terça-feira, 30 de maio de 2017

Barroco

PLANO DE AULA

Escola: E.E. Zilah Viagi Ferreira Passarelli de Campos
Professores: Camila Menezes Maia; Marcela dos Santos Almeida; Rodrigo Borges Bento.
Matéria: Literatura Brasileira - Poesia
Data: 18/04/2017
Turma: 1º ano - Ensino Médio
Tema: Barroco.
  
Objetivos gerais:
Fazer com que os alunos compreendam os fatos históricos que levaram a este período literário, bem como seus principais autores (com foco em Gregório de Matos) para trabalharmos as características da escola proposta, trabalhar a análise crítica de poemas e compreensão do contexto social da época, também motivando-os a desenvolver poemas com base nas características apresentadas.

Objetivos específicos:
1- Compreender o que foram a Reforma e a Contrarreforma e de que modo influenciaram a produção artístico-cultura.
2- Identificar e compreender como se articularam os agentes do discurso no período.
3- Explicar como os conceitos de agudeza, rebuscamento e contraste definiram o projeto literário do Barroco.
4- Reconhecer recursos linguísticos explorados na literatura barroca, como metáforas, antíteses, paradoxos e analisar de que modo esses recursos participam da construção de sentido dos textos.
5- Analisar de que modo ecos da produção barroca podem ser reconhecidos em textos literários produzidos em diferentes momentos.

Conteúdo:
Capítulo 10, Livro Português - Contexto, Interlocução e sentido, autoras Maria Luiza M. Abaurre; Maria Bernadete M. Abaurre; Marcela Pontara, editora Moderna.

Método/Estratégia:
Utilizaremos o livro didático para apresentar o conteúdo aos alunos, fazendo uma leitura coletiva dos textos introdutórios. Após a leitura e explicação, faremos a aplicação de exercícios, tais como a análise de um poema para a identificação de suas características.

Recursos Didáticos: Livro Português - Contexto, Interlocução e sentido, autoras Maria Luiza M. Abaurre; Maria Bernadete M. Abaurre; Marcela Pontara, editora Moderna.

Avaliação: Avaliaremos o conteúdo através de questionários encontrados no livro didático, e após a realização dos exercícios faremos um debate para discutir as respostas dadas pelos alunos.

O autor escolhido para ser trabalhado foi Gregório de Matos que foi o maior poeta barroco brasileiro, sua obra permaneceu inédita por muito tempo, suas obras são ricas em sátiras, além de retratar a Bahia com bastante irreverência, o autor não foi indiferente à paixão humana e religiosa, à natureza e reflexão.
As obras desse escritor são divididas de acordo com a temática: poesia lírica religiosa, amorosa e filosófica.
Apresentaremos o poema “A Jesus Cristo Nosso Senhor” e faremos uma análise coletiva, revendo as características do período literário e reconhecendo-as no poema apresentado.

Características do Barroco

As principais características do barroco brasileiro são:
- Linguagem dramática
- Racionalismo
- Exagero e rebuscamento
- Uso de figuras de linguagem
- União do religioso e do profano
- Arte dualista
- Jogo de contrastes
- Valorização dos detalhes
- Cultismo (jogo de palavras)
- Conceptismo (jogo de ideias)

A harmonia da dissonância

    Como o movimento cultural e artístico, o Barroco se estende do final do século XVI até o início do século XVIII. Começa na Itália e alcança vários países europeus e algumas de suas colônias, como o Brasil.
    A reação católica ao protestantismo terá grande influência na definição das características do Barroco. Na origem dessas características, há uma tensão que nasce da tentativa de fundir visões opostas: a perspectiva da antropocêntrica, herdada do Renascimento, e a teocêntrica, resgatada por grandes dúvidas existenciais.

Os agentes do discurso


   No momento em que as obras barrocas começam a ser produzidas, a circulação dos textos literários ainda está bastante restrita à corte, centro de poder, e às universidades, centros de saber.
   Para criar condições de um diálogo contínuo e produtivo entre os diferentes escritores, surgem as Academias, agremiações culturais em que eles se reúnem para ler e estudar a poesia e os tratados de retóricas dos clássicos latinos.
   De modo geral, os textos circulam em cópias acessíveis a poucos. São publicados em folhas manuscritas e não como livro impresso, para evitar que sejam lidos por um público maior, tido como “vulgar”.

A fábrica de metáforas 

O trabalho com a linguagem é o segredo da construção das agudezas. Os poetas definiram um processo que os auxiliava a criar metáforas. O tema era submetido a uma análise baseada em dez categorias diferentes, como qualidade, ação, etc. No fim  desse processo, o poeta dispunha de dez espécies de definições que, combinadas, criavam imagens inesperadas.

