BIOGRAFIA
Carlos Drummond de Andrade,
nascido em Itabira, 1902, Minas Gerais. Formou-se em Farmácia, mas sem
interesse pela profissão, lecionou Geografia e Português, dedicando-se também
por jornalismo, durante muitos anos. Em 1928, ingressou no funcionalismo
público, tendo exercido entre outros cargos a chefia de gabinete do ministro da
Educação Gustavo Capanema.
OBRA
Carlos Drummond de Andrade está colocado entre os mais
importantes poetas brasileiros, graças à indiscutível qualidade de sua obra
poética, principalmente. Aliando essa
qualidade artística à capacidade de comunicação escrita, ele atingiu enorme aceitação popular não só junto ao
grande público, como também entre os
leitores iniciados na arte poética e, naturalmente, mais exigentes. Mais do que
isso, Drummond é unanimidade entre os críticos literários, sendo, hoje, o nome
de maior ressonância nacional na poesia.
Uma das características da poesia de Drummond, percebida por meio de uma leitura panorâmica de sua obra, é a ligação com seu próprio tempo. Talvez poucos poetas tenham conseguido manter tantas referências históricas como Drummond, sem fazer concessão, apesar da dificuldade de se conseguir e de se manter essa ligação.
Assim é que, em seus primeiros livros publicados ao longo da década de 1930, Drummond ainda traz a marca das influencias inevitáveis da primeira geração do Modernismo, principalmente o humor irônico e corrosivo de Oswald de Andrade, e o antilirismo de Manuel Bandeira. O entusiasmo estético domina essa fase de grandes invenções e ousadias – tudo era permitido, toda experiência era valida, tanto que o poema “No meio do caminho”, de Drummond, publicado na revista de Antropofagia de Oswald, marcou época pelas criticas positivas que mereceu e pelo apoio que teve pelos modernistas de São Paulo. Foi praticamente dai que eles tiveram sua atenção despertada para a obra daquele poeta mineiro.
Deste período, pode-se destacar o texto a seguir, retirado do primeiro livro publicado pelo escritor, Alguma Poesia, de 1930. Nele, percebe-se um dos elementos eu caracterizam a poesia de Drummond daquele momento: a colocação do próprio poeta no primeiro plano, a autocentralização.
Uma das características da poesia de Drummond, percebida por meio de uma leitura panorâmica de sua obra, é a ligação com seu próprio tempo. Talvez poucos poetas tenham conseguido manter tantas referências históricas como Drummond, sem fazer concessão, apesar da dificuldade de se conseguir e de se manter essa ligação.
Assim é que, em seus primeiros livros publicados ao longo da década de 1930, Drummond ainda traz a marca das influencias inevitáveis da primeira geração do Modernismo, principalmente o humor irônico e corrosivo de Oswald de Andrade, e o antilirismo de Manuel Bandeira. O entusiasmo estético domina essa fase de grandes invenções e ousadias – tudo era permitido, toda experiência era valida, tanto que o poema “No meio do caminho”, de Drummond, publicado na revista de Antropofagia de Oswald, marcou época pelas criticas positivas que mereceu e pelo apoio que teve pelos modernistas de São Paulo. Foi praticamente dai que eles tiveram sua atenção despertada para a obra daquele poeta mineiro.
Deste período, pode-se destacar o texto a seguir, retirado do primeiro livro publicado pelo escritor, Alguma Poesia, de 1930. Nele, percebe-se um dos elementos eu caracterizam a poesia de Drummond daquele momento: a colocação do próprio poeta no primeiro plano, a autocentralização.
POEMA DE SETE FACES
Quando nasci, um anjo torto
esses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos!, ser gauche na
vida
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tantas pernas, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.
O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é o meu coração.
Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.
ANÁLISE
Chama-se Poema de sete faces, por ser uma composição de sete estrofes e, em cada uma delas, o eu - lírico vai revelando seus sentimentos ou jeito de ser.
Na 1ª estrofe, o anjo torto que existe na vida dele pode simbolizar um mau conselheiro, que o encaminhou de forma errada proporcionando a ele uma existência infeliz. Este anjo o manipula a ponto de determinar-lhe o destino. Drummond se utiliza de um estrangeirismo francês a palavra "gauche", que corresponde a palavra “esquerdo” em português e nesse caso adquire o sentido de desajustado. O eu - lírico se via "torto", "canhestro", gauche diante de si e do mundo. Na 2ª estrofe, ele faz referência ao desejo sexual dos homens, questiona com isso o seu próprio eu. Se não tivesse essa busca sexual desenfreada, talvez não fosse tão só, talvez tivesse conhecido o amor. Na 3ª estrofe, o eu - lírico sente-se sozinho, apesar da multidão que o cerca, alheio, indiferente aos fatos e às pessoas que parecem incomodá-lo com tanta agitação, ele distancia-se da realidade. Na 4ª, ele é o homem que está atrás do bigode e dos óculos, por sua seriedade e isolamento, parece esconder-se atrás desses adereços para evitar a convivência com as outras pessoas, o que o assusta. Na 5ª, Deus é questionado pelo eu - lírico, o qual julga que o Todo- Poderoso o deixou em um caminho errante e que por isso ele é um fracassado, diante da vida. Já na 6ª estrofe, o coração dele é mais vasto que o mundo, tal qual é a grandeza de sua solidão. A tristeza dele parece não caber no mundo, ao qual não se adapta. Ele afirma que apesar de se chamar Raimundo que significa protetor, poderoso, sábio, é uma pessoa que tende a se isolar, pois é muito rigorosa consigo mesma e supervaloriza as virtudes dos outros. Mas, quando se conscientiza da sua própria importância, torna-se capaz de dar apoio e conselhos valiosos a todo o mundo, só serviria para rimar com o mundo, não para solucionar os seus problemas. E na última, o eu - lírico confessa que fez tais revelações sobre si mesmo devido ter-se embriagado. Isto teria o encorajado a confessar sua própria miséria, coisa que seria incapaz de fazer se estivesse em sã consciência, nem isso, Deus o esquecera dele e ele acabara comovido como o diabo, ou seja, acabara sem nenhuma dignidade.
