PLANO DE AULA
O plano de aula a seguir
refere-se a uma aula de Literatura de Língua Inglesa, onde será trabalhado o
tópico gramatical “conditionals” e a
apresentação do conto de Edgar Allan Poe, “O Gato Preto”.
Na dinâmica de uma atividade, o
professor propõe um exercício em que possam trabalhar o tema apresentado em
conjunto com o conto da Literatura Inglesa. Nesse exercício, os alunos terão
que reescrever o conto, modificando algumas partes utilizando as condições
apresentadas.
O plano foi elaborado para ser
aplicado em uma turma de Ensino Médio.
Apresentação:
Série a ser
aplicado: 3º Ano Ensino Médio
Duração: três
aulas de 50 minutos
Objetivos gerais: Desenvolver com os alunos do 3º ano do Ensino
Médio, a habilidade de interpretação crítica de um conto, fazer com que os
alunos desenvolvam a reescrita do texto, criando novas possibilidades para o
enredo.
Apresentar o tópico gramatical de
Língua Inglesa para que eles possam utilizar para o desenvolvimento do texto. O
texto será apresentado na língua materna dos alunos e os mesmos trabalharão o
desenvolvimento de vocabulários na língua inglesa.
Objetivos específicos:
- Apresentação do conto de
Literatura
- Desenvolvimento de análise
crítica
- Gramática da língua Inglesa
- Foco na habilidade escrita
- Criação de conteúdo
Conteúdo:
- Conto “O Gato Preto” de Edgar
Allan Poe
- Second conditional
- Vocabulário
- Exercises
Método/Estratégia: O conteúdo será apresentado utilizando o conto
traduzido para a Língua Portuguesa. Será apresentado o conteúdo por meio de
leitura coletiva, e após leitura e explicação do conteúdo, a apresentação da
nova gramática. Os alunos farão os exercícios sugeridos.
Recursos didáticos: Conto “O Gato Preto” de Edgar Allan Poe e
exercícios desenvolvidos previamente pelo professor.
Avaliação: Como modo de avaliação dos resultados obtidos com o
conteúdo apresentado, os alunos recriarão a história, colocando as alterações
feitas por eles, utilizando a gramática apresentada como base.
CONTEÚDOS APLICADOS
O Gato Preto – Edgar Allan Poe
Não espero nem solicito o crédito
do leitor para a tão extraordinária e no entanto tão familiar história que vou
contar. Louco seria esperá-lo, num caso cuja evidência até os meus próprios
sentidos se recusam a aceitar. No entanto não estou louco, e com toda a certeza
que não estou a sonhar. Mas porque posso morrer amanhã, quero aliviar hoje o
meu espírito. O meu fim imediato é mostrar ao mundo, simples, sucintamente e
sem comentários, uma série de meros acontecimentos domésticos. Nas suas
consequências, estes acontecimentos aterrorizaram-me, torturaram-me,
destruíram-me. No entanto, não procurarei esclarecê-los. O sentimento que em mim
despertaram foi quase exclusivamente o de terror; a muitos outros parecerão
menos terríveis do que extravagantes. Mais tarde, será possível que se encontre
uma inteligência qualquer que reduza a minha fantasia a uma banalidade.
Qualquer inteligência mais serena, mais lógica e muito menos excitável do que a
minha encontrará tão somente nas circunstâncias que relato com terror uma
sequência bastante normal de causas e efeitos. Já na minha infância era notado
pela docilidade e humanidade do meu carácter. Tão nobre era a ternura do meu
coração, que eu acabava por tornar-me num joguete dos meus companheiros. Tinha
uma especial afeição pelos animais e os meus pais permitiam-me possuir uma
grande variedade deles. Com eles passava a maior parte do meu tempo e nunca me
sentia tão feliz como quando lhes dava de comer e os acariciava. Esta faceta do
meu carácter acentuou-se com os anos, e, quando homem, aí achava uma das minhas
principais fontes de prazer. Quanto àqueles que já tiveram uma afeição por um
cão fiel e sagaz, escusado será preocupar-me com explicarlhes a natureza ou a
intensidade da compensação que daí se pode tirar. No amor desinteressado de um
animal, no sacrifício de si mesmo, alguma coisa há que vai direito ao coração
de quem tão frequentemente pôde comprovar a amizade mesquinha e a frágil
fidelidade do homem. Casei jovem e tive a felicidade de achar na minha mulher
uma disposição de espírito que não era contrária à minha. Vendo o meu gosto por
animais domésticos, nunca perdia a oportunidade de me proporcionar alguns
exemplares das espécies mais agradáveis. Tínhamos pássaros, peixes dourados, um
lindo cão, coelhos, um macaquinho, e um gato. Este último era um animal
notavelmente forte e belo, completamente preto e excepcionalmente esperto.
