quarta-feira, 31 de maio de 2017

Literatura Brasileira - Carlos Drummond de Andrade

       BIOGRAFIA

Carlos Drummond de Andrade, nascido em Itabira, 1902, Minas Gerais. Formou-se em Farmácia, mas sem interesse pela profissão, lecionou Geografia e Português, dedicando-se também por jornalismo, durante muitos anos. Em 1928, ingressou no funcionalismo público, tendo exercido entre outros cargos a chefia de gabinete do ministro da Educação Gustavo Capanema. 

OBRA

Carlos Drummond de Andrade está colocado entre os mais importantes poetas brasileiros, graças à indiscutível qualidade de sua obra poética, principalmente. Aliando essa qualidade artística à capacidade de comunicação escrita, ele atingiu enorme aceitação popular não só junto ao grande público, como também entre os leitores iniciados na arte poética e, naturalmente, mais exigentes. Mais do que isso, Drummond é unanimidade entre os críticos literários, sendo, hoje, o nome de maior ressonância nacional na poesia.
Uma das características da poesia de Drummond, percebida por meio de uma leitura panorâmica de sua obra, é a ligação com seu próprio tempo. Talvez poucos poetas tenham conseguido manter tantas referências históricas como Drummond, sem fazer concessão, apesar da dificuldade de se conseguir e de se manter essa ligação.
Assim é que, em seus primeiros livros
publicados ao longo da década de 1930, Drummond ainda traz a marca das influencias inevitáveis da primeira geração do Modernismo, principalmente o humor irônico e corrosivo de Oswald de Andrade, e o antilirismo de Manuel Bandeira. O entusiasmo estético domina essa fase de grandes invenções e ousadias – tudo era permitido, toda experiência era valida, tanto que o poema “No meio do caminho”, de Drummond, publicado na revista de Antropofagia de Oswald, marcou época pelas criticas positivas que mereceu e pelo apoio que teve pelos modernistas de São Paulo. Foi praticamente dai que eles tiveram sua atenção despertada para a obra daquele poeta mineiro.
Deste período, pode-se destacar o texto a seguir, retirado do primeiro livro publicado pelo escritor, Alguma Poesia, de 1930. Nele, percebe-se um dos elementos   eu caracterizam a poesia de Drummond daquele momento: a colocação do próprio poeta no primeiro plano, a autocentralização.

POEMA DE SETE FACES


Quando nasci, um anjo torto 
esses que vivem na sombra 
disse: Vai, Carlos!, ser gauche na vida

As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.

O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tantas pernas, meu Deus, pergunta meu coração.

Porém meus olhos
não perguntam nada.

O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.

Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.

Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.

Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é o meu coração.

Eu não devia te dizer 
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.


ANÁLISE

Chama-se Poema de sete faces, por ser uma composição de sete estrofes e, em cada uma delas, o eu - lírico vai revelando seus sentimentos ou jeito de ser.
Na 1ª estrofe, o anjo torto que existe na vida dele pode simbolizar um mau conselheiro, que o encaminhou de forma errada proporcionando a ele uma existência infeliz. Este anjo o manipula a ponto de determinar-lhe o destino. Drummond se utiliza de um estrangeirismo francês a palavra "gauche", que corresponde a palavra “esquerdo” em português e nesse caso adquire o sentido de desajustado. O eu - lírico se via "torto", "canhestro", gauche diante de si e do mundo. Na 2ª estrofe, ele faz referência ao desejo sexual dos homens, questiona com isso o seu próprio eu. Se não tivesse essa busca sexual desenfreada, talvez não fosse tão só, talvez tivesse conhecido o amor. Na 3ª estrofe, o eu - lírico sente-se sozinho, apesar da multidão que o cerca, alheio, indiferente aos fatos e às pessoas que parecem incomodá-lo com tanta agitação, ele distancia-se da realidade. Na 4ª, ele é o homem que está atrás do bigode e dos óculos, por sua seriedade e isolamento, parece esconder-se atrás desses adereços para evitar a convivência com as outras pessoas, o que o assusta. Na 5ª, Deus é questionado pelo eu - lírico, o qual julga que o Todo- Poderoso o deixou em um caminho errante e que por isso ele é um fracassado, diante da vida. Já na 6ª estrofe, o coração dele é mais vasto que o mundo, tal qual é a grandeza de sua solidão. A tristeza dele parece não caber no mundo, ao qual não se adapta. Ele afirma que apesar de se chamar Raimundo que significa protetor, poderoso, sábio, é uma pessoa que tende a se isolar, pois é muito rigorosa consigo mesma e supervaloriza as virtudes dos outros. Mas, quando se conscientiza da sua própria importância, torna-se capaz de dar apoio e conselhos valiosos a todo o mundo, só serviria para rimar com o mundo, não para solucionar os seus problemas. E na última, o eu - lírico confessa que fez tais revelações sobre si mesmo devido ter-se embriagado. Isto teria o encorajado a confessar sua própria miséria, coisa que seria incapaz de fazer se estivesse em sã consciência, nem isso, Deus o esquecera dele e ele acabara comovido como o diabo, ou seja, acabara sem nenhuma dignidade.
Assim, neste poema, Drummond, de modo metafórico, transmite uma visão negativa do homem, uma visão desesperançada em relação à vida. O eu - lírico se vê injustiçado diante do mundo e do abandono de Deus. O seu referencial é o seu próprio eu insatisfeito, buscando, desejando, retraindo-se, bebendo. O destino é o fracasso, a concretização da previsão do anjo: “vai ser gauche na vida". 

EXERCÍCIOS  

1- Sobre Carlos Drummond de Andrade, é correto afrimar: 

a) Escritor cuja obra pertence à segunda geração modernista, quatro fases podem ser        identificadas em sua obra: fase gauche, fase social, a fase do “não” e a fase da memória.

b) Sua obra está inserida na segunda geração modernista e sua principal característica é a poesia surrealista inspirada no cristianismo e no experimentalismo linguístico. 

c) Sua poesia denuncia a condição de exploração e marginalização dos negros em nosso país e também apresenta grande enfoque nos temas religiosos. 

d) Um dos grandes nomes da poesia da segunda geração modernista, sua obra é marcada pela preocupação religiosa e pela angústia existencial diante da condição humana. 