Assim, neste poema, Drummond, de modo metafórico, transmite uma visão negativa do homem, uma visão desesperançada em relação à vida. O eu - lírico se vê injustiçado diante do mundo e do abandono de Deus. O seu referencial é o seu próprio eu insatisfeito, buscando, desejando, retraindo-se, bebendo. O destino é o fracasso, a concretização da previsão do anjo: “vai ser gauche na vida".
Chama-se Poema de sete faces, por ser uma composição de sete estrofes e, em cada uma delas, o eu - lírico vai revelando seus sentimentos ou jeito de ser.
Na 1ª estrofe, o anjo torto que existe na vida dele pode simbolizar um mau conselheiro, que o encaminhou de forma errada proporcionando a ele uma existência infeliz. Este anjo o manipula a ponto de determinar-lhe o destino. Drummond se utiliza de um estrangeirismo francês a palavra "gauche", que corresponde a palavra “esquerdo” em português e nesse caso adquire o sentido de desajustado. O eu - lírico se via "torto", "canhestro", gauche diante de si e do mundo. Na 2ª estrofe, ele faz referência ao desejo sexual dos homens, questiona com isso o seu próprio eu. Se não tivesse essa busca sexual desenfreada, talvez não fosse tão só, talvez tivesse conhecido o amor. Na 3ª estrofe, o eu - lírico sente-se sozinho, apesar da multidão que o cerca, alheio, indiferente aos fatos e às pessoas que parecem incomodá-lo com tanta agitação, ele distancia-se da realidade. Na 4ª, ele é o homem que está atrás do bigode e dos óculos, por sua seriedade e isolamento, parece esconder-se atrás desses adereços para evitar a convivência com as outras pessoas, o que o assusta. Na 5ª, Deus é questionado pelo eu - lírico, o qual julga que o Todo- Poderoso o deixou em um caminho errante e que por isso ele é um fracassado, diante da vida. Já na 6ª estrofe, o coração dele é mais vasto que o mundo, tal qual é a grandeza de sua solidão. A tristeza dele parece não caber no mundo, ao qual não se adapta. Ele afirma que apesar de se chamar Raimundo que significa protetor, poderoso, sábio, é uma pessoa que tende a se isolar, pois é muito rigorosa consigo mesma e supervaloriza as virtudes dos outros. Mas, quando se conscientiza da sua própria importância, torna-se capaz de dar apoio e conselhos valiosos a todo o mundo, só serviria para rimar com o mundo, não para solucionar os seus problemas. E na última, o eu - lírico confessa que fez tais revelações sobre si mesmo devido ter-se embriagado. Isto teria o encorajado a confessar sua própria miséria, coisa que seria incapaz de fazer se estivesse em sã consciência, nem isso, Deus o esquecera dele e ele acabara comovido como o diabo, ou seja, acabara sem nenhuma dignidade.
Assim, neste poema, Drummond, de modo metafórico, transmite uma visão negativa do homem, uma visão desesperançada em relação à vida. O eu - lírico se vê injustiçado diante do mundo e do abandono de Deus. O seu referencial é o seu próprio eu insatisfeito, buscando, desejando, retraindo-se, bebendo. O destino é o fracasso, a concretização da previsão do anjo: “vai ser gauche na vida".
EXERCÍCIOS
1- Sobre Carlos Drummond de Andrade, é correto afrimar:
a) Escritor cuja obra pertence à segunda geração modernista, quatro
fases podem ser identificadas em sua obra: fase gauche, fase social, a fase do
“não” e a fase da memória.
b) Sua obra está inserida na segunda geração modernista e sua principal
característica é a poesia surrealista inspirada no cristianismo e no
experimentalismo linguístico.
c) Sua poesia denuncia a condição de exploração e marginalização dos
negros em nosso país e também apresenta grande enfoque nos temas religiosos.
d) Um dos grandes nomes da poesia da segunda geração modernista, sua
obra é marcada pela preocupação religiosa e pela angústia existencial diante da
condição humana.
2- Após a leitura do texto Poema
de sete faces, analise que melhor contém uma explicação a cerca dele:
a) O texto
apresenta um eu-lírico que busca auto definir-se. Nele, vê-se um poeta que
busca um sentido para viver que vai muito além de ser poeta.
b) A
recorrência de elementos da tradição judaico-cristã assinala um eu-lírico
inquieto e perplexo diante da finitude poética.
c) A
primeira estrofe contém uma predição nefasta enunciada ao eu-lírico por um anjo
de menor prestígio na hierarquia seráfica. Ao “batizar” o sujeito poético com
seu próprio nome, realiza uma amálgama entre vida real e poesia, que será uma
constante em sua criação.
d) O poema se constrói com uma constante preocupação narcisista.
e) O poeta traz à tona fatos cotidianos da vida moderna com observações objetivas de quem se coloca distanciado deles.
REFERÊNCIAS
- http://exercicios.mundoeducacao.bol.uol.com.br/exercicios-literatura/exercicios-sobre-carlos-drummond-andrade.htm
- https://www.aprovaconcursos.com.br/questoes-de-concurso/questao/247344
Alunos: Ana Carolina Gomes Pereira
Douglas Pereira Martins
Leticia Lobo Baiardi