Quando falávamos da sua inteligência, a minha mulher, que não era de todo
impermeável à superstição, fazia frequentes alusões à crença popular que
considera todos os gatos pretos como feiticeiras disfarçadas. Não quero dizer
que falasse deste assunto sempre a sério, e se me refiro agora a isto não é por
qualquer motivo especial, mas apenas porque me veio à idéia. Plutão, assim se
chamava o gato, era o meu amigo predilecto e companheiro de brincadeiras. Só eu
lhe dava de comer e seguia-me por toda a parte, dentro de casa. Era até com
dificuldade que conseguia impedir que me seguisse na rua. A nossa amizade durou
assim vários anos, durante os quais o meu temperamento e o meu carácter
sofreram uma alteração radical envergonho-me de o confessar - para pior, devido
ao demónio da intemperança. De dia para dia me tornava mais taciturno, mais
irritável, mais indiferente aos sentimentos dos outros. Permitia-me usar de uma
linguagem brutal com minha mulher. Com o tempo, cheguei até a usar de
violência. Evidentemente que os meus pobres animaizinhos sentiram a
transformação do meu carácter. Não só os desprezava como os tratava mal. Por
Plutão, porém, ainda nutria uma certa consideração que me não deixava
maltratá-lo. Quanto aos outros, não tinha escrúpulos em maltratar os coelhos, o
macaco e até o cão, quando por acaso ou por afeição se atravessavam no meu
caminho. Mas a doença tomava conta de mim - pois que doença se assemelha à do
álcool? - e, por fim, até o próprio Plutão, que estava a ficar velho e, por
consequência, um tanto impertinente, até o próprio Plutão começou a sentir os
efeitos do meu carácter perverso. Certa noite, ao regressar a casa,
completamente embriagado, de volta de um dos tugúrios da cidade, pareceu-me que
o gato evitava a minha presença. Apanhei-o, e ele, horrorizado com a violência
do meu gesto, feriume ligeiramente na mão com os dentes. Uma fúria dos demónios
imediatamente se apossou de mim. Não me reconhecia. Dir-se-ia que a minha alma
original se evolara do meu corpo num instante e uma ruindade mais do que demoníaca,
saturada de genebra, fazia estremecer cada uma das fibras do meu corpo. Tirei
do bolso do colete um canivete, abri-o, agarrei o pobre animal pelo pescoço e,
deliberadamente, arranquei-lhe um olho da órbita! Queima-me a vergonha e todo
eu estremeço ao escrever esta abominável atrocidade. Quando, com a manhã, me
voltou a razão, quando se dissiparam os vapores da minha noite de estúrdia,
experimentei um sentimento misto de horror e de remorso pelo crime que tinha
cometido. Mas era um sentimento frágil e equívoco e o meu espírito continuava
insensível. Voltei a mergulhar nos excessos, e depressa afoguei no álcool toda
a recordação do acto. Entretanto, o gato curou-se lentamente. A órbita agora
vazia apresentava, na verdade, um aspecto horroroso, mas o animal não
aparentava qualquer sofrimento. Vagueava pela casa como de costume, mas, como
seria de esperar, fugia aterrorizado quando eu me aproximava. Porém, restava-me
ainda o suficiente do meu velho coração para me sentir agravado por esta
evidente antipatia da parte de um animal que outrora tanto gostara de mim. Em
breve este sentimento deu lugar à irritação. E para minha queda final e
irrevogável, o espírito da PERVERSIDADE fez de seguida a sua aparição. Deste
espírito não cura a filosofia. No entanto, não estou mais certo da existência
da minha alma do que do facto que a perversidade é um dos impulsos primitivos
do coração humano; uma dessas indivisas faculdades primárias, ou sentimentos,