2- Após a leitura do texto Poema de sete faces, analise que melhor contém uma explicação a cerca dele: 

a) O texto apresenta um eu-lírico que busca auto definir-se. Nele, vê-se um poeta que busca um sentido para viver que vai muito além de ser poeta. 

b) A recorrência de elementos da tradição judaico-cristã assinala um eu-lírico inquieto e perplexo diante da finitude poética. 

c) A primeira estrofe contém uma predição nefasta enunciada ao eu-lírico por um anjo de menor prestígio na hierarquia seráfica. Ao “batizar” o sujeito poético com seu próprio nome, realiza uma amálgama entre vida real e poesia, que será uma constante em sua criação.

d) O poema se constrói com uma constante preocupação narcisista.

e) O poeta traz à tona fatos cotidianos da vida moderna com observações objetivas de quem se coloca distanciado deles. 

REFERÊNCIAS

terça-feira, 30 de maio de 2017

Analisando um Poema e Exercícios

Poemas analisados (Gerações Romantismo) – Prof. Ítalo Puccini 

O canto do guerreiro (Gonçalves Dias)

I

Aqui na floresta Dos ventos batida, Façanhas de bravos Não geram escravos, Que estimem a vida Sem guerra e lidar. - Ouvi-me, Guerreiros. - Ouvi meu cantar.

II

Valente na guerra Quem há, como eu sou? Quem vibra o tacape Com mais valentia? Quem golpes daria Fatais, como eu dou? - Guerreiros, ouvi-me; - Quem há, como eu sou?

Análise: Na pergunta feita pelo guerreiro, podemos identificar uma outra, implícita: quem há como os brasileiros, descendentes de seres tão nobres? Assim tem início, em poemas como esse, a construção de uma imagem de nacionalidade definida pelos símbolos pátrios. O cenário é a selva, composta por uma natureza intocada pelos colonizadores. O eu lírico relata feitos de guerra e caçadas, atividades frequentes dos povos nativos da América. As características dos indígenas são sempre positivas e enaltecedoras: bravura, honra, lealdade. Para o poeta, a história a ser resgatada não pode ignorar a chegada dos portugueses e o massacre das tribos indígenas. Por isso, em “Deprecação”, o eu lírico dirige um apelo ao deus Tupã:

Deprecação (Gonçalves Dias)

Tupã, ó Deus grande! cobriste o teu rosto Com denso velâmen de penas gentis; E jazem teus filhos clamando vingança Dos bens que lhes deste da perda infeliz!

(...)

Anhangá impiedoso nos trouxe de longe Os homens que o raio manejam cruentos, Que vivem sem pátria, que vagam sem tino
Trás do ouro correndo, voraces, sedentos.

E a terra em que pisam, e os campos e os rios Que assaltam, são nossos; tu és nosso Deus: Por que lhes concedes tão alta pujança, Se os raios de morte, que vibram, são teus?

Análise: Com a popularidade alcançada pelos poemas de Gonçalves Dias, o projeto literário da poesia da primeira geração ganha força. Os brasileiros vão tomando contato com os heroicos guerreiros indígenas que lutaram contra os conquistadores portugueses. Como ancestrais, os índios se moldam perfeitamente ao papel literário que lhes cabe: delinear os contornos da nacionalidade a partir de traços positivos, como a honra e a coragem.

_ _ _ _ _

Quando à noite no leito perfumado (Alvares de Azevedo)

Quando, à noite, no leito perfumado Lânguida fronte no sonhar reclinas, No vapor da ilusão por que te orvalha Pranto de amor as pálpebras divinas?

E, quando eu te contemplo adormecida Solto o cabelo no suave leito, Por que um suspiro tépido ressona E desmaia suavíssimo em teu peito?

Virgem do meu amor, o beijo a furto Que pouso em tua face adormecida Não te lembra do peito os meus amores E a febre do sonhar de minha vida?

Dorme, ó anjo de amor! no teu silêncio O meu peito se afoga de ternura... E sinto que o porvir não vale um beijo E o céu um teu suspiro de ventura!

Um beijo divinal que acende as veias, Que de encantos os olhos ilumina, Colhido a medo, como flor da noite, Do teu lábio na rosa purpurina...

E um volver de teus olhos transparentes, Um olhar dessa pálpebra sombria Talvez pudessem reviver-me n’alma As santas ilusões de que eu vivia!

Análise: Observe a “cena amorosa” criada no poema: o eu lírico descreve uma mulher que dorme. Ela é apresentada de acordo com os clichês ultra-românticos (virginal, de
rosto lânguido, expressão sonhadora, cabelos soltos). A aproximação e o beijo roubado (terceira estrofe) acontece com a donzela adormecida. Essa condição é o que permite a aproximação sem risco de concretização do encontro amoroso. Enquanto ela dorme e sonha, ele nos fala sobre as suas fantasias, deixando claro que é governado pela “febre do sonhar”.   No apelo para que a virgem permaneça adormecida, o eu lírico deixa entrever sua opção pela fantasia. Ela não evita, porém, a manifestação do desejo: ele afirma que o futuro vale menos que um beijo; o céu, menos que um suspiro de alegria da mulher amada. Nas duas últimas estrofes, o eu lírico, ao mesmo tempo em que associa a manifestação física do amor ao medo (o beijo divinal é “colhido a medo”), afirma o desejo de ter revividas as ilusões que animavam sua vida.  _ _ _ _ _

Meus oito anos (Casimiro de Abreu)

Oh! que saudades que tenho Da aurora da minha vida, Da minha infância querida Que os anos não trazem mais! Que amor, que sonhos, que flores, Naquelas tardes fagueiras À sombra das bananeiras, Debaixo dos laranjais!

Como são belos os dias Do despontar da existência! - Respira a alma inocência Como perfumes a flor; O mar é – lago sereno, O céu – um manto azulado, O mundo – um sonho dourado, A vida – um hino d’amor!

Que auroras, que sol, que vida, Que noites de melodia Naquela doce alegria, Naquele ingênuo folgar! O céu bordado d’estrelas, A terra de aromas cheia, As ondas beijando a areia E a lua beijando o mar!

Análise: Todas as imagens associadas à infância são positivas. A natureza é caracterizada por árvores de sombra acolhedora, o mar é como um lago sereno e o céu é estrelado. Nesse cenário paradisíaco do passado, emerge o traço principal que torna a infância um momento tão saudoso para o ultra-romântico: era o tempo da inocência. Casimiro de Abreu fala explicitamente disso quando afirma que a alma da criança respira “inocência” e menciona as brincadeiras “ingênuas”. A inocência da criança é perdida na idade adulta. O poema representa uma possibilidade de reviver, de forma idealizada, esse tempo perdido.
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Tragédia no lar (Castro Alves)

(...) Leitor, se não tens desprezo  De vir descer às senzalas, Trocar tapetes e salas Por um alcouce cruel, Vem comigo, mas... cuidado... Que o teu vestido bordado Não fique no chão manchado, No chão do imundo bordel.

