Hoje vamos falar sobre um movimento literário muito importante:
ROMANTISMO.
"NOSSA PERA AI, VAMOS FALAR SÓ SOBRE ROMANCE AGORA?"
Não não galera, vamos falar sobre um movimento literário que ocorreu em Portugal nos anos
1836
Então vamos lá:
Introdução do Romantismo em
Portugal
O advento do Romantismo em
Portugal, vem apenas confirmar a diluição do Arcadismo.
Portugal, é reflexo dos
dois acontecimentos que marcaram e mudaram a face da Europa na segunda metade
do século XVIII: a Revolução Francesa e a Revolução Industrial, responsáveis
pela abolição da monarquias aristocratas e pela introdução da burguesia que
então, dominara a vida política, econômica e social da época. A luta pelo trono
em Portugal, se dá com veemência, gerando conturbação e desordem interna na
nação.
Com isso, Almeida Garrett
acaba por exilar-se na Inglaterra, onde entra em contato com a Obra de Lord
Byron e Scott. Ao mesmo tempo, por estar presenciando o Romantismo inglês,
envolve-se com o teatro de William Shakespeare.
Em 1825, Garrett publica a
narrativa Camões, inspirando-se na epopéia Os Lusíadas. A narrativa deste
autor, é uma biografia sentimental de Luís de Camões.
Este poema é considerado
introdutor do Romantismo em Portugal, por apresentar características que viriam
se firmar no espírito romântico: versos decassílabos brancos, vocabulário,
subjetivismo, nostalgia, melancolia, e a grande combinação dos gêneros
literários.
O Fado – Pintura de José Malhoa, Artista do Romantismo em Portugal
Características
O Romantismo foi encarado
como uma nova maneira de se expressar, enfrentar os problemas da vida e do
pensamento.
Esta escola, repudiava os
clássicos, opondo-se às regras e modelos, procurando a total liberdade de
criação, além de defender a “impureza” dos gêneros literários. Com o domínio
burguês, ocorre a profissionalização do escritor, que recebe uma remuneração
para produzir a obra, enquanto o público paga para consumi-la.
O escritor romântico
projetava-se para dentro de si, tendo como fonte o eu-lírico, do qual fluía um
diverso conteúdo sentimentalista e, muitas vezes, melancólico da vida, do amor
e, às vezes, exageradamente, da própria morte. A introversão era característica
essencialmente romântica.
A natureza, assim como a
mulher são importantes pontos desse momento. O homem, idealizava a mulher como
uma deusa, coisa divina e, com isso, retornava ao passado, no trovadorismo,
onde as “madames” eram tão sonhadas e desejadas, mesmo que fossem inatingíveis.
Ao procurar a mulher de
seus sonhos e, então, frustrar-se por não encontrá-la ou, muitas vezes, por
encontrá-la e perdê-la, o romântico entrava em constante devaneio. Para
amenizar a situação, ao escrever despojava todos os seus anseios, procurando
fugir da realidade, usando do escapismo, onde, não raramente, tinha a natureza
como confidente. Outra forma de escapismo utilizada, era o escapismo pela
obscuridade, onde buscavam o bem-estar nos ambientes fúnebres e obscuros.
Essas frustrações tidas por
amores ou simples desilusões com a vida, provocaram muitos suicídios. Daí a
grande freqüência dos temas de morte nos poemas românticos, o que caracteriza o
mal-do-século.
O primeiro momento do
Romantismo
Como toda tendência nova, o
Romantismo não veio implantar-se totalmente nos primeiros momentos em Portugal.
Inicialmente, buscava-se gradativamente, apagar os modelos clássicos que ainda
permeavam o meio sócio-econômico. Os escritores dessa época, eram românticos em
espírito, ideal e ação política e literária, mas ainda clássicos em muitos
aspectos.
Almeida Garrett
Almeida Garrett, cultivou a
oratória parlamentar, o pensamento pedagógico e doutrinário, o jornalismo, a
poesia, a prosa de ficção e o teatro, o qual entrou em contato com o de
Shakespeare quando em exílio na Inglaterra. Teve uma vida sentimental bastante
atribulada em que se sobressai o seu romance adúltero com a
viscondessa da Luz, a qual inspirou seus melhores poemas.
Na poesia, assimilou os
moldes clássicos e morreu sem tornar-se romântico autêntico, pois carecia do
egocentrismo tão almejado pelos românticos, deixando sua fantasia no teatro e
na prosa de ficção. Escreveu Camões (1825), Dona Branca (1826), Folhas Caídas
(1853), Viagens na minha terra(1846), dentre outras.
Alexandre Herculano
Herculano, exilou-se na
Inglaterra e na França, criando polêmica com o clero, por participar da lutas
liberais. Junto com Garrett, foi um intelectual que atuou bastante nos
programas de reformas da vida portuguesa.