que deu uma direcção ao carácter do homem. Quem se não surpreendeu já uma
centena de vezes cometendo uma acção néscia ou vil, pela única razão de saber
que a não devia cometer? Não temos nós uma inclinação perpétua, pese ao melhor
do nosso juízo, para violar aquilo que constitui a Lei, só porque sabemos que o
é? E digo que este espírito de perversidade surgiu para minha perda final. Foi
este anseio insondável da alma por se atormentar, por oferecer violência à sua
própria natureza, por fazer o mal só pelo mal, que me forçou a continuar e,
finalmente, a consumar a maldade que infligi ao inofensivo animal. Certa manhã,
a sangue-frio, passei-lhe um nó corredio ao pescoço e enforquei-o no ramo de
uma árvore; enforquei-o com as lágrimas a saltarem-me dos olhos e com o mais
amargo remorso no coração; enforquei-o porque sabia que me tinha tido afeição e
porque sabia que não me tinha dado razão para a torpeza; enforquei-o porque
sabia que ao fazê-lo estava cometendo um pecado, um pecado mortal que
comprometia a minha alma imortal a ponto de a colocar, se tal fosse possível,
mesmo para além do alcance da infinita misericórdia do Deus Mais Piedoso e Mais
Severo. Na noite do próprio dia em que este acto cruel foi perpetrado, fui
acordado do sono aos gritos de «Fogo!». As cortinas da minha cama estavam em
chamas; toda a casa era um braseiro. Foi com grande dificuldade que minha
mulher, uma criada e eu conseguimos escapar do incêndio. A destruição foi
completa. Todos os meus bens materiais foram destruídos, e daí em diante
mergulhei no desespero. Sou superior à fraqueza de procurar estabelecer uma
sequência de causa a efeito entre a atrocidade e o desastre. Limito-me, porém,
a narrar uma cadeia de acontecimentos e não quero deixar nem um elo sequer
incompleto. Nos dias que se sucederam ao incêndio, visitei as ruínas. As
paredes, à excepção de uma, tinham abatido por completo. Esta excepção era
constituída por um tabique interior, não muito espesso, que estava
sensivelmente a meio da casa, e de encontro ao qual antes ficava a cabeceira da
minha cama. O reboco resistira em grande parte à acção do fogo, facto que
atribuo a ter sido pouco antes restaurado. Próximo desta parede juntara-se uma
densa multidão e muitas pessoas pareciam estar a examinar certa zona em
particular, com minúcia e grande atenção. A minha curiosidade foi despertada
pelas palavras «estranho», «singular» e outras expressões semelhantes.
Aproximei-me e vi, como se fora gravado em baixo revelo, sobre a superfície
branca, a figura de um gato gigantesco. A imagem estava desenhada com uma
precisão realmente espantosa. Em volta do pescoço do animal estava uma corda.
Mal vi a aparição, pois nem podia pensar que doutra coisa se tratasse, o meu
assombro e o meu terror foram imensos. Por fim, a reflexão veio em meu auxílio.
Lembrei-me que o gato fora enforcado num jardim junto à casa. Após o alarme de
incêndio, O dito jardim fora imediatamente invadido pela multidão e por alguém
que deve ter cortado a corda do gato e o deve ter lançado para dentro do meu
quarto, por uma janela aberta. Isto deve ter sido feito, provavelmente, com a
intenção de me acordar. A queda das outras paredes tinha comprimido a vítima da
minha crueldade na substância do reboco recentemente aplicado e cuja cal,
combinada com as chamas e o amoníaco do cadáver, tinha produzido a imagem tal
como eu a via. Tendo assim satisfeito prontamente a minha razão - que não
totalmente a minha consciência - sobre o facto extraordinário atrás descrito,
não deixou este, no entanto, de causar profunda impressão na minha imaginação.