Não venhas tu que achas triste Às vezes a própria festa. Tu, grande, que nunca ouviste Senão gemidos da orquestra Por que despertar tu’alma, Em sedas adormecida, Esta excrescência da vida Que ocultas com tanto esmero?

(...)

Não venham esses que negam  A esmola ao leproso, ao pobre. A luva branca do nobre Oh! senhores, não mancheis... Os pés lá pisam em lama, Porém as frontes são puras Mas vós nas faces impuras Tendes lodo, e pus nos pés.

Análise: Os últimos versos são irônicos: o eu lírico confronta a pureza dos escravos à imundície dos senhores. Também são irônicos os versos que advertem as moças para que tenham cuidado e não manchem os vestidos bordados no chão imundo da senzala. O mesmo jogo é retomado, na última estrofe, em relação às luvas brancas do nobre.  Por meio de cenas como estas, fica clara a intenção do poeta: há, na sociedade brasileira, uma sujeira profunda que precisa ser lavada. A mancha da escravidão contamina o tecido social. Embora a elite se mostre elegante nas festas e bailes que frequenta, não conseguirá se livrar da alma causada pela exploração imperdoável de um povo.  _ _ _ _ _






Exercícios preparatórios P8 – Literatura – Prof. Ítalo Puccini

1. Leia o texto abaixo e assinale V para Verdadeiro e F para Falso:

“Portanto, ilustres e não ilustres representantes da crítica, não se constranjam. Censurem, piquem, ou calem-se como lhes aprouver. Não alcançarão jamais que eu escreva neste meu Brasil cousa que pareça vinda em conserva lá da outra banda, como a fruta que nos mandam em lata. (...) O povo que chupa o caju, a manga, o cambucá e a jabuticaba, pode falar uma língua com igual pronúncia e o mesmo espírito do povo que sorve o figo, a pêra, o damasco e a nêspera?”

(ALENCAR, José de. Benção Paterna. In: Sonhos de Ouro. São Paulo: Melhoramentos, s.d.)

(  ) Envolvidos pelo ideário político da independência, Alencar e outros escritores românticos empenham-se na construção da nação brasileira, através da luta pela emancipação da língua e da literatura nacionais. (  ) Na história da literatura brasileira, no percurso que vai do Romantismo ao Modernismo, a bandeira da ruptura com o princípio da imitação aos clássicos é empunhada por todas as escolas literárias. (  ) No segundo parágrafo, Alencar opõe, metonimicamente, por meio das frutas, o ambiente brasileiro ao ambiente europeu. (  ) O texto dá a entender que a língua se adapta ao meio para aonde foi levada, mais precisamente aos órgãos fonadores e à alma do povo que fala.

2. (U.E. Ponta Grossa-PR) A poesia romântica brasileira, em seus diversos momentos, apresenta como características:

01. escapismo e subjetivismo; 02. naturalismo e pitoresco; 04. nacionalismo e crítica social; 08. socialismo e ilogismo; 16. religiosidade e excessos.

( )

3. São características da 1ª geração:

01 Chamada Indianista (ou Gonçalviana). 02 Elementos tipicamente nacionais são exaltados e ampliados pelo prisma da idealização. 04 Forte religiosidade. 08 Gonçalves de Magalhães foi o introdutor do Romantismo no Brasil. 16 Castro Alves foi um importante autor desta geração.

( )

4. Sobre o Romantismo no Brasil, foram feitas as seguintes afirmações. Assinale as incorretas:

 01 Na 1ª Geração (Indianista), houve o predomínio do nacionalismo, da exaltação da natureza e do índio, que era descrito como um herói nacional. O principal autor foi Gonçalves Dias. 02 Na prosa, destacou-se José de Alencar, que teve 4 momentos: indianista, histórico, rural e urbano. 04 A objetividade é um dos traços fundamentais. A realidade é revelada através da atitude pessoal do artista, que traz à tona o seu mundo interior.  08 Exaltação nacionalista e indianista; Idealização da mulher; Atmosfera noturna; Presença da morte;  Tímida participação social com caráter de libertação: características das três gerações poéticas.   16 Joaquim Manuel de Macedo e Manuel Antônio de Almeida foram outros dois principais autores da prosa romântica. O primeiro publicou “Memórias de um sargento de milícias” e o segundo “A moreninha”.

(  )

5. Marque a alternativa correta.

a. Castro Alves e Álvares de Azevedo eram poetas românticos, porém cada um pertencia a uma geração. Apesar disso, os poetas possuíam uma temática semelhante e a figura da mulher era de um ser angelical na poesia de ambos. b. A terceira geração romântica também pode ser chamada de mal-do-século ou byronista. c. José de Alencar foi o autor capaz de traduzir em versos o ufanismo e caracterizar o índio como herói nacional aos moldes, porém, do cavaleiro medieval europeu. d. Castro Alves possui uma literatura de cunho social e buscava através de sua poesia falar sobre a questão da escravidão.

6. Relacione, em um texto de 3 a 5 linhas, a letra da música abaixo com a 2ª Geração do Romantismo.

Iolanda (Chico Buarque)

Esta canção nao é mais que mais uma canção Quem dera fosse uma declaração de amor Romântica, sem procurar a justa forma Do que lhe vem de forma assim tão caudalosa Te amo, te amo, eternamente te amo

Se me faltares, nem por isso eu morro Se é pra morrer, quero morrer contigo Minha solidão se sente acompanhada Por isso às vezes sei que necessito Teu colo, teu colo, eternamente teu colo

Quando te vi, eu bem que estava certo De que me sentiria descoberto A minha pele vais despindo aos poucos Me abres o peito quando me acumulas De amores, de amores, eternamente de amores

Se alguma vez me sinto derrotado Eu abro mão do sol de cada dia Rezando o credo que tu me ensinaste Olho teu rosto e digo à ventania Iolanda, Iolanda, eternamente Iolanda ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________

7. Entre os grandes poetas românticos temos Álvares de Azevedo, Gonçalves Dias e Castro Alves. Podemos dizer que os três autores possuíam a mesma temática em suas poesias? Justifique sua resposta. ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________

Literatura Brasileira - Romantismo

Romantismo (seculo XIX) é o período literário que veio depois do Arcadismo (século XVIII) e é dividido em três fases: Primeira Geração (Indianismo), Segunda Geração (Ultrarromantismo) e Terceira Geração (Condoreirismo).

