A ciência da linguagem (Linguística Estrutural) teve
início no final do século XIX, com base nas ideias de Ferdinand Saussire. A
partir da década de 60, surgem os novos campos teóricos da linguagem:
- A sociolinguística;
- A neurolinguística;
- A pragmática;
- A análise do discurso;
- A etnolinguística;
- A psicolinguística;
- A análise da conversação;
- A semântica;
- A gramática gerativo-transformacional;
- A Linguística textual, entre outros.
A Linguística Textual, da qual vamos tratar nessa
postagem, foi motivada a tentar resolver as lacunas deixadas pela Linguística
Estrutural, que acabou chamando a atenção de outros olhares teóricos também
relacionados à linguagem para além do formalismo estruturalista (história,
antropologia, sociologia, etnometodologia, psicologia etc) e cresceu ainda mais
a necessidade de ampliar seus domínios, bem como o interesse em sanar possíveis
lacunas e insuficiências dessa ciência piloto, afinal uma ciência nunca está
fechada, pronta e acabada!
Algumas dessas lacunas que foram deixadas e a LT
tentou solucionar foram:
- A dicotomia Língua x Fala (e desconsideração da Fala);
- A desconsideração dos aspectos Extralinguísticos;
- A autonomia do objeto de estudo (Língua);
- A desconsideração do Sujeito (desconsideração da Fala, portanto, do Falante);
- A unidade de análise centralizada na Frase;
- A separação do Enunciado de sua Enunciação;
- A desconsideração quanto ao estudo da significação e do sentido.
A LT empenhou-se, principalmente em:
- Ir além dos limites da frase;
- Reintegrar o sujeito e a situação sócio-comunicativa ao escopo de investigação teórica;
- Desenvolver e ampliar o estudo do texto em suas modalidades oral e escrita, a partir de sua organização estrutural, processamento cognitivo e funcionamento sócio-interacional.
A Linguística Textual passou por três fases:
1ª fase – Transfrástica
Nessa primeira fase, o texto é concebido como:
- Sequência pronominal ininterrupta – ênfase no fenômeno de correferenciação;
- Sequência coerente de enunciados – encadeamento lógico, através da conectividade;
- Forma de organização do material linguístico – sequenciamento lógico com início, meio e fim;
- Unidade linguística superior à frase – unidade de análise mais complexa e completa.
2ª fase – Gramáticas Textuais
Essa fase considera a separação entre Texto x Não-Texto,
onde o texto se encontra em oposição ao discurso e é influenciada pela
Gramática Gerativa Transformacional (por Chomsky), e segundo essa gramática,
todo falante tem três capacidades básicas com relação ao texto:
1ª formativa – compreender e produzir;
2ª transformativa – reformular, parafrasear e
resumir;
3ª qualificativa – reconhecer e tipificar: narração,
descrição, dissertação.
Para ser
considerado texto, precisa ser concebido como:
- Complexo de preposições sintático-semânticas – apresenta um conjunto de conteúdos que se organizam na superfície textual em função da coerência e da coesão;
- Estrutura pronta e acabada – equivalente a um modelo formal e ideal definido à priori;
- Produto de uma competência linguística idealizada do ponto de vista de um falante ideal e de um modelo de texto ideal – ênfase no aspecto formal do texto em sua extensão e seus constituintes;
- Maior unidade linguística com sequenciamento de signos linguísticos coeso (microestrutura), coerente (macroestrutura) e consistente.
3ª fase – Teoria do Texto
Já a última fase da Linguística Textual,
desconsidera a separação Texto x Não-Texto. O texto não pode ser entendido como
um produto, uma estrutura pronta e acabada e passa a ser concebido como:
- Uma atividade verbal, consciente e interacional entre falante/ouvinte – leitor/leitor;
- Conjunto de operações linguísticas e cognitivas reguladoras e controladoras da produção, construção, funcionamento e recepção, seja de natureza escrita ou oral;
- Um processo com atividades lobais de comunicação – planejamento, verbalização e construção. Sua organização envolve a coesão ao nível semântico e cognitivo e o sistema de pressuposições e implicações ao nível pragmático da produção, no plano das ações e intenções dos falantes;
- Enfim, um ato de comunicação unificado num complexo universo de ações humanas, preservando a organização reticulada ou tentacular, não linear (coerência-sentidos e intenções), no aspecto semântico e nas funções pragmáticas.
Assim, a Linguística Textual torna-se uma disciplina
de caráter interdisciplinar, relacionando seus interesses com os de outras
áreas.
Abaixo, segue um vídeo explicando um pouco mais a fundo, feito pelo professor Franklin Oliveira:
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