Durante meses não consegui libertar-me do fantasma do gato, e, durante este
período, voltou-me ao espírito uma espécie de sentimento que parecia remorso,
mas que o não era. Cheguei ao ponto de lamentar a perda do animal e a procurar
à minha volta, nos sórdidos tugúrios que agora frequentava com assiduidade, um outro
animal da mesma espécie e bastante parecido que preenchesse o seu lugar. Uma
noite, estava eu sentado meio aturdido num antro mais do que infamante, a minha
atenção foi despertada por um objecto preto que repousava no topo de um dos
enormes toneis de gin ou de rum que constituíam o principal mobiliário do
compartimento. Havia minutos que olhava para a parte superior do tonel, e o que
agora me causava surpresa era o facto de não me ter apercebido mais cedo do
objecto que estava em cima. Aproximei-me e toquei-lhe com a mão. Era um gato
preto, um gato enorme, tão grande como Plutão e semelhante a ele em todos os
aspectos menos num. Plutão não tinha sequer um único pêlo branco no corpo,
enquanto este gato tinha uma mancha branca, grande mas indefinida, que lhe
cobria toda a região do peito. Quando lhe toquei, imediatamente se levantou e
ronronou com força, roçouse pela minha mão, e parecia contente por o ter
notado. Era este, pois, o animal que eu procurava. Imediatamente propus a
compra ao dono, mas este nada tinha a reclamar pelo animal, nada sabia a seu
respeito, nunca o tinha visto até então. Continuei a acariciá-lo, e quando me
preparava para ir para casa, o animal mostrou-se disposto a acompanhar-me.
Permiti que o fizesse, inclinando-me de vez em quando para o acariciar enquanto
caminhava. Quando chegou a casa, adaptou-se logo e logo se tornou muito amigo
da minha mulher Pela minha parte, não tardou em surgir em mim uma antipatia por
ele. Era exactamente o reverso do que eu esperava, mas, não sei como nem
porquê, a sua evidente ternura por mim desgostava-me e aborrecia-me.
Lentamente, a pouco e pouco, esses sentimentos de desgosto e de aborrecimento
transformaram-se na amargura do ódio. Evitava o animal; um certo sentimento de
vergonha e a lembrança do meu anterior acto de crueldade impediram-me de o
maltratar fisicamente. Abstive-me, durante semanas, de o maltratar ou exercer
sobre ele qualquer violência, mas, gradualmente, muito gradualmente, cheguei a
nutrir por ele um horror indizível e a fugir silenciosamente da sua odiosa
presença como do bafo da peste. O que aumentou, sem dúvida, o meu ódio pelo
animal foi descobrir, na manhã do dia seguinte a tê-lo trazido para casa, que,
tal como Plutão, tinha também sido privado de um dos seus olhos. Esta circunstância,
contudo, mais afeição despertou na minha mulher, que, como já disse, possuía em
alto grau aquele sentimento de humanidade que fora em tempos característica
minha e a fonte de muitos dos meus prazeres mais simples e mais puros. Com a
minha aversão pelo gato parecia crescer nele a sua preferência por mim. Seguia
os meus passos com uma pertinácia que seria difícil fazer compreender ao
leitor. Sempre que me sentava, enroscava-se debaixo da minha cadeira ou
saltava-me para os joelhos, cobrindo-me com as suas repugnantes carícias. Se me
levantava para caminhar, metia-se-me entre os pés e quase me fazia cair ou,
fincando as suas garras compridas e aguçadas no meu roupão, trepava-me até ao
peito. Em tais momentos, embora a minha vontade fosse matá-lo com uma pancada,
era impedido de o fazer, em parte pela lembrança do meu crime anterior mas,
principalmente, devo desde já confessá-lo, por um verdadeiro medo do animal.