De modo geral, o Romantismo é caracterizado pela subjetividade, pela emoção, pelo sentimentalismo e pelo lirismo (à grosso modo, tudo isso é a mesma coisa). Ou seja: os escritores românticos escreviam de modo mais emotivo e sentimental, explorando as emoções e o drama humano.

A primeira fase dá destaque ao nacionalismo e ao índio (símbolo brasileiro), a segunda fase explora o drama humano, investigando o próprio "eu" (é uma fase mais dramática e depressiva) e a terceira fase explora a temática social. 

Primeira Geração (Indianismo)

No século XIX, o Brasil finalmente deixou de ser colônia de Portugal e conquistou a sua independência. Sendo assim, surgiu o desejo de fazer com que a nossa produção literária ficasse, de fato, mais "brasileira", afastando-se da literatura europeia e ganhando características mais próprias, ou seja: ficando mais nacional. Afinal, o Brasil agora é independente e precisa de uma literatura própria, precisa construir a sua cultura. 

Surgiu, então, a primeira fase do Romantismo, que era o Indianismo (Primeira Geração), que tinha como característica valorizar e exaltar tudo o que o Brasil tinha de bom: exaltação do índio (daí vem o nome "indianismo"), da natureza, da liberdade, além da presença do forte espírito patriótico (nacionalismo ufanista). Destacam-se nesse período: Gonçalves Dias (que escreveu Canção do ExílioI-Juca-Pirama e Os Timbiras) e Gonçalves de Magalhães (que escreveu Suspiros Poéticos e Saudades, obra que iniciou o Romantismo no Brasil).

Exemplo de texto indianista:

Canção do Exílio 
(Gonçalves Dias)

Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá 
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá

Nosso céu tem mais estrelas
Nossas várzeas tem mais flores
Nossos bosques têm mais vida
Nossa vida mais amores

Esse poema foi escrito quando o poeta estava em Portugal. Portanto, o poema retrata a saudade do Brasil, exaltando suas características (palmeiras, sabiá, várzeas, flores, bosques, etc...). 

Na prosa, quem se destacou foi José de Alencar, que era um romancista "completo": escreveu romances históricos, indianistas, urbanos e regionalistas. É o autor de Iracema, grande obra do período. 

Também podemos destacar Joaquim Manoel de Macedo (autor de "A Moreninha") e Manuel Antônio de Almeida (autor de "Memórias de um Sargento de Milícias"). 

Segunda Geração (Ultrarromantismo)

Ultrarromantismo é a segunda fase do Romantismo e é caracterizado pela influência do poeta britânico George Byron, que aborda temas depressivos e pessimistas, como a morte, a dor, o amor não correspondido, o tédio, a tristeza profunda, o individualismo, o saudosismo, o excesso de sentimentalismo, entre outros. Por isso, essa geração de poetas é conhecida como "Mal do Século". No Brasil, os principais autores foram: Álvares de AzevedoCasimiro de Abreu e Fagundes Varella.

Os poetas eram ultrarromânticos, ou seja: eles eram "ultrasentimentais", "ultraemotivos", "ultrasubjetivos".  Isso significa que eles eram bem emotivos e sentimentais.

Veja, agora, um trecho de um texto ultrarromântico.

Cântico do Calvário
(Fagundes Varela)

Mas não! Tu dormes no infinito seio 
Do Criador dos seres! Tu me falas 
Na voz dos ventos, no chorar das aves, 
Talvez das ondas no respiro flébil! 
Tu me contemplas lá do céu, quem sabe, 
No vulto solitário de uma estrela, 
E são teus raios que meu estro aquecem! 
Pois bem! Mostra-me as voltas do caminho! 
Brilha e fulgura no azulado manto, 
Mas não te arrojes, lágrima da noite, 
Nas ondas nebulosas do ocidente! 
Brilha e fulgura! Quando a morte fria 
Sobre mim sacudir o pó das asas, 
Escada de Jacó serão teus raios 
Por onde asinha subirá minh'alma.

Observe como essa poesia está carregada de emoção e de sentimentos. Ela foi escrita por Fagundes Varela em memória de seu filho (morto em 1863).
Terceira Geração (Condoreirismo)

Condoreirismo foi a terceira fase do Romantismo e tinha como característica a questão social: abolicionismo da escravidão, liberdade, republicanismo. O abolicionismo foi um tema de destaque nesse período, sendo bem explorado por Castro Alves (conhecido como o "poeta dos escravos"), que escreveu Navio Negreiro e Espumas Flutuantes

"Condoreirismo" vem de "condor", uma ave que tem uma visão ampla. Portanto, os escritores do período também agiam como condores, pois tinham uma visão ampla e conseguiam enxergar a realidade social e seus problemas. 

Outra característica é que o amor é realizado: o homem não fica mais idealizando sua musa inatingível (como ocorria antes), não ocorre mais o "amor platônico". Dessa vez, a mulher é algo muito mais real e a poesia é muito mais erótica.

Essa fase já começa a apresentar alguns elementos de transição para os próximos períodos da Literatura Brasileira: o Realismo e o Naturalismo.


Fonte: http://www.resumosdeliteratura.com/2014/10/resumo-de-romantismo-literatura.html

Barroco

PLANO DE AULA

Escola: E.E. Zilah Viagi Ferreira Passarelli de Campos
Professores: Camila Menezes Maia; Marcela dos Santos Almeida; Rodrigo Borges Bento.
Matéria: Literatura Brasileira - Poesia
Data: 18/04/2017
Turma: 1º ano - Ensino Médio
Tema: Barroco.
  
Objetivos gerais:
Fazer com que os alunos compreendam os fatos históricos que levaram a este período literário, bem como seus principais autores (com foco em Gregório de Matos) para trabalharmos as características da escola proposta, trabalhar a análise crítica de poemas e compreensão do contexto social da época, também motivando-os a desenvolver poemas com base nas características apresentadas.

Objetivos específicos:
1- Compreender o que foram a Reforma e a Contrarreforma e de que modo influenciaram a produção artístico-cultura.
2- Identificar e compreender como se articularam os agentes do discurso no período.
3- Explicar como os conceitos de agudeza, rebuscamento e contraste definiram o projeto literário do Barroco.
4- Reconhecer recursos linguísticos explorados na literatura barroca, como metáforas, antíteses, paradoxos e analisar de que modo esses recursos participam da construção de sentido dos textos.
5- Analisar de que modo ecos da produção barroca podem ser reconhecidos em textos literários produzidos em diferentes momentos.