Outros recursos da linguagem barroca

   Antíteses e paradoxos são figuras que tratam de conceitos e de qualidades contraditórias. Eles simbolizam, portanto, uma característica que define a estética barroca: a tensão, o movimento, a tentativa de conciliar aspectos opostos.


As correntes do Barroco

   Duas correntes são identificadas no Barroco literário: o cultismo e o conceptismo. Ambas buscam, por meios diferentes, um mesmo  fim: criar artifícios de linguagem que revelem agudeza e engenho.

O Pessimismo e O Feísmo

A religiosidade acentuada pelas disputas entre protestantes e católicos emprestou um caráter mais dramático à vida no século XVII. Nesse contexto, um olhar mais pessimista para o mundo sobressai nas obras de arte. A vida terrena é caracterizada por traços que sugerem tristeza e sofrimento, para representá-la como oposta à felicidade da vida celestial. Dividido entre a razão e a religião, o ser humano opta pela religião na esperança de alcançar a glória divina.
Manifestando o pessimismo dos autores, várias obras barrocas exploram a miséria da condição humana, apresentada em alguns aspectos crueis, dolorosos e, muitas vezes, repugnantes.


Linguagem: Agudeza e Engenho

Os participantes das disputas literárias avaliavam a qualidade dos escritores pela agudeza com que criavam e pelo engenho que demonstravam ao promover associações inesperadas entre ideias.
A agudeza é a capacidade de dizer algo de modo imprevisto e inteligente. Por este motivo, os poetas do barroco se esforçaram para criar metáforas, analogias e imagens que pudessem ser vistas como agudezas. O engenho é a capacidade de promover a correspondência inesperada entre ideias e conseguir sintetizar um pensamento em palavras brilhantes.

O Barroco brasileiro

 São três as condições para a existência de uma literatura nacional: a presença de escritores que produzam continuamente, a possibilidade de publicação e circulação das obras literárias e um público que leia regularmente as obras produzidas. Quando essas três condições são atendidas, começa a funcionar o que o crítico Antônio Cândido chamou de sistema literário.
 Essas condições ainda não estavam presentes no Brasil colonial. Apenas os centros urbanos mais importantes, como Salvador e Recife, apresentavam alguma organização. Por isso, os poucos escritores que surgiram viviam isolados. As obras que escreviam raramente chegavam a ser publicadas, o que dificultava muito sua circulação. Os textos dependiam de uma difusão oral ou manuscrita, mas isso não acontecia com frequência.
 Por esse motivo, quando se estudam as obras dos escritores que viveram no período colonial, diz-se que elas caracterizam manifestações literárias. A produção brasileira só alcança a condição plena de literatura nacional no século XIX, quando é possível identificar uma produção constante de obras literárias publicadas e lidas com regularidade.

Gregório de Matos (1636 – 1696)

Gregório de Matos é o maior poeta barroco brasileiro, sua obra permaneceu inédita por muito tempo, suas obras são ricas em sátiras, além de retratar a Bahia com bastante irreverência, o autor não foi indiferente à paixão humana e religiosa, à natureza e reflexão.
As obras desse escritor são divididas de acordo com a temática: poesia lírica religiosa, amorosa e filosófica.

- A lírica religiosa: explora temas como o amor a Deus, o arrependimento, o pecado, apresenta referências bíblicas através de uma linguagem culta, cheia de figuras de linguagem. Veja que no exemplo a seguir o poeta baseia-se numa passagem do evangelho de S. Lucas, quando Jesus Cristo narra a parábola da ovelha perdida e conclui dizendo que “há grande alegria nos céus quando um pecador se arrepende”:

A JESUS CRISTO NOSSO SENHOR

Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado,
da vossa alta clemência me despido;
porque, quanto mais tenho delinqüido,
vos tenho a perdoar mais empenhado.

Se basta a vos irar tanto pecado,
a abrandar-vos sobeja um só gemido:
que a mesma culpa, que vos há ofendido
vos tem para o perdão lisonjeado.

Se uma ovelha perdida, e já cobrada
glória tal e prazer tão repentino
vos deu, como afirmais na sacra história,

eu sou Senhor, a ovelha desgarrada,
cobrai-a; e não queirais, pastor divino,
perder na vossa ovelha, a vossa glória.
(Gregório de Matos)

- A lírica amorosa: é marcada pela dualidade amorosa entre carne/espírito, ocasionando um sentimento de culpa no plano espiritual.
- A lírica filosófica: os textos fazem referência à desordem do mundo e às desilusões do homem perante a realidade.

Em virtude de suas sátiras, Gregório de Matos ficou conhecido como “O boca do Inferno”, pois o poeta não economizou palavrões nem críticas em sua linguagem, que além disso era enriquecida com termos indígenas e africanos.

Eis um exemplo dos muitos “retratos” que Gregório de Matos compôs:

SONETO

A cada canto um grande conselheiro,
Que nos quer governar cabana, e vinha,
Não sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro.