Este medo não era exactamente o receio de um mal físico; no entanto, é me
difícil defini-lo de outro modo. Quase me envergonhava admitir - sim, mesmo
aqui, nesta cela de malfeitor, eu me envergonho de admitir - que o terror e o
horror que o animal me infundia se viam acrescidos de uma das fantasias mais
perfeitas que é possível conceber. Minha mulher tinha-me chamado várias vezes a
atenção para o aspecto da mancha de pêlo branco de que já falei, e que era a
única diferença aparente entre o estranho animal e aquele que eu tinha
eliminado. O leitor lembrar-se-á que esta marca, embora grande, era, originariamente,
bastante indefinida, mas, gradualmente, por fases quase imperceptíveis e que
durante muito tempo a minha razão lutou por rejeitar como fantasiosas,
assumira, finalmente, uma rigorosa nitidez de contornos. Era agora a imagem de
um objecto que me repugna mencionar, e por isso eu o odiava e temia acima de
tudo, e ter-meia visto livre do monstro se o ousasse. Era agora a imagem de uma
coisa abominável e sinistra: a imagem da forca!, oh!, lúgubre e terrível
máquina de horror e de crime, de agonia e de morte. Por essa altura, eu era, na
verdade, um miserável maior do que toda a miséria humana. E um bruto animal
cujo semelhante eu destruíra com desprezo, um bruto animal a comandar-me, a
mim, um homem, feito à imagem do Altíssimo - oh!, desventura insuportável. Ah,
nem de dia nem de noite, nunca, oh!, nunca mais, conheci a bênção do repouso!
Durante o dia o animal não me deixava um só momento. De noite, a cada hora,
quando despertava dos meus sonhos cheios de indefinível angústia, era para
sentir o bafo quente daquela coisa sobre o meu rosto e o seu peso enorme,
incarnação de um pesadelo que eu não tinha forças para afastar, pesandome
eternamente sobre o coração. Sob a pressão de tormentos como estes, os fracos
resquícios do bem que havia em mim desapareceram. Só os pensamentos pecaminosos
me eram familiares - os mais sombrios e os mais infames dos pensamentos. A
tristeza do meu temperamento aumentou até se tornar em ódio a tudo e à
humanidade inteira. Entretanto, a minha dedicada mulher era a vítima mais usual
e paciente das súbitas, frequentes e incontroláveis explosões de fúria a que
então me abandonava cegamente. Um dia acompanhou-me, por qualquer afazer
doméstico, à cave do velho edifício onde a nossa pobreza nos forçava a habitar.
O gato seguiu-me nas escadas íngremes e quase me derrubou, o que me exasperou
até à loucura. Apoderei-me de um machado, e desvanecendo-se na minha fúria o
receio infantil que até então tinha detido a minha mão, desferi um golpe sobre
o animal, que seria fatal se o tivesse atingido como eu queria. Mas o golpe foi
sustido diabólicamente pela mão da minha mulher. Enraivecido pela sua
intromissão, libertei o braço da sua mão e enterrei-lhe o machado no crânio.
Caiu morta, ali mesmo, sem um queixume. Consumado este horrível crime, entreguei-me
de seguida, com toda a determinação, à tarefa de esconder o corpo. Sabia que
não o podia retirar de casa, quer de dia quer de noite, sem correr o risco de
ser visto pelos vizinhos. Muitos projectos se atropelaram no meu cérebro. Em
dado momento, cheguei a pensar em cortar o corpo em pequenos pedaços e
destruí-los um a um pelo fogo. Noutro, decidi abrir uma cova no chão da cave.
Depois pensei deitá-lo ao poço do jardim, ou metê-lo numa caixa como qualquer
vulgar mercadoria e arranjar um carregador para o tirar de casa. Por fim,
detive-me sobre o que considerei a melhor solução de todas.