Na ficção de Alexandre
Herculano, prevalece o caráter histórico dos enredos, voltados para aIdade
Média, enfocando as origens de Portugal como nação. Além disso, ocorrem muitos
temas de caráter religioso. Quanto à sua obra não-ficcional, os críticos
consideram que renovou a historiografia, uma vez que se baseia não mais em
ações individuais, mas no conflito de classes sociais para explicar a dinâmica
da história.
Sua obras principais são: A
harpa do crente (1838), Eurico, o presbítero (1844), dentre outras.
Castilho
Castilho, tem como
principal papel traduzir poetas clássicos. Sua passagem pelo Romantismo é
discreta, mesmo que tenha sido o provocador da Questão Coimbrã.
A história de Castilho é a
dum grande mal-entendido: graças à cegueira, que lhe dava um falso brilho de
gênio à Milton, mais do que à sua poesia, alcançou injustamente ser venerado
como mestre pelos românticos menores. Não obstante válida historicamente, sua
poesia caiu em compreensível esquecimento.
O segundo momento do
Romantismo
Neste momento, desfazem-se
os enlaces arcádicos que ainda envolviam os escritores da época. Aqui, notamos
com plena facilidade o domínio da estética e da ideologia romântica. Os
escritores tomam atitudes extremas, transformando-se em românticos
descabelados, caindo fatalmente no exagero, tendenciando temas soturnos e fúnebres,
tudo expresso numa linguagem fácil e comunicativa.
Soares de Passos
Soares de Passos constitui
a encarnação perfeita do “mal-do-século”. Vivendo na própria carne os devaneios
de que se nutria a fértil imaginação de tuberculoso, sua vida e sua obra
espelham claramente o prazer romântico do escapismo das responsabilidades sociais
da época, acabando por cair em extremo pessimismo, um incrível desalento
derrotista
Obra: Poesias (1855)
Camilo Castelo Branco
Casou-se com uma jovem de
15 anos, a quem abandonou com uma filha; em seguida raptou outra moça, sua
prima, e com ela passou a viver. Acusado de bigamia, foi preso. Sua primeira
esposa morreu e, logo em seguida, a filha. Abandonou a prima e viveu amores
passageiros com outra jovem e com uma freira. Uma crise religiosa levou-o a
ingressar num seminário, do qual desistiu.
Conheceu Ana Plácido,
senhora casada que seria o grande amor de sua vida. Ocorre sua primeira
tentativa de suicidar-se, diante da impossibilidade de viver com ela. Mas,
finalmente passaram a viver juntos o que lhes custou um processo por adultério.
Ambos foram presos. Na prisão, Camilo escreveu Amor de Perdição. Absolvidos e
morto o marido de Ana, se casaram. Alguns anos depois da morte de Ana, Camilo,
vencido pela cegueira, acaba por suicidar-se.
Suas obras principais: Amor
de salvação (1864), A queda dum anjo (1866), dentre outras.
O terceiro Momento do
Romantismo
Acontece aqui, um tardio
florescimento literário que corresponde ao terceiro momento do Romantismo, em
fusão dos remanescentes do Ultra-Romantismo. Esse período é marcado pela
presença de poetas, como João de Deus, Tomás Ribeiro, Bulhão Pato, Xavier de
Novais, Pinheiro Chagas e Júlio Dinis, que purificam até o extremo as
características românticas.
Tomás Ribeiro mistura a
influência de Castilho e de Victor Hugo, o que explica o caráter entre
passadista e progressista da sua poesia.
Bulhão Pato começa
ultra-romântico e evolui, através duma sátira às vezes cortante, para atitudes
realistas e parnasianas.
Faustino Xavier de Novais
dirigiu uma folha literária. Satirizou o Ultra-Romantismo.
Manuel Pinheiro Chagas
cultivou a poesia de Castilho, que motivou a Questão Coimbrã; a historiografia
e a crítica literária.
João de Deus
João de Deus foi apenas
poesia. Lírico de incomum vibração interior, pôs-se à margem da falsa
notoriedade e dos ruídos da vida literária e manteve-se fiel até o fim a um
desígnio estético e humano que lhe transcendia a vontade e a vaidade.
Contemplativo por excelência, sua poesia é a dum “exilado” na terra a mirar
coisas vagas e por vezes a se deixar estimular concretamente.
Júlio Dinis
Os poemas de Júlio Dinis
armam-se sobre uma tese moral e teleológica, na medida em que pressupõem uma
melhoria, embora remota, para a espécie humana, frontalmente contrária à
desesperação e ao amoralismo cético dos ultra-românticos, numa linguagem
coerente, lírica e de imediata comunicabilidade. Conduz suas histórias, sempre
a um epílogo feliz, não considerando a heroína como “mulher demônio”, mas sim
como “mulher anjo”.
Sua principal obra: As
pupilas do senhor reitor
Conclusão
Compreendemos que o
Romantismo, não passou de uma forma de repudiar as regras que contornavam e
preenchiam o campo literário da época que, juntamente com a ideologia vigente,
traziam um enorme descontentamento. Este momento em que a literatura
presenciava, talvez fosse, o marco principal para a definitiva liberdade de
expressão do pensamento, que viria se firma, tardiamente com o Modernismo.
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