Em cada porta um freqüentado olheiro,
Que a vida do vizinho, e da vizinha
Pesquisa. Escuta, espreita, e esquadrinha,
Para levar à Praça, e ao Terreiro.

Muitos mulatos desavergonhados,
Trazidos pelos pés os homens nobres,
Posta nas palmas toda picardia.

Estupendas usuras nos mercados,
Todos, os que não furtam, muito pobres,
E eis aqui a cidade da Bahia.

Nesse texto o poeta expõe os personagens que circulavam pela cidade de Salvador - conhecida como Bahia- desde as mais altas autoridades até os mais pobres escravos.


Exercícios

1- A alternativa que apresenta as principais características do Barroco é:
a) Racionalismo, Universalismo, perfeição formal, presenAlternativa “e”.ça de elementos da mitologia greco-latina e humanismo.
b) Pastoralismo, bucolismo, nativismo, tom confessional, espontaneidade dos sentimentos e exaltação da pureza, da ingenuidade e da beleza.
c) Preocupação formal, preferência por temas descritivos, objetivismo, apego à tradição clássica e vocabulário culto.
d) Subjetivismo e individualismo, eurocentrismo, patriarcalismo e nacionalismo exacerbado.
e) Apelo religioso, misticismo, erotismo, castigo como decorrência do pecado, fugacidade da vida e instabilidade das coisas.
2- A exaltação da forma, o culto à linguagem permeada por metáforas, conflito entre o humanismo renascentista e a tentativa de restauração de uma religiosidade medieval são características do
a) Classicismo.
b) Arcadismo.
c) Romantismo.
d) Barroco.
e) Condoreirismo.
3- Leia o texto a seguir para responder às questões
Aos vícios
Eu sou aquele que os passados anos
Cantei na minha lira maldizente
Torpezas do Brasil, vícios e enganos.
E bem que os descantei bastantemente,
Canto segunda vez na mesma lira
O mesmo assunto em pletro diferente.
Já sinto que me inflama e que me inspira
Talia, que anjo é da minha guarda
Dês que Apolo mandou que me assistira.
[…]
Qual homem pode haver tão paciente,
Que, vendo o triste estado da Bahia,
Não chore, não suspire e não lamente?
Isto faz a discreta fantasia:
Discorre em um e outro desconcerto,
Condena o roubo, increpa a hipocrisia.
O néscio, o ignorante, o inexperto,
Que não elege o bom, nem mau reprova,
Por tudo passa deslumbrado e incerto.
E quando vê talvez na doce trova
Louvado o bem, e o mal vituperado,
A tudo faz focinho, e nada aprova.
Diz logo prudentaço e repousado:
Fulano é um satírico, é um louco,
De língua má, de coração danado.
Néscio, se disso entendes nada ou pouco,
Como mofas com riso e algazarras
Musas, que estimo ter, quando as invoco?
Se souberas falar, também falaras,
Também satirizaras, se souberas,
E se foras poeta, poetizaras.
A ignorância dos homens destas eras
Sisudos faz ser uns, outros prudentes,
Que a mudez canoniza bestas feras.
Há bons, por não poder ser insolentes,
Outros há comedidos de medrosos,
Não mordem outros não, por não ter dentes.
Quantos há que os telhados têm vidrosos,
E deixam de atirar sua pedrada,
De sua mesma telha receosos?
Uma só natureza nos foi dada;
Não criou Deus os naturais diversos;
Um só Adão criou, e esse de nada.
Todos somos ruins, todos perversos,
Só nos distingue o vício e a virtude,
De que uns são comensais, outros adversos.
Quem maior a tiver, do que eu ter pude,
Esse só me censure, esse me note,
Calem se os mais, chiton, e haja saúde.
MATOS, Gregório de. Poemas escolhidos. 13. ed. São Paulo: Cultrix, 1997. (Fragmento).
- O poema transcrito pertence a Gregório de Matos. A própria temática do texto encarrega-se de explicar a alcunha que o poeta teria recebido de “Boca do inferno”. Qual o motivo do apelido? Justifique com versos do poema.
- Segundo o eu lírico, todos têm, em seu íntimo, o desejo de criticar os erros e vícios dos outros, mas não o fazem pelas mais diversas razões. Aponte no poema algumas delas.
- Nas últimas estrofes o eu lírico diz aceitar as críticas, porém, somente aquelas feitas por pessoas de boa índole, virtuosas. Aponte os versos em que isso fica claro.
Exercícios retirados dos links:
<http://exercicios.mundoeducacao.bol.uol.com.br/exercicios-literatura/exercicios-sobre-barroco-no-brasil.htm>
<http://maiseducativo.com.br/exercicios-sobre-barroco-questoes-com-gabarito/>

Alunos: Camila Menezes Maia
              Marcela dos Santos Almeida
              Rodrigo Borges Bento

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