Decidi emparedá-lo na cave como,
segundo as narrativas, faziam os monges da Idade Média às suas vítimas. A cave
parecia convir perfeitamente aos meus intentos. As paredes não tinham sido
feitas com os acabamentos do costume e, recentemente, tinham sido todas
rebocadas com uma argamassa grossa que a humidade ambiente não deixara
endurecer. Além do mais, numa das paredes havia uma saliência causada por uma
chaminé falsa ou por uma lareira que tinha sido entaipada para se assemelhar ao
resto da cave. Não duvidei que me seria fácil retirar os tijolos neste ponto,
meter lá dentro o cadáver e tornar a pôr a taipa como antes, de modo que
ninguém pudesse lobrigar qualquer sinal suspeito. Não me enganei nos meus
cálculos. Com o auxílio de um pé-de-cabra retirei facilmente os tijolos, e
depois de colocar cuidadosamente o corpo de encontro à parede interior,
mantive-o naquela posição ao mesmo tempo que, com um certo trabalho, devolvia a
toda a estrutura o seu aspecto primitivo. Usando de toda a precaução, procurei
argamassa, areia e fibras com que preparei um reboco que se não distinguia do
antigo e, com o maior cuidado, cobri os tijolos. Quando terminei, vi com
satisfação que tudo estava certo. A parede não denunciava o menor sinal de ter
sido mexida. Com o maior escrúpulo, apanhei do chão os resíduos. Olhei em
volta, triunfante, e disse para comigo: «Aqui, pelo menos, não foi infrutífero
o meu trabalho.» A seguir procurei o animal que tinha sido a causa de tanta
desgraça, pois que, finalmente, tinha resolvido matá-lo. Se o tivesse
encontrado naquele momento, era fatal o seu destino. Mas parecia que o astuto
animal se alarmara com a violência da minha cólera anterior e evitou
aparecer-me na frente, dado o meu estado de espírito. É impossível descrever ou
imaginar a intensa e aprazível sensação de alívio que a ausência do detestável
animal me trouxe. Não me apareceu durante toda a noite, e deste modo, pelo
menos por uma noite, desde que o trouxera para casa, dormi bem e
tranquilamente; sim, dormi, mesmo com o crime a pesar-me na consciência.
Passaram-se o segundo e terceiro dias e o meu verdugo não aparecia. Mais uma
vez respirei como um homem livre. O monstro, aterrorizado, tinha abandonado a
casa para sempre! Nunca mais voltaria a vê-lo! Suprema felicidade a minha! A
culpa da acção tenebrosa inquietava-me pouco. Fizeram-se alguns interrogatórios
que colheram respostas satisfatórias. Fez-se inclusivamente uma busca, mas,
naturalmente, nada se descobriu. Dava como certa a minha felicidade futura. No
quarto dia após o crime, surgiu inesperadamente em minha casa um grupo de
agentes da Polícia que procederam a uma rigorosa busca. Eu, porém, confiado na
impenetrabilidade do esconderijo, não sentia qualquer embaraço. Os agentes
quiseram que os acompanhasse na sua busca. Não deixaram o mínimo escaninho por
investigar. Por fim, pela
terceira ou quarta
vez, desceram à cave. Nem um
músculo me tremeu. O meu coração batia calmamente como o coração de quem vive
na inocência. Percorri a cave de ponta a ponta. De braços cruzados no peito, andava
descontraído de um lado para o outro. Os agentes estavam completamente
satisfeitos e prontos para partir. O júbilo do meu coração era demasiado
intenso para que o pudesse suster. Ansiava por dizer pelo menos uma palavra à
guisa de triunfo e para tornar duplamente evidente a sua convicção da minha
inocência. - Senhores - disse por fim, quando iam a subir os degraus. - Estou
satisfeito por ter dissipado as vossas suspeitas. Desejo muita saúde para
todos, e um pouco mais de cortesia. A propósito, esta casa está muito bem
construída (e no meu furioso desejo de dizer qualquer coisa com à-vontade, mal
sabia o que estava a dizer). Direi, até, que é uma casa excelentemente
construída. Estas paredes... vão-se já embora, meus senhores?... Estas paredes
estão solidamente ligadas. - E neste momento, por uma frenética fanfarronice,
bati com força, com uma bengala que tinha na mão, na parede atrás da qual se
encontrava o cadáver da minha querida esposa. Ah!, que Deus me livre das garras
do arquidemónio! Mal tinha o eco das minhas pancadas mergulhado no silêncio,
quando uma voz lhes respondeu de dentro do túmulo: um gemido, a princípio
abafado e entrecortado como o choro de urna criança, que depois se transformou
num prolongado grito sonoro e contínuo, extremamente anormal e inumano. Um
bramido, um uivo, misto de horror e de triunfo, tal como só do inferno poderia
vir, provindo das gargantas conjuntas dos condenados na sua agonia e dos
demónios no gozo da condenação. Seria insensato falar dos meus pensamentos.