Conteúdo:
Capítulo 10, Livro Português - Contexto, Interlocução e sentido, autoras Maria Luiza M. Abaurre; Maria Bernadete M. Abaurre; Marcela Pontara, editora Moderna.

Método/Estratégia:
Utilizaremos o livro didático para apresentar o conteúdo aos alunos, fazendo uma leitura coletiva dos textos introdutórios. Após a leitura e explicação, faremos a aplicação de exercícios, tais como a análise de um poema para a identificação de suas características.

Recursos Didáticos: Livro Português - Contexto, Interlocução e sentido, autoras Maria Luiza M. Abaurre; Maria Bernadete M. Abaurre; Marcela Pontara, editora Moderna.

Avaliação: Avaliaremos o conteúdo através de questionários encontrados no livro didático, e após a realização dos exercícios faremos um debate para discutir as respostas dadas pelos alunos.

O autor escolhido para ser trabalhado foi Gregório de Matos que foi o maior poeta barroco brasileiro, sua obra permaneceu inédita por muito tempo, suas obras são ricas em sátiras, além de retratar a Bahia com bastante irreverência, o autor não foi indiferente à paixão humana e religiosa, à natureza e reflexão.
As obras desse escritor são divididas de acordo com a temática: poesia lírica religiosa, amorosa e filosófica.
Apresentaremos o poema “A Jesus Cristo Nosso Senhor” e faremos uma análise coletiva, revendo as características do período literário e reconhecendo-as no poema apresentado.

Características do Barroco

As principais características do barroco brasileiro são:
- Linguagem dramática
- Racionalismo
- Exagero e rebuscamento
- Uso de figuras de linguagem
- União do religioso e do profano
- Arte dualista
- Jogo de contrastes
- Valorização dos detalhes
- Cultismo (jogo de palavras)
- Conceptismo (jogo de ideias)

A harmonia da dissonância

    Como o movimento cultural e artístico, o Barroco se estende do final do século XVI até o início do século XVIII. Começa na Itália e alcança vários países europeus e algumas de suas colônias, como o Brasil.
    A reação católica ao protestantismo terá grande influência na definição das características do Barroco. Na origem dessas características, há uma tensão que nasce da tentativa de fundir visões opostas: a perspectiva da antropocêntrica, herdada do Renascimento, e a teocêntrica, resgatada por grandes dúvidas existenciais.

Os agentes do discurso


   No momento em que as obras barrocas começam a ser produzidas, a circulação dos textos literários ainda está bastante restrita à corte, centro de poder, e às universidades, centros de saber.
   Para criar condições de um diálogo contínuo e produtivo entre os diferentes escritores, surgem as Academias, agremiações culturais em que eles se reúnem para ler e estudar a poesia e os tratados de retóricas dos clássicos latinos.
   De modo geral, os textos circulam em cópias acessíveis a poucos. São publicados em folhas manuscritas e não como livro impresso, para evitar que sejam lidos por um público maior, tido como “vulgar”.

A fábrica de metáforas 

O trabalho com a linguagem é o segredo da construção das agudezas. Os poetas definiram um processo que os auxiliava a criar metáforas. O tema era submetido a uma análise baseada em dez categorias diferentes, como qualidade, ação, etc. No fim  desse processo, o poeta dispunha de dez espécies de definições que, combinadas, criavam imagens inesperadas.

Outros recursos da linguagem barroca

   Antíteses e paradoxos são figuras que tratam de conceitos e de qualidades contraditórias. Eles simbolizam, portanto, uma característica que define a estética barroca: a tensão, o movimento, a tentativa de conciliar aspectos opostos.


As correntes do Barroco

   Duas correntes são identificadas no Barroco literário: o cultismo e o conceptismo. Ambas buscam, por meios diferentes, um mesmo  fim: criar artifícios de linguagem que revelem agudeza e engenho.

O Pessimismo e O Feísmo

A religiosidade acentuada pelas disputas entre protestantes e católicos emprestou um caráter mais dramático à vida no século XVII. Nesse contexto, um olhar mais pessimista para o mundo sobressai nas obras de arte. A vida terrena é caracterizada por traços que sugerem tristeza e sofrimento, para representá-la como oposta à felicidade da vida celestial. Dividido entre a razão e a religião, o ser humano opta pela religião na esperança de alcançar a glória divina.
Manifestando o pessimismo dos autores, várias obras barrocas exploram a miséria da condição humana, apresentada em alguns aspectos crueis, dolorosos e, muitas vezes, repugnantes.


Linguagem: Agudeza e Engenho

Os participantes das disputas literárias avaliavam a qualidade dos escritores pela agudeza com que criavam e pelo engenho que demonstravam ao promover associações inesperadas entre ideias.
A agudeza é a capacidade de dizer algo de modo imprevisto e inteligente. Por este motivo, os poetas do barroco se esforçaram para criar metáforas, analogias e imagens que pudessem ser vistas como agudezas. O engenho é a capacidade de promover a correspondência inesperada entre ideias e conseguir sintetizar um pensamento em palavras brilhantes.

O Barroco brasileiro

 São três as condições para a existência de uma literatura nacional: a presença de escritores que produzam continuamente, a possibilidade de publicação e circulação das obras literárias e um público que leia regularmente as obras produzidas. Quando essas três condições são atendidas, começa a funcionar o que o crítico Antônio Cândido chamou de sistema literário.
 Essas condições ainda não estavam presentes no Brasil colonial. Apenas os centros urbanos mais importantes, como Salvador e Recife, apresentavam alguma organização. Por isso, os poucos escritores que surgiram viviam isolados. As obras que escreviam raramente chegavam a ser publicadas, o que dificultava muito sua circulação. Os textos dependiam de uma difusão oral ou manuscrita, mas isso não acontecia com frequência.
 Por esse motivo, quando se estudam as obras dos escritores que viveram no período colonial, diz-se que elas caracterizam manifestações literárias. A produção brasileira só alcança a condição plena de literatura nacional no século XIX, quando é possível identificar uma produção constante de obras literárias publicadas e lidas com regularidade.

Gregório de Matos (1636 – 1696)

Gregório de Matos é o maior poeta barroco brasileiro, sua obra permaneceu inédita por muito tempo, suas obras são ricas em sátiras, além de retratar a Bahia com bastante irreverência, o autor não foi indiferente à paixão humana e religiosa, à natureza e reflexão.
As obras desse escritor são divididas de acordo com a temática: poesia lírica religiosa, amorosa e filosófica.

