sábado, 30 de maio de 2015

Análise da Conversação (Conteúdo 6)



 
      

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Análise da conversação. 5. ed. São Paulo: Ática, 2000.




Apresentação   

   A introdução do Livro de Marcuschi traz uma informação importante do autor, que é o fato de sabermos pouco sobre a língua portuguesa falada no Brasil; seu real funcionamento e menos ainda, como afirma o autor sobre os processos conversacionais. Ele diz oferecer então por meio desse livro alguns elementos e espera que sirva de incentivo aos leitores para futuras investigações. O autor coloca que há boas razões para o estudo da conversação por ser a prática social mais comum no dia-a-dia do ser humano e desenvolve o espaço privilegiado para a construção de identidades sociais no contexto real. 

   Marcuschi afirma que a conversação exige uma enorme coordenação de ações que exorbitam em muito a simples habilidade linguística dos falantes. Ele contextualiza o que é Análise da conversação que chama de AC. Mostra como se iniciou na década de 6 na linha da etnometodologia e da antropologia cognitiva e preocupou-se até meados dos anos 70 sobretudo com a descrição das estruturas da conversação e seus mecanismos organizadores. Hoje pontua o autor que outros aspectos envolvidos na atividade conversacional devem ser observados.

   A Análise da Conversação deve preocupar-se, sobretudo com a especificação dos conhecimentos linguísticos, para-linguísticos e socioculturais partilhados para que a interação seja bem sucedida. Segundo o autor o problema passa da organização para a interpretação. No livro o autor diz tentar explicar resultados dessas duas perspectivas. Por um lado oferece-se uma noção do tipo de atividade representada pela conversação e suas arquitetura geral, evidenciando que ela não é um fenômeno anárquico e aleatório, mas altamente organizado e por isso mesmo possível de ser estudado com rigor científico. Por outro mostra como essa organização também é reflexo de um processo subjacente, desenvolvido, percebido e utilizado pelos participantes da atividade comunicativa. As decisões interpretativas dos interlocutores  decorrem de informações contextuais e semânticas mutuamente construídas ou inferidas de pressupostos cognitivos, étnicos e culturais, entre outros. A Análise da Conversação tem vocação empirista e tenta responder questões como: Como é que as pessoas se entendem ao conversar? Como sabem que estão se entendendo? Como usam seus conhecimentos linguísticos e outros para criar condições adequadas à compreensão mútua? Esses aspectos são tratados no livro.

   Segunda parte do Livro intitulado: A transcrição de conversações

   Nessa parte o autor começa dizendo que já que a AC procede com base em um material empírico reproduzindo conversações reais e considera detalhes não apenas verbais, mas entonacionais, paralinguísticos e outros. O autor então diz que algumas informações adicionais, quando houver devem aparecer na transcrição, uma vez constatadas sua relevância. O autor pontua que se trata de uma questão complexa definir com clareza o que e quanto assinalar na superfície de uma conversação. Segundo ele não existe a melhor transcrição. Todas são mais ou menos boas. O essencial é que o analista saiba quais seus objetivos e não deixe de assinalar o que lhe convém. Marcuschi trabalha então com alguns exemplos de transcrição e explica problemas que podem ocorrer como: Falas simultâneas, sobreposição de vozes, sobreposições localizadas, pausas, dúvidas e suposições, truncamentos bruscos, ênfase ou acento forte, alongamento vocal, comentários do analista, silabação, sinais de entonação, pausa preenchida, hesitação ou sinais de atenção, indicação de transcrição parcial ou de eliminação.


 Terceira parte do livro: Características organizacionais da Conversação

  O autor nessa parte do livro propõe uma análise da organização elementar da conversação, onde coloca cinco características básicas constitutivas: interação entre pelo menos dois falantes, ocorrência de pelo menos uma troca de falantes, presença de uma sequência de ações coordenadas, execução numa identidade temporal, envolvimento numa “interação centrada”. Ele discute essas características e esclarece o leitor dessa organização elementar da conversação.



   Quarta parte do livro: Organização de turno a turno

   Marcuschi aponta que uma vez definida as características da conversação, pode-se partir para o sistema básico de sua operação e diz que um dado é certo: toda a conversação é sempre situada em alguma circunstância ou contexto em que os participantes estão engajados. O autor diz que a tomada de turno é uma operação básica da conversação, onde o turno passa a ser um dos componentes centrais do modelo. Com isso, o turno pode ser tido como aquilo que um falante faz ou diz enquanto tem a palavra, incluindo aí a possibilidade do silêncio. Difícil, contudo aponta o autor é definir com precisão quando se constitui ou não um turno.  Mais difícil segundo Marcuschi não é definir quando há uma mudança de turno e sim saber o que determina essa mudança e qual é o momento propício para ela ocorrer. Ele aponta então algumas questões para tentar explicar o assunto e as discute no livro, tais como: fala um por vez é a regra geral básica da conversação, quem tem a palavra e quando, falas simultâneas e sobreposições, pausas, silêncios e hesitações, reparações e correções. O autor explica cada um desses pontos importantes com exemplos e esclarece a organização de turnos de modo que o leitor possa compreender esse processo.