Senti-me desfalecer e encostei-me à parede da frente. Tolhidos pelo terror e
pela surpresa, os agentes que subiam a escada detiveram-se por instantes. Logo
a seguir, doze braços vigorosos atacavam a parede. Esta caiu de um só golpe. O
cadáver, já bastante decomposto e coberto de pastas de sangue, apareceu erecto
frente aos circunstantes. Sobre a cabeça, com as vermelhas fauces dilatadas e o
olho solitário chispando, estava o odioso gato cuja astúcia me compelira ao
crime e cuja voz delatora me entregava ao carrasco. Eu tinha emparedado o
monstro no túmulo!
Análise do conto
Os contos de
Edgar Allan Poe são ricamente caracterizados com suspenses e superstições e “O
Gato Preto” não foge disso. Conto esse que evidência uma narrativa fantástica,
na qual o narrador, descreve a si mesmo, na infância, como uma pessoa “doce e
humana” e alguém com grandes afeições carinhosas para com os animais, tendo
vários de sua criação. Quando mais velho, casou-se com uma mulher que tinha o
mesmo afeito que ele por seus animais. Tiveram de todos os tipos, mas o gato
preto, chamado “Plutão” é o único a ganhar uma grande descrição dentro desse
conto. Sua mulher referenciava sempre a cultura popular que julga que todo gato
preto é apenas uma feiticeira disfarçada.
Conforme os anos foram passando, o
narrador conta que acabara se transformando em um ser amargurado, dependente do
álcool, e assim mudando seu caráter e índole. Tanto sua mulher, quanto os
animais sentiram tal diferença. Plutão havia sido o único personagem nessa
trama no qual este homem continuou sendo a mesma pessoa, dando carinhos e
cuidados ao seu animal da mesma maneira que sempre havia dado. Contudo, tal
feito não durou muito tempo, pois começou a criar um sentimento de aversão ao
animal. O que o levou cometer um ato de violência contra seu gato, o ferindo e
removendo seu olho e o enforcando até o fim.
Acordou no
meio da noite com gritos: “Fogo!”, diz que foi com grande dificuldade que ele,
sua mulher e criada conseguiram se salvar. Entretanto, toda sua casa havia sido
destruída, com exceção de uma parede na qual se vê uma mancha que recorda a
figura do gato preto com a corda no pescoço.
Passado
algum tempo, o homem encontra outro gato preto, caolho e exatamente igual ao
seu gato “Plutão”, a única diferença é uma mancha branca em seu peito.
Encantado com o gato, o faz carinho e assim o felino o segue até sua casa,
adaptando-se logo em seu novo lar.
Seu
sentimento pelo gato havia se transformado novamente, e junto com o sentimento
que também sentia por sua mulher, o narrador agora sente ódio e numa tentativa
de matar o gato, acaba mantando sua mulher que havia tentado proteger o felino.
O gato foge e o homem sente um sentimento de alivio. Logo depois, esconde o
corpo entre duas paredes.
O fim do
enredo e descrito com os agentes policias procurando pistas sobre o paradeiro
de sua mulher em sua casa, revistando por fim a adega, lugar esse onde
escondera o corpo. Não encontraram nada, mas numa tentativa de provar sua
inocência, o narrador começa a falar em como as paredes de sua casa foram bem
feitas, e para provar, bateu na parede com sua bengala. Então começaram a ouvir
gritos e gemidos. Foi apenas o que precisou para revelar seu crime. O corpo
apareceu na frente de todos. Logo que se viu o corpo em decomposição, em cima
encontrara também o gato preto que havia fugido.
O conto é
inteiro narrado em primeira pessoa, o que nos traz a impressão de ser um relato
e não uma histórica fictícia. Edgar Allan Poe transmite esse sentimento em sua
escrita, mexendo com a sensibilidade do leitor ao ler sua obra, fazendo com que
o mesmo sinta uma vontade enorme de ver o narrador pagando por seus crimes.
Repleto de
simbolismos, dá-se a entender que o gato foi uma figura associada ao ocultismo,
já que em grandes partes da história existem misteriosos acontecimentos que não
vemos explicação. O nome dado ao felino também é de se mostrar uma abordagem
mais sombria, já que “Plutão” é o nome dado a Hades, deus do submundo, na
mitologia romana.