- A lírica religiosa: explora temas como o amor a Deus, o arrependimento, o pecado, apresenta referências bíblicas através de uma linguagem culta, cheia de figuras de linguagem. Veja que no exemplo a seguir o poeta baseia-se numa passagem do evangelho de S. Lucas, quando Jesus Cristo narra a parábola da ovelha perdida e conclui dizendo que “há grande alegria nos céus quando um pecador se arrepende”:

A JESUS CRISTO NOSSO SENHOR

Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado,
da vossa alta clemência me despido;
porque, quanto mais tenho delinqüido,
vos tenho a perdoar mais empenhado.

Se basta a vos irar tanto pecado,
a abrandar-vos sobeja um só gemido:
que a mesma culpa, que vos há ofendido
vos tem para o perdão lisonjeado.

Se uma ovelha perdida, e já cobrada
glória tal e prazer tão repentino
vos deu, como afirmais na sacra história,

eu sou Senhor, a ovelha desgarrada,
cobrai-a; e não queirais, pastor divino,
perder na vossa ovelha, a vossa glória.
(Gregório de Matos)

- A lírica amorosa: é marcada pela dualidade amorosa entre carne/espírito, ocasionando um sentimento de culpa no plano espiritual.
- A lírica filosófica: os textos fazem referência à desordem do mundo e às desilusões do homem perante a realidade.

Em virtude de suas sátiras, Gregório de Matos ficou conhecido como “O boca do Inferno”, pois o poeta não economizou palavrões nem críticas em sua linguagem, que além disso era enriquecida com termos indígenas e africanos.

Eis um exemplo dos muitos “retratos” que Gregório de Matos compôs:

SONETO

A cada canto um grande conselheiro,
Que nos quer governar cabana, e vinha,
Não sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro.

Em cada porta um freqüentado olheiro,
Que a vida do vizinho, e da vizinha
Pesquisa. Escuta, espreita, e esquadrinha,
Para levar à Praça, e ao Terreiro.

Muitos mulatos desavergonhados,
Trazidos pelos pés os homens nobres,
Posta nas palmas toda picardia.

Estupendas usuras nos mercados,
Todos, os que não furtam, muito pobres,
E eis aqui a cidade da Bahia.

Nesse texto o poeta expõe os personagens que circulavam pela cidade de Salvador - conhecida como Bahia- desde as mais altas autoridades até os mais pobres escravos.


Exercícios

1- A alternativa que apresenta as principais características do Barroco é:
a) Racionalismo, Universalismo, perfeição formal, presenAlternativa “e”.ça de elementos da mitologia greco-latina e humanismo.
b) Pastoralismo, bucolismo, nativismo, tom confessional, espontaneidade dos sentimentos e exaltação da pureza, da ingenuidade e da beleza.
c) Preocupação formal, preferência por temas descritivos, objetivismo, apego à tradição clássica e vocabulário culto.
d) Subjetivismo e individualismo, eurocentrismo, patriarcalismo e nacionalismo exacerbado.
e) Apelo religioso, misticismo, erotismo, castigo como decorrência do pecado, fugacidade da vida e instabilidade das coisas.
2- A exaltação da forma, o culto à linguagem permeada por metáforas, conflito entre o humanismo renascentista e a tentativa de restauração de uma religiosidade medieval são características do
a) Classicismo.
b) Arcadismo.
c) Romantismo.
d) Barroco.
e) Condoreirismo.
3- Leia o texto a seguir para responder às questões
Aos vícios
Eu sou aquele que os passados anos
Cantei na minha lira maldizente
Torpezas do Brasil, vícios e enganos.
E bem que os descantei bastantemente,
Canto segunda vez na mesma lira
O mesmo assunto em pletro diferente.
Já sinto que me inflama e que me inspira
Talia, que anjo é da minha guarda
Dês que Apolo mandou que me assistira.
[…]
Qual homem pode haver tão paciente,
Que, vendo o triste estado da Bahia,
Não chore, não suspire e não lamente?
Isto faz a discreta fantasia:
Discorre em um e outro desconcerto,
Condena o roubo, increpa a hipocrisia.
O néscio, o ignorante, o inexperto,
Que não elege o bom, nem mau reprova,
Por tudo passa deslumbrado e incerto.
E quando vê talvez na doce trova
Louvado o bem, e o mal vituperado,
A tudo faz focinho, e nada aprova.
Diz logo prudentaço e repousado:
Fulano é um satírico, é um louco,
De língua má, de coração danado.
Néscio, se disso entendes nada ou pouco,
Como mofas com riso e algazarras
Musas, que estimo ter, quando as invoco?
Se souberas falar, também falaras,
Também satirizaras, se souberas,
E se foras poeta, poetizaras.
A ignorância dos homens destas eras
Sisudos faz ser uns, outros prudentes,
Que a mudez canoniza bestas feras.
Há bons, por não poder ser insolentes,
Outros há comedidos de medrosos,
Não mordem outros não, por não ter dentes.
Quantos há que os telhados têm vidrosos,
E deixam de atirar sua pedrada,
De sua mesma telha receosos?
Uma só natureza nos foi dada;
Não criou Deus os naturais diversos;
Um só Adão criou, e esse de nada.
Todos somos ruins, todos perversos,
Só nos distingue o vício e a virtude,
De que uns são comensais, outros adversos.
Quem maior a tiver, do que eu ter pude,
Esse só me censure, esse me note,
Calem se os mais, chiton, e haja saúde.
MATOS, Gregório de. Poemas escolhidos. 13. ed. São Paulo: Cultrix, 1997. (Fragmento).
- O poema transcrito pertence a Gregório de Matos. A própria temática do texto encarrega-se de explicar a alcunha que o poeta teria recebido de “Boca do inferno”. Qual o motivo do apelido? Justifique com versos do poema.
- Segundo o eu lírico, todos têm, em seu íntimo, o desejo de criticar os erros e vícios dos outros, mas não o fazem pelas mais diversas razões. Aponte no poema algumas delas.
- Nas últimas estrofes o eu lírico diz aceitar as críticas, porém, somente aquelas feitas por pessoas de boa índole, virtuosas. Aponte os versos em que isso fica claro.
Exercícios retirados dos links:
<http://exercicios.mundoeducacao.bol.uol.com.br/exercicios-literatura/exercicios-sobre-barroco-no-brasil.htm>
<http://maiseducativo.com.br/exercicios-sobre-barroco-questoes-com-gabarito/>

Alunos: Camila Menezes Maia
              Marcela dos Santos Almeida
              Rodrigo Borges Bento

Literatura Brasileira — Parnasianismo.

