homem e a realidade, reflexão filosófico-existencialista, espiritualismo, preocupação social e política, metalinguagem e sensualismo.
c). Os escritores de maior destaque da primeira fase do Modernismo defendiam a reconstrução da cultura brasileira sobre bases nacionais, revisão crítica de nosso passado histórico e de nossas tradições culturais, eliminação do complexo de colonizados e uso de uma linguagem própria da cultura brasileira.
d). Amadurecimento da prosa, sobretudo do romance, enfoque mais direto dos fatos, influência da estética Realista-Naturalista do século XIX e caráter documental, como no livro Vidas secas, de Graciliano Ramos.


3- Vício na fala
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados.
(Oswald de Andrade)
Sobre o poema de Oswald de Andrade, julgue as seguintes proposições:
I. O poema de Oswald de Andrade volta-se contra o preconceito linguístico e nos chama a atenção para a necessidade de uma espécie de ética linguística pautada na diferença entre as línguas, nesse caso em uma única língua.
II. O poema critica a maneira de falar do povo brasileiro, sobretudo das classes incultas que desconhecem o nível formal da língua.
III. Para ele, os falantes que dizem “mio”, “mió”, “pió”, “teia”, “teiado”, de certa forma, constroem um “telhado”, ou seja, criam novas formas de pronúncia que se sobressaem, em muitos casos, à norma culta.
IV. A palavra “vício”, encontrada no título do poema, denota certo preconceito linguístico do autor, que julga a norma culta superior ao coloquialismo presente na fala das pessoas menos esclarecidas.
a) Todas estão corretas.
b) I e III estão corretas.
c) I, III e IV estão corretas.
d) II e III estão corretas.

4- (ENEM 2012) O trovador

Sentimentos em mim do asperamente
dos homens das primeiras eras…
As primaveras do sarcasmo
intermitentemente no meu coração arlequinal…
Intermitentemente…
Outras vezes é um doente, um frio
na minha alma doente como um longo som redondo…
Cantabona! Cantabona!
Dlorom…
Sou um tupi tangendo um alaúde!
ANDRADE, M. In: MANFIO, D. Z. (Org.) Poesias completas de Mário de Andrade.
Belo Horizonte: Itatiaia, 2005.
Cara ao Modernismo, a questão da identidade nacional é recorrente na prosa e na poesia de Mário de Andrade. Em O trovador, esse aspecto é
a) abordado subliminarmente, por meio de expressões como “coração arlequinal” que, evocando o carnaval, remete à brasilidade.
b) verificado já no título, que remete aos repentistas nordestinos, estudados por Mário de Andrade em suas viagens e pesquisas folclóricas.
c) lamentado pelo eu lírico, tanto no uso de expressões como “Sentimentos em mim do asperamente” (v. 1), “frio” (v. 6), “alma doente” (v. 7), como pelo som triste do alaúde “Dlorom” (v. 9).
d) problematizado na oposição tupi (selvagem) x alaúde (civilizado), apontando a síntese nacional que seria proposta no Manifesto Antropófago, de Oswald de Andrade.
e) exaltado pelo eu lírico, que evoca os “sentimentos dos homens das primeiras eras” para mostrar o orgulho brasileiro por suas raízes indígenas.

5- São características da obra de Oswald de Andrade, exceto:
a) A obra de Oswald de Andrade representa um dos cortes mais profundos do modernismo brasileiro em relação à cultura do passado.
b) Sua obra é debochada, irônica e crítica, sempre pronta para satirizar os meios acadêmicos ou a própria burguesia, classe da qual se originara.
c) A linguagem utilizada por Oswald caracteriza-se pela síntese, pelas rupturas sintáticas e lógicas, pelas imagens bruscas e pela fragmentação.
d) Em sua obra estão presentes o lirismo, a piada, a imaginação, a fala popular, a ironia, os 
flashes cinematográficos, todos elementos observados nos chamados poemas-minuto.
e) Os temas mais comuns de sua obra são a paixão pela vida, a morte, o amor e o erotismo, a solidão, a angústia existencial, o cotidiano e a infância.

Respostas:
1- B. Nada mais notório que a relação entre “Senhor Feudal” e a organização social da Idade Média e a instituição da suserania e vassalagem. No poema de Oswald, podemos perceber as características que nortearam sua obra, como a liberdade na construção do texto, deixando de lado aspectos formais encontrados nas obras dos períodos anteriores, entre eles o romantismo e o parnasianismo. Assim como Mário de Andrade, o escritor buscava a formação de uma identidade nacional, pois acreditava na relevância da cultura brasileira.

2- C. A primeira fase modernista surgiu do anseio de escritores como Mário de Andrade e Manuel Bandeira por mudanças na Literatura Brasileira. Para a criação de uma Literatura genuinamente nacional, pregavam a ruptura com os padrões clássicos impostos pela cultura europeia. Na linguagem, defendiam uma língua sem arcaísmos, livre de erudição.

3- B. Em razão do projeto político do autor e da escola literária à qual Oswald de Andrade pertencia, podemos afirmar que o “vício” é, na verdade, uma virtude, uma marca de regionalismo importante para a construção da identidade nacional, bandeira defendida pelos primeiros modernistas. Através da linguagem, Oswald conseguiu contrastar as diferenças entre a classe culta e a classe operária, essa última responsável por usar variantes e regionalismos. Contudo, não há intenção preconceituosa no posicionamento de Oswald, que sempre buscou a valorização do Brasil real presente na linguagem empregada pelo povo.

4- D. A obra de Mário de Andrade é um retrato fiel da primeira fase do Modernismo, principalmente no tema da identidade nacional. No poema, precisamos perceber uma visão crítica por parte do autor, quando choca a ideia do tupi (selvagem) e do alaúde (civilizado), ingredientes importantes na formação do Brasil. A linguagem metaforizada e o tema da síntese cultural do Brasil lembram o Manifesto Antropofágico, de Oswald de Andrade, que tinha como objetivo falar da dependência cultural existente no Brasil.

5- E. As características descritas na alternativa “e” fazem referência à obra de Manuel Bandeira, que, ao lado de Oswald e Mário de Andrade, formou a famosa tríade modernista, responsável por difundir os ideais modernistas. Entre esses ideais, a construção de uma literatura genuinamente brasileira que falasse de seu povo e de seus costumes por meio de uma linguagem livre de arcaísmos, na qual os temas do cotidiano, o nacionalismo, o humor e a ironia fossem privilegiados.



Marcela Almeida