O
narrador-personagem define toda sua vida como uma mudança de personalidade,
causada ela por seu vício no álcool. Allan Poe analisa a natureza humana desde
pequenas mudanças no seu jeito de ser, até a mudança emocional e psicológica. O
espirito do narrador havia se tornado algoz, e mesmo acreditando ir para o
inferno, o narrador não demonstra desejo de mudar.
A relação
criada entre animal de estimação e dono nesse conto é surpreende, o
zoomorfíssimo criado em cima do homem mostra uma relação diferente estre os
dois seres, o narrador é levado por seus instintos, enquanto o gato, e criado
em cima do antropomorfismo, fazendo com que o felino procure justiça pelas
atrocidades cometida pelo homem.
No decorrer
da trama, é provável o leitor sentir certo desconforto, já que é uma obra
repleta de violência, porém, uma leitura indispensável para quem deseja
descobrir mais sobre a alma do ser humano em seu momento de culpa. Vemos que
Edgar Allan Poe fez esse conto como uma forma de confissão, para que assim o
narrador-personagem não se sinta tão culpado, tentando transferir a culpa de
seus crimes para seu animal de estimação.
TÓPICO GRAMATICAL
Second Conditional
É usada para expressar ações ou situações improváveis,
hipotéticas ou imaginárias no presente ou no futuro.
ESTRUTURA VERBAL DA SECOND CONDITIONAL:
if+ simple past +
would, could, might, should + infinitivo (sem to)
·
If
I won the lottery, I would buy a farm.
(Se eu ganhasse na loteria, eu
compraria uma fazenda.)
·
I'd
go to the beach with you if I didn't have to study.
(Eu iria para praia com você se
não tivesse que estudar.)
·
If
I had a dictionary, I would look these words up.
(Se eu tivesse um dicionário,
procuraria estas palavras.)
·
If
Maria spoke English better, she could be a bilingual secretary.
(Se Maria falasse melhor Inglês,
ela poderia ser uma secretária bilíngue.)
·
What
would you do if you lost your job?
(O que você faria se perdesse seu
emprego?)
·
If
I had a driver's license, I could go by car.
(Se eu tivesse carteira de
motorista, eu poderia ir de carro.)
·
If
they studied during their vacation, they might pass the examination.
(Se eles estudassem durante as
férias, eles poderiam passar na prova.)
OBSERVAÇÕES:
- Nas orações condicionais, o verbo to be no passado tem a
forma were para todas as pessoas. Convém salienter, entretanto, que, na
linguagem mais informal, was é aceito em vez de were na 1ª e 3ª pessoas:
·
If
he weren't so arrogant, I'd forgive him. (Se ele não fosse tão
arrogante, eu o perdoaria.)
·
If
she were angry, she would refuse to speak to you. (Se ela estivesse brava,
ela se recusaria a falar com você.)
·
If
I were you, I would accept their offer. (Se eu fosse você, aceitaria a
oferta deles.)
·
If
my nose were a little shorter, I'd be quite pretty. (Se meu nariz fosse
um pouco menor, até que eu seria bonita.)
- Após I e we, should pode ser usado com o mesmo significado
de would. (Would é mais comum no inglês moderno; é raro o uso de should no
inglês americano.):
·
If
I knew her name, I should tell you. (Se eu soubesse o nome dela, eu
diria a você.)
·
If
I married you, we should both be unhappy. (Se eu casasse com você, nós
dois seríamos infelizes.)
EXERCÍCIOS
Now
let's think about this story in another way.
·
What
could happen if the storyteller just went to do a treatment about his problem?
·
If
his cat was white, those weird events would`ve happened?
·
He
could make his life history totally different, having a happy life with his
wife and animals, could this have happened if he just kept being the same
person that he was when he was young?
·
If
his wife didn`t try to save the cat, would he kill her in another moment?
All
these questions, make us thinking more clearly, putting all the facts to
another perspective. That`s why the “Conditionals” are important to our
critical interpretation.
Agora,
a história deve ser recriada com base nas perguntas feitas, faça parágrafos
contando a história modificada, tendo assim, um novo final.