sábado, 30 de maio de 2015

Estratégias de leitura: cognitivas e metacognitivas (Conteúdo 8)



As Estratégias de Leitura são operações regulares para abordar o texto. Essas estratégias podem ser inferidas a partir da compreensão do texto, que por sua vez é inferido a partir do comportamento verbal e não verbal do leitor: tipo de respostas sobre o texto, os resumos que ele faz, suas paráfrases e a forma como ele manipula o objeto.


A compreensão de um texto, por ser um processo dinâmico de construção de sentidos, se dá a partir de uma postura reflexiva e deliberada do leitor, que precisa fazer uso de diferentes estratégias para entender as informações explícitas no texto e inferir outras, além de integrá-las num todo coerente. Este artigo discute as estratégias de natureza metacognitiva que o leitor pode acessar antes, durante e/ou após a leitura de um texto, ressaltando que diferentes textos podem demandar o uso de diferentes estratégias, sendo necessário que o leitor tome decisões acerca de quais as mais adequadas para o tipo e gênero textual em questão, além das suas próprias expectativas, contexto de leitura e necessidade emergente. A literatura da área aponta que estratégias de leitura, incluindo as de natureza metacognitiva, que levam o indivíduo a refletir sobre o seu próprio pensamento, são eficazes em ajudar o aluno a desenvolver sua compreensão e superar dificuldades. Sendo assim, podem e devem ser ensinadas, pois este ensino é essencial para a formação de leitores autônomos, capazes de compreender diversos tipos de texto. Existem diversas estratégias metacognitivas descritas na literatura, e o presente artigo enfoca particularmente as estratégias de monitoramento, autoexplicações e justificativas, ressaltando a importância de que os professores conheçam, fomentem o uso e auxiliem no domínio de estratégias metacognitivas na compreensão de textos.



O USO DE ESTRATÉGIAS METACOGNITIVAS COMO SUPORTE À COMPREENSÃO TEXTUAL 

Compreender textos é uma atividade de importância incontestável para um indivíduo, seja considerando sua vida escolar e acadêmica, ou mesmo o seu funcionamento social, de maneira mais ampla. Trata-se de uma habilidade complexa, que reúne diversos componentes e processos que influenciam o desempenho do leitor. A compreensão de textos é, segundo Solé (1998, 2003), um processo dinâmico de construção de significados. Desta forma, vai além da habilidade de decodificar e reconhecer palavras, pois para compreender são necessários não só a leitura eficiente, mas também a construção de sentidos (OAKHILL e CAIN, 2007; YUILL e OAKHILL, 1991). Para que a compreensão ocorra é necessário um leitor engajado e ativo, que através de ações como processamento, crítica, contraste e avaliação da informação trazida pelo texto, atribua significado ao que lê. Diante de um texto, o leitor competente faz uso de estratégias que o ajudam a focalizar, organizar, integrar e verificar a informação, levando-o ao processamento dos conhecimentos e à interpretação das frases (CARVALHO e JOLY, 2008). Entretanto, entender e interpretar um texto não garante a compreensão ampla do mesmo. A leitura no nível compreensivo é a que gera uma condição de reflexão e crítica sobre as informações fornecidas num texto (ORLANDI, 2001). Para isso, o leitor precisa interagir ativamente com o texto, de forma inferencial, a fim de levantar dados que não foram explicitamente mencionados. Isso ocorre porque mesmo nos textos mais simples não é possível explicitar todas as informações (YUILL e OAKHILL, 1991; OAKHILL; YUILL, 1996). Desta forma, autor e leitor dividem a responsabilidade pela compreensão: cabe ao autor o esforço de tornar o seu texto acessível ao público alvo, enquanto compete ao leitor atentar para os possíveis propósitos comunicativos do autor. Neste sentido, ressalta-se a importância de que o leitor monitore a sua compreensão e controle as ações cognitivas, por meio de estratégias que facilitem a compreensão de um determinado tipo de texto ou gênero textual (MARINI e JOLY, 2008). Estas atividades deliberadas de monitoramento, controle e avaliação de um texto são chamadas de “estratégias metacognitivas de leitura”. O objetivo deste artigo é discutir a relação entre compreensão de textos e metacognição, ressaltando a importância das estratégias metacognitivas para a compreensão de textos e trazendo reflexões sobre a possibilidade de desenvolvê-las e incorporá-las nas práticas educativas. Acredita-se que, conhecendo tais estratégias, seja possível intervir didaticamente para que o alunoleitor possa fazer uso das mesmas. Ressaltamos, entretanto, que a presente discussão não pretende esgotar todas as possibilidades no tocante as estratégias metacognitivas existentes, dada a amplitude e complexidade do tema.   

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