Parnasianismo — No Brasil.


Contexto Histórico
A Segunda Revolução Industrial é o período em que ocorre a formação de empresarias e a aliança entre a indústria e a ciência. Ocorre um enorme crescimento da urbanização e dos serviços públicos; as cidades começam a adquirir a face complexa que têm atualmente.
Na Europa e nos Estados Unidos, o deslocamento da produção manual para a mecânica se acentua, aumentando então o número de operários fabris nas cidades industriais em relação ao número de trabalhadores rurais. Aumenta também o numero de burocratas do espaço urbano e como consequência a luta das classes entre patrões e operários fica acirrada. Estes amparados por sindicatos em crescimento e pelos partidos socialistas de linhagem marxista.
No Brasil, a segunda metade de século XIX é marcada pela abolição da escravidão, em 1888, e pela proclamação da Republica, em 1889.


    
Conceito



Depois da revolução romântica que impôs novos parâmetros e novos valores artísticos, formou se em nosso país um grupo de poetas que desejava restaurar a poesia clássica, desprezada pelos românticos. Propunham uma poesia objetiva, de elevado nível vocabular, racionalista, bem-acabada do ponto de vista formal e voltada para temas universais. Criando-se então o parnasianismo. 
O Parnasianismo é o movimento de inspiração clássica que ganhou pouco destaque na Europa, mas teve muita repercussão no Brasil a partir da década de 1880.  A origem da palavra Parnasianismo associa-se ao Parnaso grego, segundo a lenda um monte da Fócida, na Grécia central, consagrado a Apolo e às musas.  A escolha do nome já comprova o interesse dos parnasianos pela tradição clássica, acreditavam que, apoiando-se nos modelos clássicos, estariam combatendo os exageros de emoção e fantasia do Romantismo e, ao mesmo tempo, garantindo o equilíbrio que almejavam.




Características do Parnasianismo
    



Quanto á forma:
·        Gosto pelo soneto, pelo decassílabo e pelo vocabulário  sofisticado
·        Busca do equilíbrio e da perfeição formal.

Quanto ao conteúdo:
·         Objetivismo
·         Influência da literatura clássica
·         Racionalismo
·        Contenção dos sentimentos
·         Universalismo
·         Presença da mitologia greco-latina
·          Arte pela arte ou arte sobre a arte
·        Distanciamento dos temas sociais



Resgate da tradição clássica
Os poetas românticos romperam com séculos de tradição da poesia clássica para criar um novo padrão de poesias, centradas no eu, nos sentimentos, na imaginação e na busca de uma língua brasileira.                                                                                                                             Na opinião dos poetas parnasianos, entretanto, os românticos teriam posto a “boa poesia” a perder, pois teriam deixado de se preocupar com valores importantes da poesia clássica, como equilíbrio, perfeição formal, vocabulário elevado, universalismo, etc. Desse modo, certos temas e procedimentos da poesia clássica — como o cultivo do soneto, a presença da mitologia greco-latina, o racionalismo e o universalismo — voltaram a ser cultivados na poesia parnasiana.
                                      


A arte pela arte”
  
         Distanciados dos problemas sociais, alguns parnasianos dedicaram-se a tematizar em seus poemas a própria arte. Por exemplo, descrevem com precisão obras de arte, como vasos, peças de escultura, lápides tumulares, bordados, etc. Com esse procedimento, restringiram ainda mais o principio da “arte pela arte”, que se transformou em “arte sobre a arte”.

A Batalha do Parnaso:  Guerra ao Romantismo

Doutrinas republicanas, positivistas e determinantes  circulavam na Europa e também se expandiram no Brasil, por meio de jornais do Rio de Janeiro. Esses mesmos jornais eram o centro da vida intelectual, política e econômica do Brasil Império. Porém no final da década de 1870, nas páginas do jornal “O Diário do Rio de Janeiro”, travou-se a “Batalha do Parnaso”.         
 Tratava- se de uma polêmica que opôs os adeptos  do Romantismo, de um lado, e os seguidores do Realismo/ Naturalismo e do Parnasianismo de outro. Entretanto não havia homogeneidade entre os escritores realistas naturalistas e, de outro os poetas parnasianos. Pois a meta dos realistas e naturalistas eram: Uma ficção baseada na análise objetiva da realidade social e humana,  contraponto essa visão,  os parnasianos pregavam a “arte pela arte”, o culto pela forma, sem uma adesão dos problemas sociais do período.                     No entanto, a recusa ao sentimentalismo e da objetividade, levou a união dos realistas, naturalistas e parnasianos contra o Romantismo. Essa união também se de pela divulgação de uma arte ligada ao espírito cientificista, marcada pela objetividade, pela impessoalidade e pelo rigor.

Ornamentação, gramática e lirismo

A obsessão pela forma e pela ornamentação levou os poetas a estudar com profundidade a língua portuguesa, para empregar construções diferentes das usuais como, por exemplo: As frequentes inversões sintáticas e o domínio de um vocábulo culto e até precioso, distante do vocabulário corrente, entretanto vemos que a indiferença ao sofrimento foi muita das vezes abandonada pelos parnasianos.

Olavo Bilac: o ourives da linguagem (1865-1918)

              

É o mais conhecido poeta parnasiano brasileiro, Olavo deslocou-se desde jovem ao jornalismo e a literatura, após abandonar os cursos de Medicina, no Rio de Janeiro, e de Direito em São Paulo.     
Boêmio e contestador, nos primeiros anos aderiu à causa abolicionista junto a José do Patrocínio, colaborando no jornal Cidade do Rio, e se refugiou em Minas Gerais em 1893, perseguindo pelo governo de Floriano Peixoto, contra o qual se posicionada publicamente.  
Nessa época intensifica sua atividade como jornalista político e escrevendo também sua obra Crônicas e novelas (1894).                                                                                       
Posteriormente republicano e nacionalista convicto, Bilac, já consagrado como o maior poeta brasileiro vivo até então, é honrado com missões oficiais pelo país e pelo exterior e se torna ardoroso defensor da pátria, assumindo o papel de poeta cívico. Entra em campanhas em prol da causa militar, trabalha como inspetor de ensino, ajuda a fundar a Academia Brasileira de Letras, escreve poemas infantis de fundo moralista e pedagógico, bem como obras exaltando os valores da língua portuguesa e as virtudes do país.