   Quinta parte do livro: Organização de sequências

   Marcuschi irá abordar a organização que exorbitam o âmbito do turno e se estendem ao nível da sequência. Há um foco nesse capítulo apenas nas sequências mínimas que se dão segundo o autor na extensão de dois ou três turnos e podem aparecer em qualquer lugar da conversação. Ele divide  capítulo em tópicos importantes como:

   Pares conversacionais: características e organização. O autor diz que a conversação consiste normalmente numa série de turnos alternados, que compõe seqüências em movimentos coordenados e cooperativos. Entre essas sequências existem algumas altamente padronizadas quanto a sua estruturação.

  Pergunta resposta: Uma das sequências conversacionais mais comuns é a representada pelo par pergunta-resposta. Ele exibe várias formas de realização e exemplifica.

 Pré-sequências: são unidades, cuja, motivação é estabelecer coesão discursiva ou preparar o terreno para outra sequência, ou unidades que contém uma asserção, como no caso de uma informação. O autor traz exemplos disso no livro e fala sobre outras formas de organização de seqüências.



  Sexta parte do livro: Organizadores globais: o caso da conversação telefônica

  Ao lado dos organizadores conversacionais que operam localmente como a tomada de turno, os pares adjacentes e outros, existem alguns recursos que organizam a conversação em termos globais, tais como as aberturas e os fechamentos. Segundo Marcuschi o mais normal numa conversação é que ela tenha pelo menos três seções distintas estruturalmente, ou seja, uma abertura, um desenvolvimento e um fechamento.o autor fala sobre as muitas maneiras de iniciar uma conversação dependendo da situação, das circunstâncias e dos meios utilizados. Na análise presente nessa sexta parte do livro o autor vai se ater apenas a caso dos telefonemas. Isso ele explica pelo fato de no telefonema  canal de contato ser puramente linguístico, e todos os problemas terem de ser resolvidos verbal e explicitamente, é uma das poucas conversações das quais se pode obter o início, o desenvolvimento e a conclusão integralmente. O autor então analisa uma conversa no telefone em todos esses aspectos citados.



  Sétima parte do livro: Marcadores conversacionais

 Pelos capítulos já vistos Marcuschi mostra que os marcadores do texto conversacional são específicos e com funções tanto conversacionais como sintáticos. Aponta classes de marcadores, tipos, funções e posições. O autor explica cada um desses pontos trazendo análises juntamente com exemplos e ao final do capítulo mostra que a abordagem não é completa e talvez sequer seja representativa. Serve de indicação para estudos futuros uma vez que os elementos são cruciais para se ter uma visão melhor do que é específico da fala e dão medida de naturalidade.



  Oitava parte do livro: Coerência conversacional e organização do tópico

  O autor abre essa parte do livro mostrando que uma conversação não é um enfileiramento aleatório e sucessivo de turnos. Ela é organizada por estratégias de formação e coordenação. O problema segundo o autor é a natureza do funcionamento desta coordenação, que se dá cooperativamente e não por decisão unilateral. Como a conversação se dá em turnos alternados e com vários falantes, é impossível fazer a coerência recair nas produções individuais. Assim a coerência conversacional ao é simplesmente uma relação simétrica entre turnos consecutivos. Na conversação, ao contrário do que se dá no texto escrito, a coerência é um processo que ocorre na orientação temporal em que reversibilidade não se verifica. Daí a dificuldade segundo o autor que um falante tem de assegurar o tópico, uma vez que não pode programar o seguimento completo. Marcuschi fala sobre a organização do tópico e diz que no geral as conversações iniciam-se com o tópico que motivou o encontro. Uma conversação fluente é aquela em que a passagem de um tópico a outro se dá com naturalidade, mas é muito comum que a passagem de um tópico a outro seja marcada. Os marcadores de introdução de tópico não funcionam apenas para indicar que se está passando para algo novo, mas que esta passagem tem alguma razão de ser e deve ser notada, contudo é comum ocorrerem mudanças de tópico sem nenhum aviso. Neste caso é provável que concorram marcadores de outra natureza. A partir de então o autor traz exemplos sobre essa discussão e os explica.



  Nona parte do livro: Observações finais

  O autor traz nessa parte o que pretendeu discutir no livro e pontua que em cada momento surgem contra-exemplos, e nem tudo é como a teoria gostaria que fosse. Mais do que tudo, o que se deve perceber segundo Marcuschi é que os sistemas organizacionais não foram propostos como normas para padrões de funcionamento e sim como procedimentos analíticos.



  Décima parte: Vocabulário Crítico.

  O autor traz os conceitos usados no livro e seus significados.



  Décima primeira parte: Bibliografia comentada. O autor traz autores utilizados no livro como referenciais teóricos e suas bibliografias de forma comentada e pesquisas que cada um realiza em sua área e pequenas sínteses dos trabalhos dos colegas.














 

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