Apresentação
A
introdução do Livro de Marcuschi traz uma informação importante do
autor, que é o fato de sabermos pouco sobre a língua portuguesa falada
no Brasil; seu real funcionamento e menos ainda, como afirma o autor
sobre os processos conversacionais. Ele diz oferecer então por meio
desse livro alguns elementos e espera que sirva de incentivo aos
leitores para futuras investigações. O autor coloca que há boas razões para o estudo da conversação
por ser a prática social mais comum no dia-a-dia do ser humano e
desenvolve o espaço privilegiado para a construção de identidades
sociais no contexto real.
Marcuschi
afirma que a conversação exige uma enorme coordenação de ações que
exorbitam em muito a simples habilidade linguística dos falantes. Ele
contextualiza o que é Análise da conversação que chama de AC. Mostra
como se iniciou na década de 6 na linha da etnometodologia e da
antropologia cognitiva e preocupou-se até meados dos anos 70 sobretudo
com a descrição das estruturas da conversação e
seus mecanismos organizadores. Hoje pontua o autor que outros aspectos
envolvidos na atividade conversacional devem ser observados.
A Análise
da Conversação deve preocupar-se, sobretudo com a especificação dos
conhecimentos linguísticos, para-linguísticos e socioculturais
partilhados para que a interação seja bem sucedida. Segundo o autor o
problema passa da organização para a interpretação. No livro o autor diz
tentar explicar resultados dessas duas perspectivas. Por um lado
oferece-se uma noção do tipo de atividade representada pela conversação e
suas arquitetura geral, evidenciando que ela não é um fenômeno
anárquico e aleatório, mas altamente organizado e por isso mesmo
possível de ser estudado com rigor científico. Por outro mostra como
essa organização também é reflexo de um processo subjacente,
desenvolvido, percebido e utilizado pelos participantes da atividade
comunicativa. As decisões interpretativas dos interlocutores decorrem
de informações contextuais e semânticas mutuamente construídas ou
inferidas de pressupostos cognitivos, étnicos e culturais, entre outros.
A Análise da Conversação tem vocação empirista e tenta responder
questões como: Como é que as pessoas se entendem ao conversar? Como
sabem que estão se entendendo? Como usam seus conhecimentos linguísticos
e outros para criar condições adequadas à compreensão mútua? Esses
aspectos são tratados no livro.
Segunda parte do Livro intitulado: A transcrição de conversações
Nessa
parte o autor começa dizendo que já que a AC procede com base em um
material empírico reproduzindo conversações reais e considera detalhes
não apenas verbais, mas entonacionais, paralinguísticos e outros. O
autor então diz que algumas informações adicionais, quando houver devem
aparecer na transcrição, uma vez constatadas sua relevância. O autor
pontua que se trata de uma questão complexa definir com clareza o que e
quanto assinalar na superfície de uma conversação. Segundo ele não
existe a melhor transcrição. Todas são mais ou menos boas. O essencial é
que o analista saiba quais seus objetivos e não deixe de assinalar o
que lhe convém. Marcuschi trabalha então com alguns exemplos de
transcrição e explica problemas que podem ocorrer como: Falas
simultâneas, sobreposição de vozes, sobreposições localizadas, pausas,
dúvidas e suposições, truncamentos bruscos, ênfase ou acento forte,
alongamento vocal, comentários do analista, silabação, sinais de
entonação, pausa preenchida, hesitação ou sinais de atenção, indicação
de transcrição parcial ou de eliminação.
Terceira parte do livro: Características organizacionais da Conversação
O autor
nessa parte do livro propõe uma análise da organização elementar da
conversação, onde coloca cinco características básicas constitutivas:
interação entre pelo menos dois falantes, ocorrência de pelo menos uma
troca de falantes, presença de uma sequência de ações coordenadas,
execução numa identidade temporal, envolvimento numa “interação
centrada”. Ele discute essas características e esclarece o leitor dessa
organização elementar da conversação.
Quarta parte do livro: Organização de turno a turno
Marcuschi
aponta que uma vez definida as características da conversação, pode-se
partir para o sistema básico de sua operação e diz que um dado é certo:
toda a conversação é sempre situada em alguma circunstância ou contexto
em que os participantes estão engajados. O autor diz que a tomada de
turno é uma operação básica da conversação, onde o turno passa a ser um
dos componentes centrais do modelo. Com isso, o turno pode ser tido como
aquilo que um falante faz ou diz enquanto tem a palavra, incluindo aí a
possibilidade do silêncio. Difícil, contudo aponta o autor é definir
com precisão quando se constitui ou não um turno. Mais difícil segundo
Marcuschi não é definir quando há uma mudança de turno e sim saber o que
determina essa mudança e qual é o momento propício para ela ocorrer.
Ele aponta então algumas questões para tentar explicar o assunto e as
discute no livro, tais como: fala um por vez é a regra geral básica da
conversação, quem tem a palavra e quando, falas simultâneas e
sobreposições, pausas, silêncios e hesitações, reparações e correções. O
autor explica cada um desses pontos importantes com exemplos e
esclarece a organização de turnos de modo que o leitor possa compreender
esse processo.