Obras

Poesias (1888)
Nesta obra desaparece o jornalista com pretensões de agitador político e entra no seu lugar um equilibrado poeta parnasiano, que abraça o ideal da   “a arte pela arte”, obedecendo as regras fixas de composição e pratica um rigoroso culto a forma.  Na seção intitulada “Panóplias”, os poemas tem sua temática esvaziada de qualquer sinal de subjetividade; o elogio ao “belo”  estético é uma constante; o apuro formalista se dá de maneira impecável; e a cultura greco-latina é abertamente resgatada.                                                                                                       
Nos trinta e cinco sonetos de “Via Láctea”, contudo, desenvolve-se a temática amorosa, um dos mais recorrentes motivos da obra de Bilac. Neles, o cuidado com a forma controla o exagero sentimental que certa passionalidade conduza a expressão dos sentimentos. Observe que o poema retoma um antigo tema: a oposição da mulher idealizada e o poeta posto no mundo terreno e, portanto, rebaixado:

Tu, mãe sagrada! Vós também, formosas
Ilusões! Sonhos meus! Íeis por ela
Como um bando de sombras vaporosas.

E, ó meu amor! Eu te buscava, quando
Vi que no alto surgias, calma e bela,
O olhar celeste para o meu baixando...


Profissão de Fé — Olavo Bilac

Invejo o ourives quando escrevo:
     Imito o amor
Com que ele, em ouro, o alto-relevo
     Faz de uma flor.
Imito-o. E, pois, nem de Carrara
     A pedra firo:
O alvo cristal, a pedra rara,
     O ônix prefiro.
Por isso, corre, por servir-me,
     Sobre o papel
A pena, como em prata firme
     Corre o cinzel.
Corre; desenha, enfeita a imagem,
     A ideia veste:
Cinge-lhe ao corpo a ampla roupagem
     Azul celeste.
Torce, aprimora, alteia, lima
A frase; e, enfim,
No verso de ouro engasta a rima,
     Como um rubim.
Quero que a estrofe cristalina,
     Dobrada ao jeito
Do ourives, saia da oficina
     Sem um defeito:
Porque o escrever --tanta perícia,
     Tanta requer,
Que ofício tal... nem há notícia
     De outro qualquer.
Assim procedo. Minha pena
     Segue esta norma,
Por te servir, Deusa serena,
     Serena Forma!



Análise e Explicação


Em “Profissão de Fé” Olavo Bilac, mostra que o ourives e o poeta são semelhantes na suas profissões, pois ambos trabalham em algo com o intuito de alcançar a perfeição, transformando o material trabalhado em algo raro e belo no caso do ourives as pedras preciosas e o poeta palavras.                                  
Percebemos que Bilac tinha o objetivo de mostrar todas as características de como criar uma poesia parnasiana perfeita. Percebemos isso claramente no decorrer da Obra, pois, vemos a utilização da sintaxe em sua totalidade, encontramos também rimas perfeitas e o trabalho das palavras apenas em seu sentido literal. No entanto não vemos em momento algum a poesia tratando de sentimentos, mas zelando para que a mesma seja perfeita gramaticalmente.




Exercícios

 Leia dois poemas de Olavo Bilac e faça atividades propostas.

Texto 1

A Um Poeta
Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino, escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!

Mas que na forma de disfarce o emprego
Do esforço; e a trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua,
Rica mas sóbria, como um templo grego.

Não se mostre na fábrica o suplício
Do mestre. E, natural, o efeito agrade,
Sem lembrar os andaimes do edifício:

Porque a Beleza, gêmea da Verdade,
Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na simplicidade.                                                                 
(Olavo Bilac)

Texto 2

Soneto XIII, “Via láctea”

"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas".
(Olavo Bilac)


Sobre os textos

1.    Qual é a temática do texto 1 ? Como a ideia de “ arte pela arte” se manifesta no tratamento dado a essa temática?

2. No poema "Via láctea" há um diálogo sugerido pelo emprego de pronomes e verbos e pelo emprego das aspas. Identifique os interlocutores desse diálogo.

3. A propósito desse soneto:
a) Identifique no texto um exemplo de predomínio da emoção sobre a razão.
b) O que é necessário, segundo o eu lírico, para estabelecer comunicação com as estrelas?  

4.    Explique de que forma o tema do primeiro poema se expressa nos aspectos formais tanto do texto 1 quanto do texto 2.

5.    Qual é a temática central do texto 2?

6.    Alguns críticos costumam apontar, como consequência do culto excessivo da forma, certa frieza e ausência de sensibilidade nos poemas parnasianos. Os sonetos lidos confirmam esse ponto de vista? Justifique sua resposta.

Exercícios relacionados ao poema “Profissão de Fé”

1.    Nas primeiras estrofes, o poeta define sua “profissão de fé”, isto é, os seus princípios artísticos.
 a)    A quem o poeta se compara nas duas estrofes? Por quê?

b)   Ao longo do texto, o material do poema (a palavra) é comparado a materiais de escultura e da ourivesaria, como o ônix, ouro, rubi, etc. Considerando a qualidade e o tipo de uso desses materiais, que concepção o poeta revela ter a respeito do valor e da função da poesia?

c)    De acordo com a 6ª, a 9ª e a 10ª estrofes, qual é o fundamento principal do projeto poético parnasiano ?

2.    Diferentemente do Realismo e do Naturalismo, que se propunham a descrever, analisar e criticar a realidade, os parnasianos defendiam o princípio da “arte pela arte”, isto é, achavam que a poesia devia voltar-se para si mesma, em busca da perfeição formal.

a)    Explique por que a 8ª estrofe de “Profissão de fé” pode ser vista como expressão do princípio da “arte pela arte”
b)   Os escritores românticos tratavam os temas de modo subjetivo, isto é, deixavam-se levar pela próprias emoções. Observe como o eu lírico do poema aborda o tema enfocado e conclua: O poeta parnasiano tende a ser sentimental e subjetivo ou racional e objetivo no tratamento do tema ?

3. Identifique uma passagem do texto que evidencie a busca pela perfeição formal que aproxima o trabalho do poeta e do ourives. 

4. Explique de que forma o final do poema contrasta com o egocentrismo romântico.


Bibliografia  

Ser Protagonista Língua Portuguesa — Volume 2. Edições SM Ltda/ Cecília Bergamin, Cristiane Escolástico, Marianka Gonçalves-Santa Bárbara, Matheus Martins, Mirella L. Cieto e Ricardo Gonçalves  Barreto.


Português linguagens: volume 2/ Willam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. 

Alunos:
Bruna Carolina Santana do Prado
Juliana Tavares Rocha
Eliezer Feliphe Rocha