Quinta parte do livro: Organização de sequências
Marcuschi
irá abordar a organização que exorbitam o âmbito do turno e se estendem
ao nível da sequência. Há um foco nesse capítulo apenas nas sequências
mínimas que se dão segundo o autor na extensão de dois ou três turnos e
podem aparecer em qualquer lugar da conversação. Ele divide capítulo em
tópicos importantes como:
Pares
conversacionais: características e organização. O autor diz que a
conversação consiste normalmente numa série de turnos alternados, que
compõe seqüências em movimentos coordenados e cooperativos. Entre essas
sequências existem algumas altamente padronizadas quanto a sua
estruturação.
Pergunta
resposta: Uma das sequências conversacionais mais comuns é a
representada pelo par pergunta-resposta. Ele exibe várias formas de
realização e exemplifica.
Pré-sequências:
são unidades, cuja, motivação é estabelecer coesão discursiva ou
preparar o terreno para outra sequência, ou unidades que contém uma
asserção, como no caso de uma informação. O autor traz exemplos disso no
livro e fala sobre outras formas de organização de seqüências.
Sexta parte do livro: Organizadores globais: o caso da conversação telefônica
Ao lado
dos organizadores conversacionais que operam localmente como a tomada de
turno, os pares adjacentes e outros, existem alguns recursos que
organizam a conversação em termos globais, tais como as aberturas e os
fechamentos. Segundo Marcuschi o mais normal numa conversação é que ela
tenha pelo menos três seções distintas estruturalmente, ou seja, uma
abertura, um desenvolvimento e um fechamento.o autor fala sobre as
muitas maneiras de iniciar uma conversação dependendo da situação, das
circunstâncias e dos meios utilizados. Na análise presente nessa sexta
parte do livro o autor vai se ater apenas a caso dos telefonemas. Isso
ele explica pelo fato de no telefonema canal de contato ser puramente
linguístico, e todos os problemas terem de ser resolvidos verbal e
explicitamente, é uma das poucas conversações das quais se pode obter o
início, o desenvolvimento e a conclusão integralmente. O autor então
analisa uma conversa no telefone em todos esses aspectos citados.
Sétima parte do livro: Marcadores conversacionais
Pelos
capítulos já vistos Marcuschi mostra que os marcadores do texto
conversacional são específicos e com funções tanto conversacionais como
sintáticos. Aponta classes de marcadores, tipos, funções e posições. O
autor explica cada um desses pontos trazendo análises juntamente com
exemplos e ao final do capítulo mostra que a abordagem não é completa e
talvez sequer seja representativa. Serve de indicação para estudos
futuros uma vez que os elementos são cruciais para se ter uma visão
melhor do que é específico da fala e dão medida de naturalidade.
Oitava parte do livro: Coerência conversacional e organização do tópico
O autor
abre essa parte do livro mostrando que uma conversação não é um
enfileiramento aleatório e sucessivo de turnos. Ela é organizada por
estratégias de formação e coordenação. O problema segundo o autor é a
natureza do funcionamento desta coordenação, que se dá cooperativamente e
não por decisão unilateral. Como a conversação se dá em turnos
alternados e com vários falantes, é impossível fazer a coerência recair
nas produções individuais. Assim a coerência conversacional ao é
simplesmente uma relação simétrica entre turnos consecutivos. Na
conversação, ao contrário do que se dá no texto escrito, a coerência é
um processo que ocorre na orientação temporal em que reversibilidade não
se verifica. Daí a dificuldade segundo o autor que um falante tem de
assegurar o tópico, uma vez que não pode programar o seguimento
completo. Marcuschi fala sobre a organização do tópico e diz que no
geral as conversações iniciam-se com o tópico que motivou o encontro.
Uma conversação fluente é aquela em que a passagem de um tópico a outro
se dá com naturalidade, mas é muito comum que a passagem de um tópico a
outro seja marcada. Os marcadores de introdução de tópico não funcionam
apenas para indicar que se está passando para algo novo, mas que esta
passagem tem alguma razão de ser e deve ser notada, contudo é comum
ocorrerem mudanças de tópico sem nenhum aviso. Neste caso é provável que
concorram marcadores de outra natureza. A partir de então o autor traz
exemplos sobre essa discussão e os explica.
Nona parte do livro: Observações finais
O autor
traz nessa parte o que pretendeu discutir no livro e pontua que em cada
momento surgem contra-exemplos, e nem tudo é como a teoria gostaria que
fosse. Mais do que tudo, o que se deve perceber segundo Marcuschi é que
os sistemas organizacionais não foram propostos como normas para padrões
de funcionamento e sim como procedimentos analíticos.
Décima parte: Vocabulário Crítico.
O autor traz os conceitos usados no livro e seus significados.
Décima primeira parte: Bibliografia comentada.
O autor traz autores utilizados no livro como referenciais teóricos e
suas bibliografias de forma comentada e pesquisas que cada um realiza em
sua área e pequenas sínteses dos trabalhos dos colegas.
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